O que os ídolos do coração fazem comigo? (aprendendo com o exemplo de Amnon)
Ídolo é tudo que rouba o lugar de Deus em nosso coração. Sim, é uma definição bem simplória, mas completa. Como Cristãos, devemos amar ao Senhor acima de todas as coisas (Lc 1.27) e tudo que assume essa posição se torna um ídolo, ainda que seja intrinsecamente inofensivo.
Existem ídolos bem diferentes: bens materiais, amigos, namorados(as), fama em redes sociais e há, até mesmo, quem idolatre a igreja e seus respectivos líderes. Enfim, não preciso me alongar para convencê-lo(a) da pecaminosidade dos ídolos, mas quero mostrar biblicamente como eles nos afetam de maneira profunda. Para tanto, usarei o exemplo de Amnon, filho de Davi.
2 Samuel 13 nos conta essa trágica história: Amnon estava completamente obcecado por sua meia-irmã Tamar, moça muito bela e pura (v.2), mas ele não via chances de possuí-la. Seu primo, Jonadabe, deu um conselho bem maligno: fingir de doente para que ela venha cuidar dele e, assim, ter a chance de abusá-la sexualmente (sei que você, assim como eu, não consegue deixar de sentir nojo desses sujeitos toda vez que lê essa trama).
Aprendemos muito sobre ídolos no coração a partir desse episódio e podemos extrair lições valiosas sobre como somos afetados, veja:
1. Você manipula pessoas para conseguir o que quer: note como o grande Rei Davi se tornou um fantoche nas mãos de seu filho mimado (v.6). Amnon não teve medo de usar o seu próprio pai para conseguir o que queria. Quem está obcecado por seu ídolo manipula, até mesmo, pessoas que ama para conquistar aquilo que se idolatra.
2. Faz você perder completamente a razão: note que essa ‘paixão’ não era um caso perdido para Amnon. Tamar sugere que ele não a abuse, mas a peça ao Rei em casamento, que não a negaria. Se Amnon estivesse raciocinando bem, perceberia que não custaria nada esperar um pouco mais para casar e ser feliz pelo resto da sua vida com Tamar. Mas, entenda: nossa relação com os ídolos nunca será de amor, mas de abuso. Queremos os ídolos para que beneficiem e satisfaçam os desejos pecaminosos do nosso coração. Amnon estava pouso se importando com as súplicas de Tamar sobre o escândalo que aquilo causaria (v.13), mas ele queria somente satisfação, ainda que momentânea.
3. O prazer dos ídolos é passageiro: o prazer de ter sua irmã era tudo que Amnon queria, mas descobriu que a satisfação de sua obsessão era passageira. Logo que praticou o abuso, desprezou Tamar (v.15)
4. Ídolos cobram um alto preço: as vezes é a própria vida e Amnon é um exemplo disso. Com o ato praticado, Absalão, irmão de Tamar, ficou furioso e jurou que mataria o abusador por isso. Dito e feito. Note que demorou 2 anos para que Absalão se vingasse, mas ele o fez. Um homem tolo e inconsequente comete seus desvios e acha que nunca será cobrado por aquilo. Ledo engano. A lei da Semeadura não é uma lei brasileira, cuja existência e aplicabilidade se restringe aos papéis, mas é uma lei divina e seu executor não tarda nem falha. Amnon pagou com a própria vida pelo erro cometido.
5. Alimentar ídolos prejudica também o meu próximo: a história acabou com a morte de Amnon? Não! As consequências da briga com Absalão e sua morte iniciaram uma segunda trama que vai findar na deposição temporária do seu próprio pai Davi (2 Sm 15). Acreditar que alimentar ídolos não vai prejudicar as pessoas que estão próximas a você é inocência ou cinismo. O marido que busca pornografia, o filho viciado no Instagram, o líder obcecado por poder e reputação...todos esses ídolos prejudicam inocentes.
Nenhum de nós está livre dos ídolos, por isso espero que esse artigo o ajude a entender sobre os malefícios de mantê-los em nossos corações. Não pense que é fácil livrar-se deles, mas quem faz essa limpeza é o próprio Espírito Santo. Oremos sempre como o salmista: “...vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.24).
Em Cristo,
Thiago Holanda.
0 comentários :
Postar um comentário