2017

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Jovem, como você usa suas férias?




Estamos na metade de dezembro e quase todo mundo já entrou de férias. Que tempo bom! Para aqueles que somente estudam, é um momento especial de relaxamento e organização da vida, e mesmo aqueles que trabalham e estudam é uma oportunidade de ter as noites livres para descansar ou dar uma sacudida na vida social. Quem não gosta?

O descanso das labutas da vida foi planejado pelo próprio Deus e Ele mesmo se encarregou de dar o exemplo descansando no sétimo dia da criação. O ócio é uma oportunidade de “formatar” a mente das centenas de agendamentos que ela faz ao longo dos meses de intenso trabalho e nos ajuda a sermos mais criativos para as atividades que virão no próximo semestre.

Contudo, me preocupa a forma como alguns jovens têm gasto suas férias. Sim, é tempo de descanso e relaxamento, mas as férias, assim como tudo na vida, devem ser usadas com moderação. Vejo jovens se entregando a episódios sem fim de séries muitas vezes nada saudáveis. Quando terminam todos os episódio de todas as séries disponíveis, entregam-se ao vício de jogos online. Enjoados dos jogos, dormem interminavelmente. Quando o sono acaba, voltam ao Netflix atrás de alguma outra coisa pra assistir

Cabe refletir: as férias servem pra isso?

Um dos meus verículos favoritos é o Salmo 90.12, que diz: Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.” Moisés reconhece que um coração sábio está diretamente ligado ao bom uso do tempo. ‘Contar os dias’ diz respeito a saber que nossa vida é demasiadamente curta para a usarmos com muitas frivolidades, e isso inclui as férias.
Sim, você deve descansar e usufruir de alguns prazeres que sua rotina normal não permite, mas tudo com bom senso e também aproveitando o tempo livre para atividades produtivas. Que tipo de atividades? Bem, que tal aumentar consideravelmente seu tempo devocional? Ou ler alguns livros? Você também pode seguir um roteiro de Estudo Bíblico Indutivo, melhorar o seu currículo com um curso profissionalizante (até mesmo online, para não ter que passar as férias pegando ônibus), aprender a trabalhar com algum software complicado, enfim, as tarefas úteis a qual você pode se dedicar são muitas, a escolha delas dependerá diretamente das suas afinidades e o contexto profissional e ministerial em que você se encontra. O que eu NÃO RECOMENDO: usar suas férias com futilidades sem fim. E acredite: a mídia sempre oferecerá isso pra você, pois o interesse da grande indústria de entretenimento é te dar conteúdo suficiente para que você se alimente de lixo até o fim da vida e nunca tenha tempo para pensar de maneira produtiva.
Filhos de Deus devem ser completamente diferentes da maioria das pessoas, inclusive no uso do tempo. Um dia nossa história chegará ao fim e você necessariamente olhará para trás e fará um balanço da sua vida e uma cruel pergunta surgirá na sua mente: “vivi de maneira significativa ou não?”. A maioria das pessoas conclui que não, e é por isso que é tão comum vermos idosos tão cheio de arrependimentos, pois descobriram (tarde demais) que usaram a vida da maneira errada. É isso que você quer para você?
Talvez você ache que eu estou exagerando, afinal, “são apenas as férias”, contudo, lembre-se: “aquilo que está mais presente na sua mente, na sua boca e no seu coração, esse é o seu deus!”.
Use suas férias com sabedoria, use seu tempo com sabedoria! Viva uma vida sábia!

Em Cristo,
Thiago Holanda.
21/12/2017.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Coisas que aprendi (e estou aprendendo) como líder de jovens...




Observação inicial: certamente muitas outras coisas são necessárias e não estão nessa lista! Esse artigo é fruto de uma experiência pessoal e ainda preciso aprender muita coisa, mas mesmo assim quero compartilhar essa pequena experiência com outros amigos ministros.

1. Você é um líder de pessoas, não de eventos e/ou projetos! Focalize na sua função pastoral e, no tempo que sobrar, coordene os projetos. Alguns líderes têm feito o sentido inverso e focado em programações sem fim usando muitas vezes desculpas horríveis como: “se deixarmos os jovens desocupados, eles vão abandonar a fé!”. Pergunto-me: que discípulos são esses que abandonam a Cristo no primeiro final de semana sem evento na igreja?

2. Discordância de líderes não é o mesmo que rebeldia. A igreja supostamente era para ser muito democrática. Ou seja, você pode discordar respeitosamente dos seus líderes, bem como outros podem (e devem!) discordar de você. Quando isso acontecer, não fique co raiva ou achando que autoridade está sento questionada (tem gente que até vai tentar fazer isso, mas é uma minoria), mas veja isso como a mão de Deus tentando corrigir algo de errado em seu ministério. Não, isso não é fácil, é bem difícil, e sempre vamos errar nesse quesito, mas reconhecer a necessidade de aprender essa lição é um grande passo.

3. Boa comunicação resolverá boa parte dos seus problemas. Sim, um líder (especialmente de jovens) sempre enfrentará muitos problemas, e dos mais diferentes possíveis. Desde uma moça que se chateou com a outra só por que recebeu um “olhar indiferente” até aquele rapaz depressivo que já tentou se matar várias vezes. Como lidar com a maioria deles? Aprendi que uma boa conversa olho no olho pode ajudar demais. Não é um remédio pra tudo, mas sempre colocará tudo em “pratos limpos” e poderá ser o primeiro passo para a solução final.

4. Leia bastante a Bíblia e, também, bons livros. Procure “andar sobre os ombros dos gigantes”. Não consigo entender como alguns líderes não se vêem como eternos aprendizes. Precisamos entender o contexto em que nossos jovens estão inseridos, estudar a Bíblia intensamente e também como autores que Deus capacitou para nos mostrar como desempenhar um bom ministério. Tem gente que alimenta preconceito com o ministros que estudam seriamente e dizem que isso é falta de fé no poder da oração (???). Para estes, sugiro um curtíssimo sermão do Spurgeon intitulado “Traga os livros” (basta buscar no Google).

5. Crie uma escala de oração onde, diariamente, você escolherá dois ou três jovens por quem interceder. Em semanas, terá orado por todos os jovens! Essa fórmula você aprende diretamente das cartas de Paulo. Vemos o apóstolo dos gentios comentando o quanto ele intercede por todos os irmãos em todas as igrejas, incluindo aquelas que ele nunca visitou!

6. Crie uma escala de visitas pastorais. Procure visitar jovens em suas casas ou sair com eles afim de criar vínculos afetivos. Nem todo mundo vai gostar muito disso, mas a maioria vai! Ser visitado demonstra dedicação a vida daquela pessoa e também conhecer um pouco mais da sua vida familiar. Presenteie seus jovens com esse tempo de qualidade.

7. Invista em grupos de estudos bíblicos ou seminários. Incentive seus jovens a lerem muito a Bíblia! Promova encontros de estudo, oficinas de treinamento e procure, com seu próprio exemplo, mostrar a necessidade de amar as Escrituras.

8. Os pais são seus grandes aliados, procure conhece-los e respeitá-los. Tenha um bom relacionamento com eles e procure sempre ratificar a autoridade da família. Contudo, haverão situações em que os pais cristãos darão conselhos antibíblicos (já passei por isso), e situações como essas são extremamente delicadas. Peça sabedoria a Deus para agir nessas situações e, se possível, procure a orientação de líderes mais experientes.

9. Nunca esqueça: você sempre pode aprender algo novo!

Em Cristo
Thiago Holanda
15/12/2017.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Indiferença dói


Eu imagino a indiferença como o ato de jogar no lixo qualquer tipo de consideração, seja positiva ou negativa, por algo ou alguém. Indiferença é muito pior do que a raiva ou o desprezo, pois estes estão relacionados com a rejeição, contudo só rejeitamos aquilo que consideramos como existente, e com uma mínima importância. A indiferença é a desconsideração pela própria existência do ser.

Assim, se sou indiferente para com alguém, estou cometendo um ato de ‘homicídio interno’. Aquela pessoa recebe, na minha vida, a mesma importância de um nada e já não há mais nenhum sentimento positivo ou negativo. Condenamos aquela pessoa, no tribunal do nosso coração, a pena máxima da não-existência, e por isso, acredito que a indiferença gera muito mais atrocidades do que o próprio ódio. Sim, o ódio é um amor mal resolvido, um sentimento que é mais facilmente “convertido” e pode sim gerar crueldade, mas com limites, afinal, ainda há o reconhecimento do outro como um semelhante.

Ser alvo da indiferença alheia dói muito e costumamos nos perguntar: o que fiz de tão grave para merecer isso? Por que minha existência tinha de ser assassinada pelo outro? Causa feridas saber que passamos a não ter mais valor algum pra outra pessoa, por mais que esta não seja tão fundamental na nossa vida. Contudo, ser uma vítima da indiferença é algo pelo qual não podemos lutar, pois é uma decisão que não nos coube, e é fruto de um coração covarde. Sim, isso mesmo, covarde. Alguém que foge dos problemas com o próximo resolvendo matá-lo no tribunal da mente não passa de um covarde, que se nega a lutar e resolver. Cabe ao outro viver essa decisão.

O que fazer então? Lutar para manter a bravura do NOSSO coração e não cairmos no mesmo pecado. Reconhecer que por mais feridas que indivíduos tenham nos causado, somos ainda devedores deles, pois feridas são oportunidades de crescimento e, depois de curadas, trazem refrigério para a alma.

Em Cristo,
Thiago Holanda


23/11/2017.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Por que é tão difícil perdoar?


Poucos mandamentos de Cristo são tão difíceis de se colocar em prática quanto o de perdoar. Não somos naturalmente perdoadores. Até aqueles que se gabam por não tratar mal seus ofensores são também mal perdoadores, e o único motivo para essas pessoas se gabarem é, na verdade, o de serem ótimos em enterrar e disfarçar mágoas.

Cristo falou muito de perdão. Ele foi o maior exempo de perdão. Por que, então, somos tão mal perdoadores? Com minha experiência pessoal de um péssimo perdoador, gostaria de citar três razões:

i) Perdoar me tira o direito de ser uma eterna vítima: manter a mágoa viva em meu coração me trás a mente o quanto aquela pessoa foi má comigo, violando meus direitos e, por isso, posso me sentir ferido. Ser vítima é bom e confortável. Todos olham pra vítima como a “coitadinha” da história e isso nos põe numa situação muito cômoda. Perdoar nos lembra que sempre temos uma parcela de culpa na história, ainda que mínima e, consequentemente, não somos tão vítimas como supomos.

ii) Perdoar confronta minha sede por vingança: além de vítimas, gostamos de assumir o papel de justiçeiros e provocar nos outros uma dor semelhante, ou ainda maior, do que a que estamos sentido. Citei anteriormente que não somos naturalmente perdoadores, mas somos fácilmente vingadores e não precisamos de muito esforço pra assumir esse papel.  Perdoar me obriga a jogar essa sede de vingança no mar do esquecimento.

iii) Perdoar me obriga a exercer uma das mais difíceis habilidades, a empatia: ou seja, se colocar no lugar do outro. Empatia é lembrar que eu já errei e ofendi os outros da mesma maneira ou, então, ainda mais gravemente e, assim como eu quis ser perdoado, o outro provavelmente também o quer. Perdoar é lembrar que o senhor Jesus, na cruz do calvário, perdoou os meus pecados, mesmo que eu ainda não tivesse me arrependido de nenhum deles. Ele nos concedeu perdão mesmo sabendo de todos os erros que cometemos e os que vamos cometer pelo resto da vida. Contudo, ainda assim ele nos perdoou, pois “conhece nossa estrutura e lembra-se que somos pó” (Salmo 103.14). As nossas fraquezas e falhas não surpreendem a Deus, mas o fazem derramar graça sobre graça em cada um de nós.

Não escrevi esse texto por ser o “Sr. Perdoador”, pelo contrário: Deus ainda vai me “quebrar” muito nessa área, e Ele é tão “didático” que os momentos em que mais nos ensina a perdoar é quando buscamos o perdão de alguém e isso nos é negado. Contudo, o Senhor tem uma história com cada um de nós e temos de entender que o outro está vivendo a história dele. Então, o que nos resta? Uma única coisa: esperança.


Em Cristo,

Thiago Holanda.

20/11/2017.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O nevoeiro da incredulidade



Recentemente uma amiga muito especial, ao orar em voz alta, disse: “Senhor, ensina-nos a enxergar o teu SIM por trás do teu NÃO”. Essa oração ficou ecoando em minha cabeça por um bom tempo, e pensei: na realidade, toda porta que Deus abre ou fecha é um sim. Isso mesmo, um “sim” para nossa felicidade, pois costumeiramente desejamos o que não deveríamos desejar. Sonhamos em obter coisas ou conquistar posições que estão completamente fora da vontade de Deus, e quando Deus, em sua infinita graça, nos nega essas coisas, o faz por amor, pois Ele sabe o quão infelizes seríamos se tais desejos (muitas vezes pecaminosos) fossem atendidos.

Contudo, é muito simples de entender esse princípio na teoria, mas a prática é outra coisa. As vezes me sinto como uma eterna criança que custa muito a aprender que não se deve ganhar tudo o que quer. Uma frase muito linda do C.S Lewis diz assim: “Nossa oração nunca é ignorada. Pelo contrário, é recebida, considerada e recusada para o nosso bem supremo”. Somos intensamente abençoados por esse “filtro” que Deus faz em nossos desejos, pois em nossa insignificante sabedoria, jamais faríamos o mesmo.

Nosso coração milita dia e noite por vontades egoístas e precipitadas,  e o NÃO de Deus, geralmente revela que existe um SIM mais adiante, e não o enxergamos agora porque há um nevoeiro de incredulidade tampando nossa visão de tal forma, que passamos a ver somente o imediatismo do que está posto diante de nós. Somente o próprio Deus pode limpar esse nevoeiro, por meio de doses generosas de fé. Só então, passaremos a ouvir o NÃO de Deus como um SIM.

Viver como discípulo nos leva a lições bem duras, mas quando Cristo é nossa esperança, tudo vale a pena!

Em Cristo,
Thiago Holanda


15/11/2017.

domingo, 12 de novembro de 2017

Entregue seus planos (Tiago 4.14-17)


Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo". Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado. (Tiago 4:14-17)

Tiago é uma epístola muito provocativa. Lutero não gostava muito dela. Por que? Bem, basta dizer que ela é uma claro desafio aos “acomodados na fé”. Tiago desafia todo o senso comum cristão (ele faz isso até hoje) ao declarar que “a fé sem obras é morta” e que a “verdadeira religião” está na prática da piedade, especialmente com o próximo. Isso fere muitos cristãos preguiçosos.

Na passagem acima encontramos um trecho bem interessante. O que Tiago quer nos passar? Para responder tal pergunta devemos dar uma olhada no contexto anterior e posterior da passagem. No começo do capítulo 4, o autor fará exortações diversas, tais como contra contenda entre irmãos (4.1-10), maledicência (4.11,12). No começo do capítulo 5, ele repreenderá aqueles que adquirem e empregam as riquezas de forma corrupta. Parece-nos que estava direcionando sua fala para pessoas abastadas que, pelo que vemos em outros trechos do livro, gostavam de se gabar por possuírem status econômico.

Exploremos o trecho com mais detalhes:

(14)  Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.

Que é a sua vida?”. Essa é uma pergunta muito significativa. É possível respondê-la? Tiago responde por nós: é insignificante. Somos peregrinos nessa terra, pois estamos aqui somente de passagem. A neblina é um fenômeno que geralmente ocorre entre a madrugada e o período da manhã, com a condensação da água que cai no solo, especialmente por conta da chuva. Elas costumam aparecer e desaparecer em pouco tempo. Assim somos nós. Nossa vida passa muito rapidamente e somos lembrados disso pela palavra de Deus. Portanto, a vida é curta e incerta. Nós não conhecemos o futuro. O único ser que conhece todo o passado, presente e futuro é o Senhor Deus e por isso Tiago vai deixar muito claro no versículo 15 que…

(15)  Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo".

Se o Senhor quiser…” – ou seja, devemos viver cada minuto da nossa vida lembrando que a vontade do Senhor é soberada. Ele tem o controle de tudo em suas mãos e nada foge dos seus direcionamentos. Hernandes Dias Lopes diz que “precisamos entender que mesmo que as coisas fujam do nosso controle, elas continuam rigorosamente sob o controle de Deus. Ele governa os céus e a terra e também os destinos das nossas vidas!”. Isso quer dizer que não devemos traçar planos? Não! Isso quer dizer que nossos planos devem estar alinhados com a vontade de Deus, e quando ele negar nossos planos, devemos nos sujeitarmos a isso. O que é condenado aqui não é o “traçar planos”, mas viver de tal maneira que a vontade de Deus não é considerada. Quando foi a última vez que oramos antes de tomar uma decisão importante? Quando foi que oramos em busca de direcionamentos sobre qual curso universitário vamos fazer? Oro para saber para qual empresa devo enviar meu currículo? Ou sobre que tipo de carro vamos comprar? Viver a vida sem considerar o direcionamento de Deus é INCREDULIDADE.

(16)  Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.

Tiago está condenando todos aqueles que confiam em seus próprios recursos, ou seja, desprezam a lei divina porque acham que são autossuficientes. Toda “vanglória” é maligna, pois só Deus pode ser glorificado e não passamos de seres insignificantes como a neblina. Vários homens no passado declararam não precisavam de Deus e aprenderam a lição da pior maneira possível. No dia 31 de Maio de 1911 foi lançado ao mundo o “Titanic”, o maior navio construído até então. Um dos funcionários da “White Star Line” declarou aos jornais da época: “Nem Deus afunda esse navio!” e o resto da história é conhecida. Tancredo Neves, primeiro presidente eleito depois do governo militar, declarou que nem Deus o tirava da presidência da República. Contudo, adoeceu gravemente na véspera de sua posse e não chegou a assumir o cargo, falecendo semanas depois.

Devemos ser totalmentes dependentes de Deus, em cada área da nossa vida, nunca confiando em nossa capacidade ou nos recursos que possuímos, mas sabendo que Deus é o nosso sustentador. Ainda que nós mesmos ou todos os nossos recursos venham a falhar, ELE JAMAIS FALHARÁ!

(17)  Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.

Tiago encerra sua argumentação de forma bem simples: vocês sabem que precisam fazer tudo sob o comando de Deus e não agir dessa forma é pecado. Tiago estava escrevendo para crentes, pessoas que conheciam o evangelho e entendiam o significado de ser discípulo, contudo não estavam vivendo de tal forma. Crentes assim nos remetem a parábola do servo que “conheceu a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo sua vontade” (Lucas 12.47).

Nós que nascemos de novo, experimentamos a graça de Deus, somos indesculpáveis diante Dele. Quais dos nossos planos ainda não estão debaixo da vontade de Deus? Quais áreas da nossa vida estão debaixo do pecado por ainda não as entregarmos para o bom Deus?

Que o Senhor possa perdoar toda nossa incredulidade.

Em Cristo,
Thiago Holanda
12/11/2017
















terça-feira, 7 de novembro de 2017

Páginas viradas...



Recentemente conversei com uma amiga sobre como saber quais conflitos na vida nós já podemos considerar resolvidos ou não, ou seja, como saber se um desentendimento ou ressentimento com alguém realmente ficou pra trás? A importância disso é enorme para uma boa convivência, afinal, somos todos muito diferentes e um assunto que possa já ser uma página virada na vida de alguém, pode não ser para o outro, e isso possivelmente vai gerar feridas no futuro. Uma página não virada é uma ferida aberta para bactérias e, inevitavelmente, inflamará no futuro.

Já vivi situações onde alimentei por muito tempo pensamentos negativos a respeito de uma pessoa, por conta de situações não resolvidas. Contudo, para a outra pessoa, esse conflito já não existia, e ela não era afetada da mesma maneira que eu. Isso me deixava ainda mais irritado, e eu pensava: “como essa pessoa pode ser tão indiferente a essa pendência?”. Porém, na verdade, a pessoa em questão já tinha virado a página que eu insistia em manter aberta.

Viver uma situação como essa é delicada, e ambas as partes precisam de sabedoria e sensibilidade. Quem já virou a página precisa se certificar de que o outro também viveu o mesmo, e caso contrário, precisa o ajudar nesse processo. Se isso não acontecer, o relacionamento vai por água abaixo, pois as feridas continuarão abertas, causando dor e tristeza. Por outro lado, quem ainda não virou a página e insiste em manter pensamentos negativos precisa entender a fase que a outra pessoa vive não a torna indiferente, mas livre. Liberdade essa que é perseguir, para que tudo se torne passado e a única lembrança seja o amadurecimento conquistado.

Como saber se é hora de virar uma página? Primeiro, creio que deve-ser “ler” tudo que nela está escrito, ou seja, a situação foi completamente explicada de ambos os lados? Todos ouviram todas as versões e os sentimentos já foram compartilhados? Se isso não acontecer, fatos “novos” podem surgir ou sentimentos antes não compartilhados podem gerar um desconforto futuro e trazer a tona tudo outra vez. Para se “ler” toda uma página não há segredo, o único procedimento válido é a conversa honesta, o velho “olho no olho”, onde o melhor caminho é desnudar a alma perante o outro.

Outra coisa importante: é preciso ser realista e decidir se haverão chances para outras páginas, ou seja, se a história entre os envolvidos continuará ou não. Perdoar não significa, necessariamente, continuarem caminhando juntos. Nossa história com algumas pessoas chegará ao fim um dia, e viver (e resolver) um conflito pode ser a última página e, então, cada um construirá novas histórias. A grande questão é: todas as feridas foram curadas?

Não viver esses processos é condenar a si mesmo a uma vida pesada, onde as páginas não viradas se amontoam em nossa alma e nos privam a liberdade de viver de maneira plena. Esaú e Jacó nos dão um exemplo simbólico. Por 20 anos uma página não foi virada permaneceu causando dor entre ambos. Depois de tanto tempo de afastamento, Jacó retorna para sua terra com uma enorme família ao seu lado. Ao saber disso, Esaú vai encontrá-lo com 400 homens para finalmente concretizar a ameaça proferida. Jacó fica transtornado. Ele e todos os seus familiares seriam assassinados, o que fazer? Deus intervém e muda o nome e o caráter de Jacó, agora ele seria Israel, homem íntegro e suficientemente humilde para ir de encontro ao seu irmão e pedir perdão por tudo que fizera. O virar da página na vida desses dois irmãos foi um momento ímpar: Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram.” (Gênesis 33:4)

Que Deus intervenha da mesma maneira em nossas vidas, nos dando humildade para pedir perdão e, em sinceridade, viver novas páginas. A vida é muito breve para afundá-la no mar sombrio dos ressentimentos.

Em Cristo,

Thiago Holanda.
07/11/2017.




terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Baile das Lembranças



Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. Eclesiastes 1:2

Imagine se no final da vida pudéssemos promover um baile onde os convidados seriam todos os que fizeram parte da nossa história, ainda que minimamente. Vamos chamá-lo de Baile das Lembranças. Você seria o anfitrião dos personagens da sua própria história. Como você usaria esse momento? Como você preencheria a última noite da sua vida?

Já conversei com muitos idosos e uma marca comum em muitos deles é chegar ao fim da vida com incontáveis arrependimentos. Alguns parecem até escolhem dedicar seus últimos dias a isso: chorar pelos erros antigos. Salomão, o grande rei, viveu o sabor amargo dessa experiência e a narrou em Eclesiastes, dizendo que só no fim da vida entendeu que quase tudo que fizera não foi nada além de vaidade.

Temos que ter muito cuidado com esse negócio chamado vida, pois todos nascem sem saber nada sobre ela, muitos são ensinados a vivê-la da maneira errada e alguns poucos só conseguem aprender algo significativo quando ela já está no fim.

O tal Baile nos leva a uma reflexão: como estamos conduzindo nossa vida hoje? Será que estamos construindo nossa história em cima dos jardins da amizade e amor ou dos pedregulhos do ressentimento? O Baile das Lembranças nos desafia a entender que teremos que dedicar nossa última noite de vida a duas coisas: reviver lembranças queridas e amores antigos ou prestar contas com as vítimas que deixamos para trás.

Fica a pergunta: com o que você gastará mais tempo?


Em Cristo,
Thiago Holanda
24/10/2017.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O que é Teologia e qual sua importância para a igreja?




1.      O que é teologia?

Ao longo da história da igreja, a teologia, bem como os teólogos, tem sido vista ora como heroína, ora como vilã. Sim, a teologia é um travesseiro onde um lado foi bem lavado e o outro está com cheiro de mofo, podendo deixar bem doente aquele que nela repousar. Mas o que é realmente a teologia? Uma ciência? Arte? Profissão? Vocação? Curso superior? É benéfica ou maléfica para a igreja? Para responder satisfatoriamente tantas perguntas deve-se, em primeiro lugar, traçar uma correta definição do que venha a ser teologia.

Geisler (2010) definirá teologia como “o discurso racional a respeito de Deus” e acrescentará que a teologia dita evangélica é o “discurso a respeito de Deus que enfatiza a existência de certas crenças cristãs essenciais, que incluem a, mas não se limitam à, infalibilidade e inerrância da Bíblia somente, a tri-unidade de Deus, o nascimento virginal de Cristo, a divindade de Cristo, a total suficiência do sacrifício expiatório de Cristo pelos pecados, a ressurreição física e miraculosa de Cristo, a necessidade da salvação somente pela fé – somente através da graça de Deus, baseada somente na obra de Cristo -, o retorno corporal físico de Cristo a este mundo, a felicidade eterna e consciente dos salvos, e o castigo eterno e consciente dos não-salvos.”

Já Ferreira e Myatt (2007) vão conceituar como “a ciência que extrai o conhecimento de Deus e de sua revelação, que estuda e pensa sobre ela sob a orientação do Espírito Santo e então, tenta desenvolvê-la de forma a honrar a Deus.” O autor também diferencia os conceitos de teologia e religião, afirmando que esta última é uma pesquisa sobre todas as religiões e seitas mundiais que usa de várias ferramentas metodológicas, tais como sociologia, antropologia, entre outras. Já a teologia é mais especializada, por tratar das doutrinas e temas de uma religião específica.

Erickson (2015) vai iniciar sua definição lembrando que o ser humano é “incorrigivelmente” religioso e, portanto, sempre estabelecerá contatos entre ele e o divino e, nesse contexto, a teologia é “o estudo ou a ciência de Deus”, ou: “é a disciplina que procura afirmar, de modo coerente, as doutrinas da fé cristã, fundamentada principalmente nas Escrituras, situada no contexto da cultura em geral, verbalizada numa linguagem atual e relacionada com questões da vida”. O autor também considera importante diferenciar teologia e religião, afirmando que a primeira está para a última assim como a psicologia está para as relações humanas.

O que há de comum nas três definições? Primeiro, todos os autores buscam dar um conceito amplo de teologia como ciência que estuda o divino e, nesse contexto, toda religião tem sua teologia própria, mas também nos fornecem o conceito restrito, que é o conceito de teologia evangélica. Portanto, devemos ter em mente que teologia não é restrita ao cristianismo e sua vasta amplitude nos motiva a caracterizar sobre qual tipo de teologia estamos considerando. Vale ressaltar que dentro do próprio cristianismo encontramos diversas “sub-teologias” que carregam inúmeras diferenças conceituais.

A teologia cristã tem 5 divisões principais, são elas:

a)      Teologia Bíblica: trata da base bíblica da teologia.
b)     Teologia Histórica: é o debate teológico sobre diversos temas ao longo da história.
c)      Teologia Sistemática: é a construção de um sistema de ideias básicas dentro da teologia que englobe o conjunto completo da revelação de Deus.
d)     Apologética: proteção da doutrina cristã contra os ataques externos.
e)      Polêmica: proteção da doutrina cristã contra os ataques internos.

Todas essas divisões são importantes e precisam ser desenvolvidas no âmbito das igrejas e seminários. Cada uma possui metodologia própria, porém, a base para todas elas é a Bíblia sagrada como revelação especial de Deus.

Erickson (2015) nos fornece 5 aspectos básicos da teologia cristã:

1.1. É bíblica: ou seja, toda sua base é a Palavra de Deus e não é possível deduzir conceitos teológicos que vão de encontro à revelação especial.
1.2. É sistemática: deve se basear em toda a Bíblia.
1.3. É relacionada com tudo que está a nossa volta.
1.4. É atual: deve fazer conexão com a cultura e o conhecimento do seu tempo, não podendo estar desligada dos grandes questionamentos presentes.
1.5. É prática: não se limita somente a um conjunto de ideias que demandarão apenas reflexões intermináveis sobre a pessoa de Deus. Tão importante quanto o pensar e estudar sobre Deus é o de agir conforme sua revelação. Falaremos mais sobre isso em tópicos posteriores.

2.      Qual a importância do seu estudo?

“É realmente necessário estudar teologia?” Essa pergunta geralmente é feita por aqueles que não entenderam o que, de fato, é teologia. Todos aqueles que professam uma fé são, em última análise, teólogos, pois todos racionalizam sobre quem Deus é, ainda que incorretamente ou inconscientemente. O que leva as pessoas a indagarem sobre a necessidade da teologia é o academicismo extremado que permeia os lábios de muitos ministros e estudiosos que, de tanto buscarem conhecer a respeito de Deus, esqueceram de conhecê-lo e, em suas vaidades, falam um idioma que se distancia muito da realidade na qual a maioria dos crentes estão inseridos.

Ferreira e Myatt (2007) vão afirmar que teologia sempre foi crucial na vida da igreja e que os autores do Novo Testamento foram os primeiros teólogos. Ela foi o instrumento usado por Deus em momentos decisivos da igreja, tais como a Reforma Protestante, onde o rompimento entre dois tipos de teologia foi decisivo na separação do protestantismo do catolicismo, e completa: “viver a vida cristã sem as doutrinas cristãs é como jogar futebol sem a bola: é simplesmente impossível”.

Tendo em vista que a base de toda teologia é a Bíblia e ela consiste em um “comunicado infalível e absolutamente verdadeiro, feito em linguagem humana, que se originou de um Deus infinito, pessoal e moralmente perfeito”[1], concluímos que a reflexão acerca dessa verdade é imprescindível para o povo de Deus e o desprezo por isso pode abrir portas para muitas mentiras dentro da igreja de Cristo.

Mais alguns fatores que tornam o estudo teológico importante:

a)      O próprio Cristo deixou claro que a salvação depende do correto entendimento sobre quem Ele é (João 8.24; Gálatas 1.9).
b)     Ajuda pastores e pregadores na elaboração de sermões que edifiquem a igreja, como uma das ferramentas na tarefa de anunciar “todo desígnio de Deus”.
c)      Aquilo que cremos afeta nosso modo de agir e reagir em nossa realidade.

É lamentável ver denominações inteiras não se preocuparem com a formação de seus membros e, em especial, dos seus obreiros. Certamente esse é um dos pilares da crise que assola a igreja hoje, onde muitos tem visto o estudo sério das escrituras como uma perda de tempo. É sobre isso que falaremos no próximo tópico.

3.      Teologia “esfria” o crente?

Quando nos referimos a esfriamento, no senso comum evangélico, todos associam ao “comodismo espiritual”, ou seja, é o momento na vida do crente em que a verdade do evangelho já não mais “arde” em seu coração e aquela poderosa mensagem que o salvou já não passa de um passado memorável. Não há mais desejo pelo Eterno. Oração e meditação nas Escrituras são hábitos esquecidos.

Por vezes, com certa dose de merecimento, os teólogos são acusados de serem frios na fé. Essa dose de merecimento vem daqueles que, de fato, tornaram a teologia um ídolo, um fim em si mesma, esquecendo-se de que ela é um simples meio para nos levar a um conhecimento mais íntimo com o Criador ou, nas palavras de Ferreira e Myatt (2007): “a teologia DEVE oferecer respostas que levem as pessoas a um relacionamento mais profundo com Deus.”

A razão disso, creio, é uma disposição que há em nosso coração enganoso (Jeremias 17.9) de distorcer e tornar impuro tantas coisas boas que o Senhor nos deixou. A teologia é um método de pensar sobre Deus e isso pode ser feito em conformidade com a própria vontade Dele para nós, ou podemos coloca-la como ídolo em nosso coração. Caso optemos por esse último caminho, nos envaideceremos em nossa “ciência” e passaremos a seguir um alvo diferente, onde nos tornaremos deuses de nós mesmos e nossa teologia será o picadeiro onde atuaremos disfarçados de divindade.

Contudo, o comportamento de alguns teólogos não deve ser projetado sobre todos aqueles que levam a sério o estudo de Deus. A Bíblia como um livro rico e dinâmico leva todo estudioso a duas conclusões óbvias: i) nossa extrema limitação diante de um Deus tão infinito e sábio; ii) a necessidade de nossa eterna gratidão a esse Deus que escolheu revelar-se a essa criação caída e dar uma nova chance de relacionamento com ele. Entendendo corretamente a mensagem bíblica e sendo impactado por essas verdade,s não há espaço para que a teologia possa “esfriar” ninguém, pelo contrário, levará o crente a um relacionamento mais vivo e sincero com o Senhor.

4.      Como estudar Teologia?

Em seu clássico livro de Teologia Sistemática, Erickson (2015) faz uso do modelo de três camadas de Bernard Mayo[2], especialista em ética, que criou esse modelo para descrever diversos aspectos da ética e da moralidade. Segundo ele, tais atividades, em qualquer área, se dividem sempre em três camadas: 1) aqueles que estão engajados na prática; 2) os críticos, são os que avaliam os que estão na primeira camada; e 3) os filósofos, que são os que debatem os critérios avaliados pelos críticos da segunda camada.

Em relação a fé cristã, podemos utilizar abordagem semelhante, onde as camadas se dividem da seguinte forma:

1ª Camada: crentes praticantes, são aqueles cujas ações, em seu todo, se direcionam pelas diretrizes dadas pela fé cristã. Erickson nos lembra que: “a atividade da primeira camada não pode ser realizada efetivamente até que o conhecimento adquirido seja incorporado a própria natureza da pessoa”. Ou seja, cristãos “nominais” não se enquadram aqui e também em nenhuma outra camada.

2ª Camada: são aqueles que fazem reflexões conscientes da doutrina. São os Teólogos (no sentido restrito do termo), pastores, professores de Escolas Bíblicas, etc. É uma tentativa de pensar mais profundamente sobre o significado dessas doutrinas, bem como de correlaciona-las de maneira intencional. O objetivo da segunda camada, aplicada a fé cristã, é o de avaliar se os da primeira camada estão, de fato, agindo dentro da ortodoxia.

3ª Camada: são os teóricos da Teologia. Pensam sobre o sentido e as possibilidades da mesma, buscando refiná-las ou relacioná-las com novos desdobramentos. São homens que ditam modelos e novas tendências metodológicas na teologia.

A partir dessas divisões, Erickson faz a seguinte ressalva: os componentes das duas camadas superiores devem, necessariamente, serem da 1ª camada. Do contrário, corre-se o risco do enclausuramento na “torre de marfim”. Não há problema em estar na 2ª ou 3ª camadas, são componentes importantes na esfera cristã, contudo, o teólogo não pode perder-se em um academicismo distante da realidade dos irmãos mais simples.

Ferreira e Myatt (2007) vão nos colocar isso de forma bem clara: “Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico, protegido na academia, distante do povo, está redondamente enganado. Quem não faz teologia tendo em mente as necessidades do povo nos bancos da igreja não é um teólogo cristão de verdade. O fato de que quase todos os teólogos de mais influência na história da igreja também eram pastores.”

Portanto, como devemos estudar teologia? Para resumir esse questionamento, responderemos: com humildade o suficiente para reconhecer que o que sabemos sobre Deus é insignificante frente a quem Ele, de fato, o é. Com gratidão por, ainda assim, poder conhecer essa minúscula revelação Dele mesmo e com a lembrança de que esse pouco conhecimento é um dever que nos é imposto para com nossos irmãos, para servi-los com o que sabemos e ajudá-los em suas necessidades da fé.

5.      Conclusão: um alerta aos estudantes.

Richard Baxter[3], pastor inglês do Século XVII, notando um esfriamento espiritual muito danoso em seus colegas de ministério, lamentou: “não é triste que nosso coração não seja tão ortodoxo quanto nossa mente?”. Estudar a verdade não nos faz, necessariamente, adotá-la como um estilo de vida. Na sincera luta em defesa da verdade alguns esqueceram de manter o fervor. Lembremo-nos do conselho de Spurgeon[4] aos seus alunos: “não somos passivos transmissores de infalibilidade. Somos sinceros instruidores de coisas que aprendemos, na medida em que podemos captá-las”. Ou nas palavras de Thielicke (2014): “qualquer pessoa que deixe de ser espiritual estará automaticamente desenvolvendo uma teologia falsa, mesmo que seu pensamento seja puro, ortodoxo e afinado com sua tradição confessional. Nesse caso, a morte está à espreita’. A teologia pode ser uma fria camisa de ferro que nos aprisiona e sufoca até a morte.”

Assim, que possamos abandonar todo nosso sentimento de superioridade e transformá-lo em gratidão por receber a graça de conhecer um pouco mais, e não somente isso, mas usar todo nosso vigor para ensinar essa verdade aos irmãos menos instruídos. Que a verdade e o amor possam andar de mãos dadas!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ferreira, Franklin; Myatt, Alan. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
Erickson, J. Millard. TEOLOGIA SISTEMÁTICA. São Paulo: Vida Nova, 2015.
Geisler, Norman. TEOLOGIS SISTEMÁTICA: volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Thielicke, Hemut. RECOMENDAÇÕES AOS JOVENS TEÓLOGOS E PASTORES. São Paulo: Vida Nova, 2014.



[1] Geisler, 2010.
[2] MAYO, Bernard. Ethics and the moral life. London: Macmillan, 1958.
[3] Richard Baxter, MANUAL PASTORAL DE DISCIPULADO. Editora Cultura Cristã, 2015.
[4] Charles Spurgeon, LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS – Volume 1.  Publicações Evangélicas Selecionadas, 2014.