2016

sábado, 17 de dezembro de 2016

Qual seu nível de acomodação?


Em qual dos níveis abaixo você se encontra? Sugestão: responda somente para si...a chance de você ser sincero(a) é maior!
0 = Estou sempre em busca de crescimento. Aprender coisas novas é um desafio constante e não me dou por satisfeito em relação a minhas habilidades. Sonho com posições futuras melhores do que as de hoje. Valorizo meu presente, mas estou sempre de olho no futuro.
1 = Preciso melhorar um pouco. Provavelmente já estive no nível 0, mas algumas lutas da vida, juntamente com algumas conquistas que já adquiri me deixaram meio “descansado”. Ainda não alcancei meus maiores sonhos e sei que, para conquista-los, preciso deixar de lado um certo conforto que desfruto hoje.
2 = Estou acomodado. Já lutei por alguns objetivos, mas por pouco tempo. Não lembro quando foi minha última conquista e não faço ideia de quando será a próxima. Sinto que minha vida está parada e acho bonito quando os outros conseguem alcanças sonhos, mas não sinto coragem de ir atrás e fazer o mesmo...sei, no fundo, que estou errado, mas estou sem ânimo para correr atrás do que quero!
3 = Pra que me preocupar? Acho esses “níveis” de acomodação uma bobagem e penso que minha vida se arranjará como Deus permitir...acho que preciso aproveitar o agora e entregar tudo nas mãos de Deus e, no tempo certo, Ele vai arranjar as coisas.
Respondido? Agora como você se sente? Mais motivado? Preocupado? Bem...a resposta dada é baseada numa auto avaliação do que você tem vivido até o presente momento e nada pode mudar o que passou, não existe essa coisa de RECUPERAR TEMPO PERDIDO! Tempo não se recupera...a sua reação a esse teste é que determinará como será daqui por diante. Você vai se manter estagnado? Ou vai procurar sair do comodismo e buscar uma vida mais produtiva?
Só para finalizar, gostaria de revelar os apelidos que coloquei em cada um dos níveis acima:
0 – Guerreiro
1 – Cansado
2 – Preguiçoso
3 – Defunto


Pois é...quem você continuará sendo mesmo?


Em Cristo,
Thiago Holanda 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Materiais de aulas.





Olá!

Devido a demanda de alguns alunos a respeito do material que uso em minhas apresentações, decidi deixar uma postagem permanente no meu blog com esse material disponível para download.

Espero que possa ser útil para o aprendizado de vocês...abraços!

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1. Aula: TEMPERAMENTOS TRANSFORMADOS
Público: Alunos da Escamf
Apresentação (slides)
Teste dos temperamentos

2. Aula: MINISTÉRIO ORIENTADO PELOS DONS
Público: Alunos da Escamf
Apresentação (slides)
Lista de Dons

3. Aula: VIDA DEVOCIONAL
Público: Alunos da Escamf
Apresentação (slides)

4. Aula: PLANEJAMENTO EVANGELÍSTICO (em breve)
Público: Alunos da Escamf

5. Aula: DISCIPULADO NA PÓS-MODERNIDADE
Público: EDE
Apresentação (slides)

6. Aula: PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA FINANÇAS.
Público: EDE.
Apresentação (slides)

7.. Palestra: O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE?
Público: Juventude Peniel
Apresentação (slides)

8. Palestra: IDOLATRIA DO CORAÇÃO
Público: Juventude Peniel
Apresentação (slides)

9. Palestra: LÍNGUAS ORIGINAIS COMO AUXÍLIO BÍBLICO: HEBRAICO
Público: AD Novo Viver
Apresentação (slides)

10. Palestra: SOBREVIVENDO EM AMBIENTES HOSTIS: ESTUDO DE CASO EM DANIEL
Público: Juventude Peniel - Seminário Mente de Cristo
Apresentação (slides)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Não é pelo muito falar...


Recentemente participei de um culto em que o líder da igreja estava ao microfone dando alguns avisos e, de repente, começou a defender uma prática em sua denominação. Ele dizia: “Irmãos, não creio que pregação precisa ser longa...pregação boa é pregação curta e cheia do poder de Deus!”
Até concordei em parte com o irmão, afinal, pregação precisa, de fato, vir de um homem cheio do Espírito Santo. Tempo de duração do sermão não é determinante para a qualidade espiritual de uma mensagem bíblica. Contudo, passei a discordar quando este líder passou a “atacar” a ideia de pregações longas, dando a entender que todas são desnecessárias e enfadonhas. Confesso que comecei a ficar inquieto e, ao mesmo tempo, apreensivo com o tipo de pregação que alimentava aquela congregação.
Mas este não é o clímax da história! O ponto alto se deu quando um dos obreiros dessa igreja, demonstrando concordância com o que estava sendo dito, disse em alto e bom som: “É isso mesmo! A Bíblia diz que não é pelo muito falar...”. Cocei os ouvidos...será que ouvi certo? Não quero parecer implicante, mas eu já estava diante de uma ideia estranha sobre pregação, a última coisa que eu precisava ouvir, para discordar ainda mais de tudo aquilo, era um versículo fora de contexto.
Note que, provavelmente, o obreiro estava citando Mateus 6.7, que diz: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. O contexto desse verso é o Sermão da Montanha (que começa em Mateus 5), onde Jesus dá várias instruções sobre a vida e conduta cristã. Na passagem anterior (6.1-4), Jesus ensina sobre como se deve dar esmolas. Logo após, fala sobre como se deve orar e, inclusive, nos é dado um modelo de oração (6.5-13). Em seguida, temos instruções sobre como se deve jejuar (6.16-18). Portanto, em nenhum momento o texto está falando sobre pregação do evangelho no ambiente de igreja.
Além da minha admiração ao observar um obreiro usando um verso fora de contexto, me veio à mente a seguinte reflexão: porque essa implicância com pregações longas? Será que sentar na igreja e ouvir uma pregação por uma hora é tão exaustivo assim? Será que os crentes cansam com a mesma facilidade ao assistirem um filme de duas horas?
Já sei, já sei, já sei...você deve estar com vários argumentos em sua cabeça: ‘tem pregação que não tem unção de Deus!’, ‘tem pregadores enfadonhos’, ‘não precisa disso tudo pra falar de Jesus’, blá, blá, blá...reconheço a falta de zelo de vários pregadores em relação ao estudo bíblico, bem como a deficiente vida de oração de alguns outros, e isso, de fato, torna qualquer pregação um martírio. Mas isso deve ser resolvido com ensino e imposição de critérios mais firmes no momento de entregar um púlpito a um pregador. Reduzir o tempo de pregação por motivos de enfado é atacar a consequência do problema, não a causa.
Não quero desmerecer sermões rápidos e reflexões bíblicas curtas, mas existe um receio em meu coração quando vejo tantas igrejas criticarem a duração dos sermões, mas se distraírem muito facilmente com outros “santos entretenimentos” durante a liturgia.
Jonathan Edwards pregou o sermão mais famoso da história, intitulado “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, e como não era muito eloquente, costumava pregar lendo o seu manuscrito. Estimam que ele tenha pregado por 40 minutos, até que precisou interromper o sermão, pois a congregação estava tão cheia do Espírito Santo que as pessoas caíam no chão com tanta convicção de pecado e clamavam ao Senhor por perdão.
É disso que precisamos hoje: homens que, como Edwards, estejam dispostos a serem incendiados para, então, incendiarem outros!


Em Cristo,
Thiago Holanda.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

II Cr 14.11 – Aprendendo com a oração de Asa



O livro de II Crônicas narra histórias de vários reis que passaram por Judá. Infelizmente, nem todas foram felizes. Os dois primeiros monarcas, Reoboão e Abias, reinaram, respectivamente, 17 e 3 anos e ambos foram idólatras. Rompendo essa herança maldita, surge Asa, homem piedoso, que fez tudo que era bom e reto diante de Deus (14.2), banindo toda a idolatria e enfrentando sua própria mãe para continuar fiel a Deus (1 Rs 15.13).
Por conta dessa lealdade, Asa e o povo de Judá experimentaram 10 anos de repouso e paz (14.6). Entretanto, essa paz foi quebrada por Zerá, o etíope, que vendo o fortalecimento e crescimento de Judá (v.6-8) como uma ameaça, reuniu um milhão de homens e 300 carros de guerra para enfrentar o povo de Deus. Nesse contexto, notamos uma das mais curtas e confiantes orações do Antigo Testamento:
Clamou Asa ao SENHOR, seu Deus, e disse: SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. SENHOR, tu és o nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem. 
A despeito de curta, podemos extrair inúmeras lições dessa oração. Vejamos:
Foi uma oração de dependência: Asa reconhecia que não havia outra possibilidade de socorro além do Senhor. Ele não era uma saída, era a saída. Acreditar em outra solução para nossas lutas, além do refúgio no Senhor, é uma atitude idólatra. O mundo sempre nos diz “confie em si mesmo e vença!”, mas a Bíblia ensina “desconfie de si mesmo e volte-se para o Senhor!”. Deus não premia autossuficiência, mas autodesconfiança piedosa. Além disso, Asa demonstra conhecer um princípio bíblico muito importante: “1 + Deus” é sempre maioria. Note que o exército de Asa contava com apenas 580 mil homens (v.8), pouco mais que a metade da tropa inimiga, mas isso não o intimidou, não o fez voltar atrás e/ou murmurar, pelo contrário, assim que soube da investida de Zerá, “saiu contra” este (v.10).
Não foi uma oração oportunista: note que o povo de Deus estava em paz porque vivia em fidelidade ao Senhor. O repouso até então era uma recompensa declarada de Deus ao zelo do rei e seu povo. Isso nos ensina dois princípios bíblicos: primeiro, fidelidade a Deus não é garantia de repouso eterno. O povo não havia pecado e o Rei era piedoso, mas a tribulação veio mesmo assim. A confiança da nação estava em teste e o nome do Senhor tinha que ser glorificado na guerra da mesma maneira que na paz. O segundo princípio, que deriva do primeiro, é que estar em paz com Deus nos dá mais confiança para orarmos em tempos de luta. Se Judá, anteriormente, estivesse em pecado, a oração seria bem outra, talvez desesperada ao invés de confiante, oportunista ao invés de sincera.  No entando, Asa, em sinceridade, disse: “Ajuda-nos, NOSSO Deus...tu és o nosso Deus”.
Procure se armar, mas nunca deixe de confiar: do verso 6 ao 8 vemos que Judá estava se fortalecendo do ponto de vista bélico. Aproveitando os tempos de paz, Asa mandou construir muitas torres, muros e cidades. Além disso, constituiu para si um exército superior a meio milhão de homens valentes. Contudo, nosso inimigo é sagaz e despertou a ira de um reino muito mais forte. É provável que Asa tenha sido tentado a olhar para o que havia construído ao longo dos 10 anos e pensar: “é, acho que consigo enfrentar essa!”. Mas não! Suas conquistas e planos de outrora não desviaram sua confiança do Deus Todo-Poderoso, pelo contrário, sua oração é que “porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão”. Asa estava colocando seus resultados nas mãos de Deus, ele sabia que seus próprios méritos jamais seriam capazes de conquistar aquela vitória, mas o Deus da paz lutaria por ele em meio à guerra. A lição para nós, crentes, é: desenvolvamos nossa salvação (Fp 2.12) por meio da Palavra, oração, comunhão dos santos, mas sempre colocando nossos resultados espirituais nas mãos de Deus.
O fruto de uma tão poderosa oração não poderia ser outro. Os etíopes foram aniquilados (v.13) e seus tesouros foram apropriados pelo povo de Judá. Como se não bastasse, Deus deu vitória sobre todas as cidades ao redor de Gerar que haviam dado apoio aos inimigos (v.14), fazendo com que o povo de Deus voltasse para casa vitorioso e cheio de riquezas.
Olhemos para o tamanho do nosso Deus e sejamos fiéis a ele, certos de que sua fidelidade é perfeita e sua presença é certa em qualquer batalha! Que nossas orações, sendo curtas ou não, possam demonstrar a mesma confiança de Asa!

Em Cristo,
Thiago Holanda.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Verdade e aprovação dos outros! (por Timothy Keller)


    Alguns livros nos presenteiam com palavras preciosas e ministram muito ao nosso coração com trechos que são poderosamente usados pelo Espírito Santo para nos tocar.
    Estou terminando de ler o livro Gálatas para você (imagem abaixo) do Timothy Keller, e fui abençoado com um pequeno trecho muito lindo. Para não desfrutar disso sozinho, compartilho com você, meu amado leitor.

"O evangelho nos liberta da necessidade da aprovação e adoração alheias, de modo que podemos confrontar e irritar as pessoas que amamos, se for o melhor para elas. Embora nem sempre funcione, esse é o único tipo de comunicação que transforma de fato as pessoas. Se você ama alguém de maneira tão egoísta que não consegue correr o risco de se expor à sua raiva, jamais lhe dirá a verdade que ela precisa ouvir. Se, por outro lado, você diz a uma pessoa a verdade que ela necessita ouvir, mas com rispidez e sem a angústia de quem ama, ela não lhe dará mais ouvidos.
Se, no entanto, ao falar a verdade, seu discurso é acompanhado de verdadeiro amor, há grande possibilidade de que ele penetre o coração alheio e cure. O ministério fundamentado no evangelho é mercado pela sinceridade amorosa, não pela distorção dos fatos, pela preocupação com a imagem e pela adulação.
Esse tipo de ministério do evangelho é oneroso para o ministro. Nem sempre é fácil para quem está recebendo a ministração. Mas baseia-se na verdade, aponta para Cristo e vale a pena, por toda a eternidade. (...)"
Referência:
KELLER, Timothy. Gálatas para você.  São Paulo: Vida Nova, 2015.


Em Cristo,
Thiago Holanda.


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A Justificação pela Fé em Gálatas 2.15-21.






Observação: esse artigo foi escrito como trabalho de conclusão da

A epístola aos Gálatas representa uma incisiva defesa do evangelho. Paulo, usando sua perspicácia teológica, faz uma defesa bem elaborada da verdadeira salvação em Jesus Cristo. Mas, o que estava acontecendo para que essa defesa fosse necessária?
No primeiro século da era cristã existiam duas igrejas fortes e dinâmicas: Jerusalém e Antioquia. A primeira, predominantemente judaica, possuía grande prestígio, por ser a sede do próprio judaísmo e onde estavam a maioria dos apóstolos. Antioquia era predominantemente gentílica e crescia bastante, basta observar que Paulo e Barnabé eram missionários desta igreja. Ao ver o crescimento acelerado do evangelho em Antioquia, alguns membros da igreja de Jerusalém foram visita-la e começaram a constranger os gentios a seguir rituais do judaísmo, como a circuncisão. Paulo e os lideres, ao serem informados do fato, foram para Jerusalém a fim de realizarem o primeiro concílio da igreja e discutir essa matéria, o que é narrado em Atos 15.
O concílio foi unânime: somente a fé em Jesus Cristo salva. Decidida a questão, enviaram Paulo e Barnabé para inúmeras igrejas com o propósito de tratar desse assunto e comunicar a decisão do concílio. Contudo, enquanto Paulo e Barnabé seguiram um caminho, os judaizantes seguiam outro e começaram também a visitar algumas igrejas, a fim de “judaizá-las” e atacar a figura do apóstolo Paulo. Uma dessas igrejas foi a da Galácia. Paulo, então, ouvindo que o desvio doutrinário chegara aos gálatas, redige essa epístola e, com um tom ácido, exorta os irmãos a voltarem para o verdadeiro evangelho.
Inúmeros argumentos, apelos e explicações são desenvolvidas pelo apóstolo ao longo da epístola. Nesse artigo, queremos abordar sobre um dos trechos, onde o apóstolo trata especificamente sobre uma das doutrinas centrais do cristianismo, a justificação pela fé. Vejamos:
Gálatas 2:15-21
(15)  Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios,
(16)  sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada.
(17)  Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum.
(18)  Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.
(19)  Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus.
(20)  Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.
(21)  Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.

O contexto dessa passagem é a narrativa de Paulo acerca de uma discussão com Pedro, onde este, de forma dissimulada, se afastou da comunhão com os gentios por conta da chegada de um grupo de judaizantes. Paulo, então, repreendeu-o publicamente, passando a discursar sobre a justificação pela fé. Analisemos o conteúdo da mensagem:

- versos 15,16: Paulo estava lembrando que eles, judeus convertidos a Cristo, já tinham conhecimento de que as obras da lei não justificavam nenhum homem diante de Deus. É como se Paulo quisesse dizer: “Nós sempre nos achamos melhores que os gentios pecadores, pois éramos o povo escolhido, mas agora a mensagem do evangelho nos impactou profundamente, pois descobrimos que somos pecadores iguais a todos os outros, e que a obediência a lei não salva ninguém”. Paulo estava preparando o terreno para dizer: se nós já sabemos de onde provém nossa salvação, porque iríamos impor o jugo desnecessário da lei sobre os gentios?
- verso 17: Esse verso é complexo e possui muitas interpretações. Hendrinksen[1] diz que Paulo estava fazendo uma pergunta retórica, ou seja: “se” os Judaizantes estivessem corretos na necessidade de observância da lei, Cristo faria com que os homens pecassem, pois foi o próprio que, em vários momentos, ensinou a justificação somente pela fé. Cristo disse que não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai (Mt 15.1-20), que todos os alimentos são limpos (Mc 7.19) e que os homens são salvos somente por confiar nele (Mt 11.25). Seria um absurdo afirmar tal coisa.
- verso 18: ‘aquilo que destruí’ é a salvação baseada nas obras da Lei. Assim, se voltarmos a vida pregressa e acharmos que nossos méritos podem configurar posição de justiça diante de Deus, então, na verdade, estou me tornando, novamente, um transgressor.
- verso 19: para entender bem esse verso, é mister lembrarmos que Paulo foi um judeu exemplar, no sentido de que sua observância da lei era destaque entre os seus semelhantes em tempos de farisaísmo. Em Filipenses 3.6 ele diz que sua conduta, quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível. Contudo, Paulo considerou tudo isso como nada, pois ao ter encontro com a graça de Cristo entendeu que era o principal dos pecadores e que somente por meio de Jesus era possível alcançar paz com Deus. Ou seja, somente “morrendo para a lei” era possível “viver para Deus”.         
- verso 20: essa passagem tem sido muito querida pelos cristãos de todas as épocas, pois resume toda a mensagem do evangelho num aparente paradoxo: a verdadeira vida está em participar da crucificação de Cristo. Não no sentido literal, mas por meio da fé Nele, onde o mesmo torna-se senhor de tudo. Paulo está chegando a reta final desse impactante discurso sobre a justificação somente pela fé com uma mensagem do tipo: “sou tão indigno e sem méritos que, para poder viver, preciso estar morto em Cristo, pois Ele precisa viver em mim”. Cristo “viver” no cristão significa que, quando Deus olha para esse cristão, não o vê morto em delitos e pecados, mas vê Cristo santo e justo. Isso é justificação!
- verso 21: o que significa “fazer nula a graça de Deus”? Aplicando ao contexto da passagem e lembrando que Paulo estava dirigindo esse discurso aos que estavam presentes no conflito com Pedro, podemos concluir que significa algo assim: “se eu acreditasse que meus méritos poderiam conquistar boa situação diante de Deus eu faria nula a graça de Deus, e isso eu não faço!” Acreditar que somos merecedores de algo por parte de Deus tornaria a graça irrelevante e, por conseguinte, a morte de Jesus na cruz um ato totalmente desnecessário.

Portanto, a passagem analisada aqui finda o capítulo 2 expondo aos gálatas uma situação tensa, porém necessária, entre os dois apóstolos. Paulo não usa a situação no intuito de humilhar ou de sobressair a Pedro. O que estava em jogo era algo muito mais valioso que reputações, era a própria pureza do evangelho.






[1] HENDRIKSEN, Willian. Comentário do NT – Gálatas. São Paulo: Cultura Cristã. 2009.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Um apelo aos professores das Escolas Bíblicas!



Era um domingo pela manhã como tantos outros e mais uma vez eu estava sentado nas primeiras fileiras da igreja esperando que a cerimônia de abertura da EBD terminasse e, então, poder me dirigir, com meus alunos, para sala de aula. Até que uma jovem, também professora, senta ao meu lado e, depois de cumprimentar-me, diz (com um sorriso no rosto):

- Acredita que eu não sei nem o tema da lição de hoje!?

Confuso, pergunto:

- Sério? Mas como você vai dar aula assim?

- Ahhh, isso é besteira! Meus alunos são novos, eu chego na sala, vejo o tema da lição, fico falando qualquer coisa pra enrolar, depois faço uma ou duas brincadeiras e dá o tempo de terminar a aula.

Confesso que não respondi nada. Na hora, dei um sorriso meio amarelado e sem jeito. Mas, infelizmente, essa situação não tem graça nenhuma. Ela reflete a pouca (as vezes, nenhuma) importância que é dada ao ministério do ensino em nossas igrejas. Minha colega professora (hoje, não mais – graças a Deus!) representa um comportamento muito comum entre os docentes de escolas bíblicas. Por que isso acontece? Quais as consequência disso? O que leva uma igreja de 100 membros a ter somente 10 ou 20 alunos frequentando sua Escola Bíblica?

O episódio com minha colega professora me fez refletir por muitas semanas sobre a crise evangélica que vivemos hoje. A maioria dos cristãos vive uma religião nominal, costumeiramente aderem a práticas não-bíblicas e tornam-se ouvintes compulsivos de “pregações” e músicas distantes da verdade de Deus. Não tenha dúvidas: a gênese desses e tantos outros males que nos assolam é a falta de ensino bíblico.

Creio que uma das maiores razões para o problema do ensino nas igrejas é a falta de critério na seleção dos mestres. O ensino é uma vocação, um chamado especial. O professor bíblico, claramente, precisa ter um amor pelo ensino da Palavra. Sua visão precisa ser a mesma do jardineiro que, todos os dias, pacientemente, rega cada planta do jardim, sabendo que ao longo da noite a transformação que ela sofrerá será minúscula mas que, ao longo prazo, todos verão as mudanças a olho nu. Precisamos parar de escolher professores simplesmente por falarem bem em público, serem desinibidos ou mesmo por se destacarem em qualquer outro serviço na igreja. A seleção precisa estabelecer outros critérios mais importantes!

A ausência da prática do estudo também é um problema sério, especialmente, por ser um problema cultural. O brasileiro não é muito simpatizante do estudo e da leitura séria, preferindo sempre uma boa partida de futebol ou deliciar-se com lixos midiáticos de um reality show qualquer. Isso torna professores e alunos mais preguiçosos na hora de ler a Bíblia ou livros cristãos de apoio.

Porém, é impossível chegarmos a um avivamento na igreja brasileira sem restauramos um profundo senso de urgência na meditação bíblica. É mister que voltemos a ensinar nosso povo a como ler cada livro da bíblia e apropriar-se, com sabedoria, das verdades reveladas por Deus.

Fui convidado para ser professor da EBD com 20 anos de idade. Na época, meu líder deixou claro os critérios que utilizou na minha seleção: boa frequência como aluno, bom hábito de leitura, frequência nos cultos, etc. Quando recebi o convite, fiquei bem surpreso e um pouco perdido, não sabia bem como proceder como professor. Por providência divina, fui colocado para dar aulas ao lado de uma professora mais experiente e muito dedicada que me ajudou bastante. Ao longo desses 9 anos de ensino, confesso que, a cada dia, fico mais apaixonado por esse ministério. É, provavelmente, o que faço com mais amor na casa de Deus e me dá angústia ver professores comportarem-se como a colega cuja história relatei no início.

Por isso, gostaria de fazer um apelo aos meus irmãos e irmãs que são mestres em suas igrejas.

1.    POR FAVOR, amem o ensino, ou então deixem-no: se você aceitou o convite para ministrar uma classe de estudo bíblico e descobriu que essa NÃO é a sua vocação. Exerça sua humildade e devolva o cargo para o líder, justifique seu motivo e deixe claro que está fazendo isso visando o crescimento do reino! Não aja com irresponsabilidade esperando que a liderança se canse de você e ponha outro em seu lugar. Além de desonesto é muito irresponsável!

2.    POR FAVOR, se preparem com antecedência para a aula: alunos não são bobos e percebem quando o professor não tem noção do que está falando. Quando termino minha aula no domingo pela manhã, já reservo parte do meu domingo à tarde para separar todo material bibliográfico de apoio que irei ler ao longo da semana. No sábado, já tenho todo meu esquema preparado e apenas reviso para aquecer a memória. Sei que é complicado organizar as agendas num mundo tão atarefado de compromissos, mas quando algo é prioridade, sempre disponibilizando tempo para isso. Por isso, entenda: ensino é ministério de altíssima prioridade na igreja local. Você, professor, está lidando com o amadurecimento espiritual de irmãos na fé! O que pode ser mais importante do que isso?

3.    POR FAVOR, leiam muito: é inadmissível um professor que não gosta de estudar! Quando que você leu um bom livro cristão pela última vez? Você se contenta com poucas páginas de subsídios ou busca aprofundar-se no tema na qual vai ministrar? Aulas superficiais desmotivam nossos alunos e os fazem se acostumar com mensagens e leituras superficiais das escrituras. Lembre-se: pérolas não flutuam!

4.    POR FAVOR, amem seus alunos fora da sala de aula: busque contato com eles ao longo da semana, se interesse pela vida espiritual, familiar, profissional de cada um. Procure-os nas redes sociais, mande versículos bíblicos, convide-os para sair...enfim, faça contato além da sala de aula. Você não é professor profissional, você é um professor-irmão-em-Cristo e, como tal, deve amar seu irmão. Alunos percebem quando seu interesse por ele resume-se a, simplesmente, que ele seja um corpo presente a mais no domingo pela manhã.

Enfim, esse artigo foi só um rápido desabafo. Espero que você, professor, tenha feito uma autoavaliação sobre seu ministério de ensino. Lembre-se do que Paulo diz em Romanos 12.7: “Se o ministério é...ensinar, que haja dedicação...”.

Dedique-se!

Em Cristo,
Thiago Holanda.



sexta-feira, 22 de julho de 2016

3 livros que você precisa ler antes (e depois) de casar!


Que casamento é algo complicado todo mundo já sabe, e eu sempre procuro evito falar sobre isso, afinal, ainda vou completar 2 anos de casado (dia 9 de agosto), o que me torna um mísero calouro na vida matrimonial.
O que torna turo ainda mais difícil é a falta de preparo para entrar na vida a dois. Poucas pessoas estão disponíveis para dar conselhos sábios e, quase sempre, tem gente demais pra falar besteira e poluir sua mente com ideias equivocadas sobre casamento. Pra piorar, as pessoas gostam de se preparam pra tudo: vestibular, emprego, concurso, etc, mas parece que não acham importante a preparação pro casamento.
Você deve estar se perguntando: preparar como? É isso mesmo que você tem na cabeça: oração, fazer cursos, aconselhamento e ler sobre o assunto.
É sobre esse último que eu queria conversar um pouco. Sempre fui um aficionado por leitura. Amo ler. Desde minha infância, quando meus pais me deram minha primeira coleção de ‘livros’ (quadrinhos do Zé Carioca), comecei a desenvolver o hábito de ler.
Pois bem, quando fui casar, pensei: “Estudei muito pro vestibular, e passei! Estudei muito pra um concurso, e passei! Se agora é hora de casar, o que devo fazer? Sim, estudar pra isso também!”
Então eu e minha noiva nos dirigimos a uma livraria cristã e compramos cerca 14 livros (sim, sou exagerado) com o tema casamento/família. Devorei todos. Alguns me edificaram muito, outros me ajudaram um pouco e outros me fizeram perder um tempo precioso. No geral, o aprendizado foi bastante enriquecedor e minha própria esposa, hoje, reconhece o bem que aqueles livros fizeram ao nosso relacionamento, evitando alguns problemas iniciais.
Por isso, decidi publicar esse artigo com o objetivo de compartilhar essa minha experiência e indicar os 3 melhores livros, aqueles que mais me ajudaram/ajudam na vida matrimonial. Ei-los:

 1.     AS CINCO LINGUAGENS DO AMOR (Gary Chapman): esse livro é bem popular, inclusive, entre não-cristãos. Ele me ajudou muito no sentido de entender as diferenças entre as formas de expressar amor entre as pessoas. É incrível como pude conhecer mais sobre mim mesmo e minha esposa por meio desse livro. Quando descobri que ela falava a linguagem “Tempo de Qualidade”, passei a levar muito a sério o compromisso de, semanalmente, dedicar um tempo a ela, por mais que nossas vidas estivessem muito corridas. É uma leitura simples, agradável e recheada de exemplos práticos, você vai gostar muito.


2.     QUANDO PECADORES DIZEM SIM (Dave Harvey): outro título também bastante conhecido, mas só entre os cristãos. Dave Harvey escreveu esse livro com o objetivo de mostrar aos casais que as falhas de um cônjuge nascem num coração distante de Deus e isso é um fato que abrange todos. Veja essa interessante citação: Se você é casado, ou casará em breve, está descobrindo que seu casamento não é um livro romântico. O casamento é a união de duas pessoas que trazem consigo a bagagem da vida. Essa bagagem sempre contém pecado. Com frequência, ela se abre durante a lua-de-mel; às vezes, espera até à semana seguinte. Contudo, a bagagem de pecado está sempre presente, por vezes confundindo os seus donos; por vezes, abrindo-se inesperadamente e expelindo conteúdos esquecidos. Não devemos ignorar nosso pecado, pois ele é o contexto em que o evangelho brilha mais intensamente. (...) para chegar ao âmago do casamento, devemos lidar com o âmago do pecado.” Esse livro é simples, sem deixar de ser teologicamente profundo. Uma leitura obrigatória.

3.     DEUS, CASAMENTO E FAMÍLIA (Kostenberger e David Jones): confesso que esse eu não comprei antes de casar, ganhei de presente de aniversário de uma amiga muito especial. Ele difere bastante dos outros pelo fato de não trazer princípios e aplicações para a vida a dois, mas se concentra na Teologia do Casamento, tratando-a com muito embasamento bíblico e lidando com questões importantíssimas, como: a atual crise cultural, as famílias no Antigo e Novo Testamento, divórcio, homossexualidade. Os autores vão fundo na teoria bíblica e dão lições muito preciosas. Apesar de ser profundo, esse livro pode ser lido por qualquer cristão, pois a linguagem é bem acessível.

Enfim, eu ficaria muito feliz se soubesse que, por conta desse artigo, você decidiu comprar um desses livros (ou todos) e que isso trouxe resultados abençoadores pra você e sua(seu) esposa(o)! Não quero que pense que lê-los vai livrá-lo(a) de problemas conjugais, não seja tão ingênuo. Mas, garanto, ajudará bastante numa das tarefas mais importantes da sua vida: ser um(a) esposo(a) para Glória de Deus!

terça-feira, 19 de julho de 2016

Palestras em PDF (Homossexualidade; Idolatria do Coração)


Boa noite a todos!

Nas duas últimas terças-feiras (19 e 12) de Julho, estive ministrando duas palestras pra Juventude Peniel com os títulos: O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE e IDOLATRIA DO CORAÇÃO.

Cliquem nos títulos das palestras para baixar os respectivos PDFs das apresentações.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Debates do Facebook.


Facebook virou lugar onde todo mundo adora ‘pichar’ sua opinião. Todo mundo parece ler muito, ser bastante estudioso e ideologicamente posicionado (pena que a maioria das opiniões facebookianas nascem em grupinhos modinhas de universidades públicas que, por sua vez, sugam conhecimentos superficiais de professores aparentemente acéfalos). Enfim, você deve presenciar muitas polêmicas em questões complicadas como homossexualismo, aborto, marxismo, etc.
Como você, cristão, se comporta diante disso? Você vive no meio dessas batalhas como um Malafaia imperial defensor dons bons costumes? Ou se ausenta completamente, tremendo de medo de expor o que a Bíblia fala sobre esses assuntos?
 Deixo algumas considerações em relação a questões polêmicas e comportamento cristão em redes sociais. Espero que ajude.
1. Procure não manifestar sua opinião gratuitamente. Não é pecado fazer isso, mas lembre-se que quase todo mundo já tem feito e você será somente mais um. É provável que ninguém leia o textão que você escreveu.
2. Se algum amigo deu uma indireta em você sobre assuntos que você defende, não revide. Se for uma provocação direta e agressiva, rebata com calma e naturalidade, escrevendo sempre de forma polida. Lembre-se que você pertence a um mundo muito melhor do que esse que vivemos.
3. Nem sempre vale a pena usar a Bíblia. Isso mesmo que você leu, e não, eu não sou herege. A questão aqui é que se torna um pouco inútil usar a bíblia em conversas/debates com pessoas que nem mesmo creem nela. A Palavra de Deus é sua visão de mundo, mas isso não é verdadeiro para todos. Use a Bíblia em debates em que ela for citada e/ou com ‘cristãos’ que possuem ideias equivocadas.
4. Não esqueça: redes sociais são incríveis ferramentas de evangelismo. Através do seu comportamento nelas, você pode aproximar ou afastar pessoas da fé cristã, tenha cuidado!

Pra finalizar, um pensamento de Lutero:
"A paz se possível, a verdade a qualquer preço."

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Carta para minha equipe.


Certa vez eu estava procurando escrever algo para encorajar a equipe que trabalha comigo na liderança de jovens e me inspirei num livro sobre finanças que estava lendo na época. Eis a carta...


“Estimada Diretoria, a paz e graça!
Hoje de manhã estava lendo um livro que trata sobre vida profissional sob a ótica cristã. Em certo momento da leitura comecei a refletir na obra de Deus como uma empresa. Parece estranho, mas muita coisa faz sentido, vamos ver?
A igreja é a empresa propriamente dita, NOSSA empresa. A juventude forma um departamento muito importante e nós somos os gerentes responsáveis pelo setor. O produto que vendemos? O evangelho de Jesus, sempre fiel ao que está na palavra de Deus.
O lucro da empresa são as almas. Para nosso departamento, cada jovem que decide firmemente seguir a Cristo é um lucro excepcional, motivo de grande comemoração.
Como todo mercado, nós temos concorrência e, nesse caso, uma só: o MUNDO. Concorrente muito forte e sempre desonesta, pois o tempo todo está tentando roubar nossa fonte de lucro, dificultando nosso trabalho e tentando nos levar a falência. Contudo, através de um constante e intenso treinamento de oração, estaremos aptos a ter sempre mais fatias do mercado.
Para finalizar, não posso deixar de falar de algo que muito nos interessa: o salário, afinal, o trabalhador é digno dele (1 Tm 5.18). Nossa bonificação é gigantesca, porém, só podemos fazer pequenos saques no momento, boa parte está depositada na Poupança Celestial do Banco Eterno de Deus. Além do mais, muita coisa sobre essa bonificação não foi revelada ainda, mas o Presidente Geral já adiantou: é eterna, pois a previdência Dele não tá quebrada não! Confiem nisso, pois esse patrão aí é dos bons!

Glória ao Soberano dos nossos dias.
Atenciosamente,
Thiago Holanda."


terça-feira, 14 de junho de 2016

Vem ser Igreja também!


A igreja é um lugar estranho e complexo. Cheia de paradoxos. Uma maravilhosa confusão, um caos bem harmonioso.

Na igreja já fui muito ferido, mas curado outras tantas.
Já fui agredido com palavras e olhares injustos, mas foi onde recebi os mais singelos abraços.
Lá eu aprendi que pessoas são bem complicadas, mas que não há nada mais lindo do que ver Jesus descomplicando tudo!
Na igreja, fui alvo dos erros alheios, que ofenderam-me injustamente. Mas cada um deles foi uma chance que Cristo me deu de exercer o perdão e, assim, ser mais parecido com Ele.
Lá eu errei com muitos e, também, os ofendi injustamente, mas cada vez que isso acontecia, era uma chance de exercitar a humildade, pedir perdão, e assim, ser outra vez mais parecido com Jesus.

Se a igreja é um hospital, então todos somos, ao mesmo tempo, médicos e pacientes.

Enfim, poderia falar de tantos outros momentos...mas essas minhas poucas palavras eram só pra lembrar que VOCÊ também é chamado pra essa bagunça gostosa de Deus.

Então, não se isole e vem ser Igreja você também!

domingo, 29 de maio de 2016

A vontade de Jesus: uma meditação sobre João 17. 24.




Uma meditação sobre João 17. 24

“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.”

Vontade. Essa é uma palavra que expressa muito bem um sentimento – se assim posso dizer – que está arraigado constantemente em nosso coração. Em todo o tempo, hora, minuto e segundo temos vontade. Muitas delas boas, outras, porém, ruins, senão dizer, malignas. Acredito que a melhor forma de expressar uma vontade é falando dela a outra pessoa, ou seja, externando-a. Queremos compartilhá-la com outra pessoa, em especial com nossos amigos mais íntimos. Não foi diferente com Jesus. Ele expressou sua vontade da melhor forma a seu Pai, o Deus do céu. E o fazia muito bem. O texto acima refere-se a um momento da vida de Jesus quando conversava com seu Pai na presença de seus discípulos, momentos antes de ser crucificado. Ele expressa sua vontade numa oração, numa conversa sincera e profunda com Deus. Ele diz, parafraseando: “Pai, se desejo algo, é que aqueles que tu me deste, estejam sempre comigo para que vejam a minha glória, que me deste desde a fundação do mundo por conta de nosso amor um pelo outro”. Que oração! Que palavras! Jesus sabia muito bem como orar. Não orava de forma fraca e com palavras vazias como muitos de nós fazemos. Ele sabia que Deus estava ali o escutando.

Os que me deste
Jesus se refere, primeiramente, na oração, a indivíduos, os quais Deus havia dado a ele. Podemos traduzir isso num nome: Eleição. Essa doutrina do cristianismo diz que Deus, na eternidade, escolheu pessoas que seriam salvos por Ele e pelos quais Cristo derramaria seu sangue. Não deve haver, de nossa parte, nenhuma resistência a essa doutrina, já que ela está espalhada por toda a Bíblia.[1] Jesus Cristo, na mesma oração, pediu a Deus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim...” (verso 20). É nítido que Jesus orou não somente pelos Dozes, mas por todos os crentes em todo o mundo, antes mesmo de eles existirem. Em uma das primeiras vezes que parei para meditar nesta passagem pensei: “Fomos alvos de uma oração.”. Deus escolheu seus filhos, sua própria família e Jesus, seu Filho, orou pelos mesmos. Então, se você é um crente hoje, entenda: “Você foi alvo de uma oração, a oração da pessoa mais importante do Universo e essa é uma das maiores razões de sua fé estar em Deus”. Portanto, Deus determinou os que seriam salvos e os deu a seu Filho para que este não os perdesse, mas os guardasse. A palavra-chave aqui seria “preservação.” Eis o começo do que seria o “céu”: “estar com Cristo”. Vale acrescentar que Deus não somente deu seus filhos a Jesus, mas a glória também. “...os que me deste... a glória que me deste”. Há uma incrível relação nesse texto entre o Pai e o Filho, o Pai presenteando o filho: com os eleitos e com glória (eterna), tudo isso porque “me amaste antes”. Esse texto informa-nos de que forma o Pai honra seu Filho.

Estejam comigo onde estou

Jesus não estará sozinho no céu, mas com todos os filhos de Deus (Heb. 2. 13). Acredite, haverá uma multidão nos céus. Nem todos serão salvos, mas não serão poucos os salvos. Essa cena é incrível se você se esforçar por imaginá-la: Deus, na eternidade, dando seus filhos – que zombariam dele, o ultrajariam, blasfemariam contra ele – a Jesus Cristo. Ele os transforma e eles são novas criaturas, agora glorificando-O onde Jesus está. Isso é realmente incrível! Quem ousaria tirá-los de suas mãos? Eles estão nas mãos de Deus também. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai.” (Jo 10. 27 – 29). Se você está nas mãos do Filho, está nas mãos do Pai e nada nem ninguém poderá tirá-lo delas, pois elas são fortes o suficiente para não somente suportá-lo, mas segurá-lo para sempre. E nada poderá separá-lo do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, nem mesmo o pecado (Rom. 8. 39).

Para que vejam a minha glória

Agora, chegamos, no que eu chamaria, o clímax da oração. A parte mais importante e exultante das palavras de Jesus. A tradução de Bíblia que pus acima é a NVI, mas prefiro a Almeida Revista e Atualizada (ARA) que trará “para que vejam em vez de “e vejam(NVI). Isso mexe em algo? Sim. Há certa diferença em eu dizer que quero beber leite e ficar forte, do que dizer que quero beber leite para que fique forte. Há um objetivo na segunda frase. Então, Jesus ora por seus discípulos e pede a Deus que eles estejam sempre com Ele para que vejam sua glória. Que oração mais ousada! Ao ler isso, pensei: “o propósito máximo de eu estar com Cristo é para ver a sua glória?!”. Que supremo! Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos Senhores, de fato. Ele me quer para que eu veja sua glória. “Isso não seria egoísmo de sua parte? Me querer somente para ver sua glória?” Não, não é egoísmo, mas felicidade: “Bem-aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus.” (Mt 5. 8) (itálico meu). Aqueles que são puros de coração são extremamente felizes, pois verão a Deus. Portanto, eis o que é o céu: “estar com Cristo para ver sua glória”. O livro de João está repleto da glória de Deus. João gostava disso.
·         Jesus fez seus milagres para manifestar sua glória: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. (2. 11)
·         Jesus buscou a glória de seu Pai: “... o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça”. (7. 18)
·         Doenças e até a morte existem para a glória de Deus e de seu Filho: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. (11. 4)
·         Devemos amar a glória de Deus, não a dos homens: “...porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” (12. 43)
·         Jesus disse que Deus responderia orações para sua glória: “Tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (14. 13)
·         Damos muito fruto para a glória de Deus: “Nisto é glorificado o meu Pai, em que deis muito fruto”. (15. 8)
·         O Espírito Santo glorifica o Filho de Deus: “Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. (16. 14)
·         Jesus suportou sofrimentos para a glória de Deus: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a Ti.” (17. 1)

Portanto, está claro como água que o Pai quer ser glorificado no Filho e o Filho, no Pai, para a glória mútua e máxima deles. Essa mesma glória veremos no céu. Veremos, contemplaremos e admiraremos a glória de Deus. Esse deve ser nosso propósito de vida. Nesse mundo somos tentados a fixar nosso olhar no que é visível e temporário. Vemos problemas, distrações, violência e morte que esse mundo, a cada segundo, traz. Mas se tivéssemos um alvo de vida maior, contemplar a glória de Deus e vive-la, seríamos mais felizes e menos dependentes deste mundo caído. Um dos versículos mais fortes sobre a glória de Deus em sua vinda, tanto na destruição dos ímpios como na glória dos filhos de Deus é 2Tessalonicenses 1. 9, 10: “Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho.” (itálico meu). Assim, eu argumento que visão é o que nos falta, a nós, cristãos. Podemos orar nessa terra e o faremos no céu; Deus pode falar conosco e o fará no céu; podemos trabalhar para Deus e o faremos no céu; podemos glorificar a Deus na terra e o faremos lá, porém, ainda não podemos ver Jesus. Isso é o que nos falta e será cumprido lá, somente. Todos teremos uma visão de Deus, a qual será o combustível de nossa adoração, aquilo de que mais necessitamos.

Me amaste antes da criação do mundo

Há uma relação da glória de Jesus e o amor de seu Pai. Isso é notório por suas palavras. Ele diz que o Pai deu glória a ele por causa do eterno amor entre eles: “porque me amaste antes da criação do mundo.” Se considerarmos que é verdade que o amor entre eles nunca teve começo ou fim, a glória, que depende desse amor, também não. Portanto, eles sempre tiveram glória, porque sempre houve amor. A glória conferida por Deus a Jesus sempre foi eterna e plena. Tudo depende desse amor. Nossa alegria também. Aliás, lá no lugar celestial o admiraremos para todo o sempre. Lá mesmo ele estará em seu trono e dirá: “Me adore! Me admire! Me veja! Me contemple! Me ame! Me glorifique!” Sim, seremos capazes de atender a essas condições por todo o sempre. Ele está conosco para sempre e não quebrará sua aliança: “estarei sempre com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28. 20).
Agora, poderíamos responder completamente a pergunta “O que é o céu?”. “O céu é estar com Jesus para ver sua glória por causa do pleno e eterno amor entre o Pai e o Filho.” Que a vontade de Jesus também seja a minha e a sua. Amém.

Victor Hugo Roque
Fortaleza, CE
03 de Outubro de 2015




[1] Veja João 6. 37, 39; Rom 8. 29, 30; 9. 11 – 13; 1Co 1. 23, 24; Ef 1. 4, 5, 11; 2Tes 2. 13.