Um apelo aos professores das Escolas Bíblicas!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Um apelo aos professores das Escolas Bíblicas!



Era um domingo pela manhã como tantos outros e mais uma vez eu estava sentado nas primeiras fileiras da igreja esperando que a cerimônia de abertura da EBD terminasse e, então, poder me dirigir, com meus alunos, para sala de aula. Até que uma jovem, também professora, senta ao meu lado e, depois de cumprimentar-me, diz (com um sorriso no rosto):

- Acredita que eu não sei nem o tema da lição de hoje!?

Confuso, pergunto:

- Sério? Mas como você vai dar aula assim?

- Ahhh, isso é besteira! Meus alunos são novos, eu chego na sala, vejo o tema da lição, fico falando qualquer coisa pra enrolar, depois faço uma ou duas brincadeiras e dá o tempo de terminar a aula.

Confesso que não respondi nada. Na hora, dei um sorriso meio amarelado e sem jeito. Mas, infelizmente, essa situação não tem graça nenhuma. Ela reflete a pouca (as vezes, nenhuma) importância que é dada ao ministério do ensino em nossas igrejas. Minha colega professora (hoje, não mais – graças a Deus!) representa um comportamento muito comum entre os docentes de escolas bíblicas. Por que isso acontece? Quais as consequência disso? O que leva uma igreja de 100 membros a ter somente 10 ou 20 alunos frequentando sua Escola Bíblica?

O episódio com minha colega professora me fez refletir por muitas semanas sobre a crise evangélica que vivemos hoje. A maioria dos cristãos vive uma religião nominal, costumeiramente aderem a práticas não-bíblicas e tornam-se ouvintes compulsivos de “pregações” e músicas distantes da verdade de Deus. Não tenha dúvidas: a gênese desses e tantos outros males que nos assolam é a falta de ensino bíblico.

Creio que uma das maiores razões para o problema do ensino nas igrejas é a falta de critério na seleção dos mestres. O ensino é uma vocação, um chamado especial. O professor bíblico, claramente, precisa ter um amor pelo ensino da Palavra. Sua visão precisa ser a mesma do jardineiro que, todos os dias, pacientemente, rega cada planta do jardim, sabendo que ao longo da noite a transformação que ela sofrerá será minúscula mas que, ao longo prazo, todos verão as mudanças a olho nu. Precisamos parar de escolher professores simplesmente por falarem bem em público, serem desinibidos ou mesmo por se destacarem em qualquer outro serviço na igreja. A seleção precisa estabelecer outros critérios mais importantes!

A ausência da prática do estudo também é um problema sério, especialmente, por ser um problema cultural. O brasileiro não é muito simpatizante do estudo e da leitura séria, preferindo sempre uma boa partida de futebol ou deliciar-se com lixos midiáticos de um reality show qualquer. Isso torna professores e alunos mais preguiçosos na hora de ler a Bíblia ou livros cristãos de apoio.

Porém, é impossível chegarmos a um avivamento na igreja brasileira sem restauramos um profundo senso de urgência na meditação bíblica. É mister que voltemos a ensinar nosso povo a como ler cada livro da bíblia e apropriar-se, com sabedoria, das verdades reveladas por Deus.

Fui convidado para ser professor da EBD com 20 anos de idade. Na época, meu líder deixou claro os critérios que utilizou na minha seleção: boa frequência como aluno, bom hábito de leitura, frequência nos cultos, etc. Quando recebi o convite, fiquei bem surpreso e um pouco perdido, não sabia bem como proceder como professor. Por providência divina, fui colocado para dar aulas ao lado de uma professora mais experiente e muito dedicada que me ajudou bastante. Ao longo desses 9 anos de ensino, confesso que, a cada dia, fico mais apaixonado por esse ministério. É, provavelmente, o que faço com mais amor na casa de Deus e me dá angústia ver professores comportarem-se como a colega cuja história relatei no início.

Por isso, gostaria de fazer um apelo aos meus irmãos e irmãs que são mestres em suas igrejas.

1.    POR FAVOR, amem o ensino, ou então deixem-no: se você aceitou o convite para ministrar uma classe de estudo bíblico e descobriu que essa NÃO é a sua vocação. Exerça sua humildade e devolva o cargo para o líder, justifique seu motivo e deixe claro que está fazendo isso visando o crescimento do reino! Não aja com irresponsabilidade esperando que a liderança se canse de você e ponha outro em seu lugar. Além de desonesto é muito irresponsável!

2.    POR FAVOR, se preparem com antecedência para a aula: alunos não são bobos e percebem quando o professor não tem noção do que está falando. Quando termino minha aula no domingo pela manhã, já reservo parte do meu domingo à tarde para separar todo material bibliográfico de apoio que irei ler ao longo da semana. No sábado, já tenho todo meu esquema preparado e apenas reviso para aquecer a memória. Sei que é complicado organizar as agendas num mundo tão atarefado de compromissos, mas quando algo é prioridade, sempre disponibilizando tempo para isso. Por isso, entenda: ensino é ministério de altíssima prioridade na igreja local. Você, professor, está lidando com o amadurecimento espiritual de irmãos na fé! O que pode ser mais importante do que isso?

3.    POR FAVOR, leiam muito: é inadmissível um professor que não gosta de estudar! Quando que você leu um bom livro cristão pela última vez? Você se contenta com poucas páginas de subsídios ou busca aprofundar-se no tema na qual vai ministrar? Aulas superficiais desmotivam nossos alunos e os fazem se acostumar com mensagens e leituras superficiais das escrituras. Lembre-se: pérolas não flutuam!

4.    POR FAVOR, amem seus alunos fora da sala de aula: busque contato com eles ao longo da semana, se interesse pela vida espiritual, familiar, profissional de cada um. Procure-os nas redes sociais, mande versículos bíblicos, convide-os para sair...enfim, faça contato além da sala de aula. Você não é professor profissional, você é um professor-irmão-em-Cristo e, como tal, deve amar seu irmão. Alunos percebem quando seu interesse por ele resume-se a, simplesmente, que ele seja um corpo presente a mais no domingo pela manhã.

Enfim, esse artigo foi só um rápido desabafo. Espero que você, professor, tenha feito uma autoavaliação sobre seu ministério de ensino. Lembre-se do que Paulo diz em Romanos 12.7: “Se o ministério é...ensinar, que haja dedicação...”.

Dedique-se!

Em Cristo,
Thiago Holanda.



4 comentários :

  1. Um texto que reflete bem a realidade das nossas igreja. Não só do ensino, mas também da gestão, em parte.
    Uma narração simples e pura. Da análise nada tenho nem mesmo a acrescentar, somente firmar.
    Temos que entender que o estudo é a prova da vivacidade do nosso amor a Deus. Queremos saber mais dEle: o que Ele espera: do que Ele se agrada...
    Quanto a responsabilidade do professor cristão, bem, vai mais além do repassar conhecimento. Sua dedicação transcede, gerando inquietude por formar alunos que tenham benquerência pelas escrituras. E isso só é possível com oração, dedicação, zelo ee, principalmente, exemplo.

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  2. Falou tudo! Infelizmente essa a nossa realidade, precisamos orar a Deus por mais amor e dedicação a Palavra e ao ensino bíblico.

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