O que é a Ceia do Senhor?

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O que é a Ceia do Senhor?




Observação: O presente texto foi desenvolvido para ser um mini-curso intensivo para candidatos ao batismo em minha denominação, por isso possui um formato diferenciado dos demais textos do blog.

    A segunda ordenança simbólica que Cristo deixou a sua igreja é a Santa Ceia, que costuma ser considerada pelos crentes como um momento muito solene na vida da igreja. Sua ordenação é encontrada em três evangelhos: Mateus 26.26-29; Marcos 14.22-25 e Lucas 22.19-20. Contudo, a referência mais utilizada para o momento da celebração é o trecho que Paulo escreve em 1 Coríntios 11.23-36. Trata-se de um momento de autoexame e manifestação de gratidão à obra de Cristo. Sobre a emoção em participar da ceia do Senhor, R.C Sproul testemunha: “Quanto mais velho fico, e quanto mais progrido na fé, mais importante esta ordenança se torna para mim. Se há algum lugar em que experimento a comunhão doce de minha alma com Cristo, este lugar é a mesa do Senhor. Sob um aspecto, a experiência da ceia do Senhor vem se tornando uma fonte de embaraço para mim. Frequentemente sou obrigado a cobrir meus olhos com as mãos enquanto comungo, a fim de esconder as lágrimas que não consigo conter. De fato, a doçura de tal comunhão às vezes ultrapassa meus limites, à medida que a exuberância da presença de Cristo inunda a minha alma”.

    Mas, o que é a Ceia? É um rito instituído pelo próprio Cristo para celebração da sua morte! Pode parecer estranho a quem não conhece a Palavra de Deus a ideia de celebrar a morte de alguém. Contudo, o sacrifício de Cristo deve ser entendido pelo crente como um momento de alegria e libertação.

ASPECTOS DA CEIA

DEVE SER CELEBRADA CONTINUAMENTE (1 Co 11.24,25): diferentemente do Batismo, a Ceia é uma ordenança a ser repetida sempre. As expressões “fazei isso em memória de mim” ou “todas as vezes que beberdes” dão a ideia de que o rito deve ser praticado continuamente pela igreja. Com que frequência? A Bíblia não menciona a frequência da realização e existem, inclusive, igrejas que a realizam todo domingo, mas quase todas as denominações fazem mensalmente. Cabe ao bom senso. Nesse sentido, vale a observação de Millard Erickson: “A frequência não pode ser muito demorada, para que não haja um lapso entre um período e outro e tão curta que se torne trivial”.

É UMA FORMA DE PROCLAMAÇÃO (1 Co 11.26): a Ceia é uma dramatização do evangelho, ou seja, uma exibição vivida do que a morte de Cristo realizou: “anunciais a morte do Senhor”.

A PARTICIPAÇÃO INDIGNA (1 Co 11.27): todos os relatos bíblicos da Ceia mostram que a mesma foi ministrada, exclusivamente, aos convertidos. Paulo realça essa ideia no verso 27, ao dizer que participar da Ceia indignamente faz a pessoa se tornar culpada do corpo e do sangue do Senhor. Além disso, no verso 28, Paulo exige que todos façam um autoexame a fim de avaliarem sua vida com Deus, e tal prática não existe na vida de não regenerados. Portanto, participar da Ceia NÃO gera graça salvífica no coração do pecador.

DEVE SER REALIZADA EM COMUNHÃO (1 Co 11.29-33): a Ceia não é uma disciplina espiritual individual como meditação e oração, mas uma ordenança para a IGREJA, ou seja, um rito a ser exercido no ajuntamento solene dos santos. A igreja de Corinto era muito dividida e, por isso, os crentes que eram de “grupos” diferentes se adiantavam e não esperavam para cearem juntos. Ou seja, estavam participando do rito de maneira superficial. Paulo exorta que precisamos “discernir (entender, conhecer) o corpo”, ou seja, temos de estar em plena comunhão com os irmãos e entender que vivemos como uma comunidade eleita de Deus. Se isso não for uma realidade na igreja, haverão “muitos fracos e doentes e muitos que dormem”. Assim, devemos “esperar uns pelos outros” como um sinal de unidade cristã.

DEVE SER CELEBRADA POR UM MINISTRO ORDENADO: apesar de não existirem recomendações diretas sobre desse ponto, entende-se que, pelo fato de ser uma ordenança própria da igreja, os líderes da mesma é que devem presidir o rito, tendo a figura do pastor como líder principal, sendo auxiliado por outros líderes reconhecidos pela congregação.

CONCLUSÃO:

    Portanto, a Ceia do Senhor é um tempo em que somos atraídos para mais perto de Cristo, trazendo a nossa memória o maravilhoso sacrifício realizado em nosso favor. Gratidão deve rechear toda a celebração. Por isso, participar da Ceia traz inúmeros benefícios espirituais para o cristão e o faz lembrar da sua identidade como filho de Deus. Negligenciar a importância dessa ordenança acarretará, inevitavelmente, num coração endurecido e insensível ao Espírito Santo.

    Para finalizar, vale ressaltar que Batismo e Ceia estão intimamente conectados, pois esta última só é ministrada aos verdadeiramente convertidos e que já simbolizaram seu novo nascimento por meio do Batismo. A fim de fazer uma comparação entre essas duas ordenanças, Franklin Ferreira nos dá o seguinte quadro:



Em Cristo,
Thiago Holanda - 28/08/2017

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