O que aprendo com o Consciência Cristã (e outros eventos da mesma natureza)?

quarta-feira, 1 de março de 2017

O que aprendo com o Consciência Cristã (e outros eventos da mesma natureza)?



Hoje cheguei da minha segunda participação na 19ª edição do Consciência Cristã, que é um evento interdenominacional e ocorre anualmente em Campina Grande (PB), sempre durante o feriado do Carnaval. Confesso que estou bem cansado, porém satisfeitíssimo, pois foram dias de muito aprendizado, confronto e consolo mediante exposições bíblicas e palestras muito bem elaboradas. Difícil até de dizer o que foi mais precioso! Mas, enfim, não é sobre minha experiência durante o evento que quero falar, mas o que aprendo e levo comigo no pós-evento.
Nós, evangélicos, gostamos muito de movimentos desse tipo. Conferências, congressos, seminários, etc. E que bom! É uma felicidade o povo de Deus ainda se reunir em eventos para receber aprendizado bíblico e fortalecer a comunhão de irmãos que, sem esses momentos, jamais se conheceriam! São oportunidades únicas...o problema nisso tudo (e quero deixar claro que isso não é culpa das organizações desses eventos) é a bagagem que trazemos para casa em nosso imaginário. Disso, vejo 3 erros muito cometidos pelos crentes:

1.    Participações superficiais: são aqueles que vão “na onda” de outros e, até mesmo, se deixam empolgar pelas ministrações, contudo, o que é dito não é absorvido. Não há uma reflexão e aplicação das verdades de Deus expostas no evento na vida daquele crente. Ele ouve, acha bonito, mas não pratica nada!

2.    Participações idólatras: são um pouco parecidos com os primeiros, a diferença é que estes costumam “puxar o bonde”[1], ou seja, se planejam com muitíssimos meses de antecedência, poupam dinheiro, perdem noites de sono com ansiedade, vibram, anotam tudo, choram, mas acaba tudo ali. O evento é o pico alto da vida espiritual daquelas pessoas e depois que retornam para suas igrejas locais tornam-se, novamente, os mesmos crentes medíocres de antes, até o dia de injetarem essa dose de adrenalina outra vez. 

3.    Soberbos e amostrados: voltam “arrotando” santidade. Sentem-se parte de uma casta superior da igreja por participarem de eventos assim e são agora membros de um clube V.I.P do céu que, aparentemente, terá espaço reservado nas cadeiras mais próximas de Jeová durante as bodas do cordeiro! Tudo porque? Porque foram agraciados por Deus com a oportunidade de participar de um momento de aprendizado que muitos irmãos, por motivos de trabalho e/ou financeiro, não puderam estar presentes. Em vez de usarem o aprendizado para abençoar outras vidas, usam-no para humilhar irmãos na fé! Lembro de uma moça da minha igreja que participou de uma escola de missões durante alguns dias e voltou para a igreja e reuniu os jovens para dizer em alto e bom som: “antes eu não sabia o que era ser uma cristã de verdade, pois nunca me ensinaram e agora eu aprendi tudo e vi o quão fútil eu era”, detalhe: essa moça sempre fez parte de uma igreja bíblica e sadia.

Bem, citei alguns erros comuns que cristãos cometem nesse contexto, mas quero responder a seguinte pergunta: o que EU procuro fazer quando retorno de eventos assim?

1.    Recapitular todo conhecimento adquirido: procuro, ao longo do evento, anotar tudo que é dito, desde ideias centrais dos preletores até dicas de livros e citações de outros autores. Sempre que posso, passo a limpo para meu computador todos os rabiscos feitos.

2.    Reaplicar e meditar esse conhecimento: é a continuação natural do passo 1. Não posso permitir que tudo fique na mente, é necessário que essas verdades desçam ao meu coração. Medito novamente nos sermões, vou em busca das passagens bíblicas de suporte e, até mesmo, procuro escrever compromissos pessoais com Deus a partir dessas verdades.

3.    Usar o aprendizado em minha igreja local: aqui é algo que acontece de forma mais dissipada. Com o passo 2, as verdades entram no meu coração e me levam para mais perto do Senhor e, a partir disso, me torno mais habilitado para ajudar meus irmãos na igreja local em momentos de pregação e/ou aconselhamento. De que adiantaria “engordar” com tantas ministrações sem usar essas “calorias” para ajudar irmãos em Cristo a correrem junto comigo?

Assim, vocês que frequentam esses eventos, procurem direcionar essa participação para glória de Deus. Contudo, isso só vai acontecer quando as verdades ali ministradas os fizerem mais humildes ao ponto de reconhecerem que precisam mais e mais da graça do Senhor, bem como entenderem que outros ao seu lado também precisam disto, e tiverem a coragem de ajuda-los nesse sentido.
Vocês que ainda não costumam frequentar esses eventos, não o deixem de fazê-lo por conta de testemunhos impróprios de pessoas que cometeram alguns dos deslizes citados! Não! Participem, aprendam, ouçam! Deus tem muito a compartilhar conosco por meio de irmãos que dedicaram, às vezes, décadas de profundo estudo e meditação nas escrituras. Ao negligenciar isso, vocês poderão perder uma grande chance de amadurecer na fé.
Para finalizar: precisamos reconhecer que a caminhada com Cristo é longa e dinâmica, não podemos parar! Alguém já disse que andar com o Senhor é como pedalar uma bicicleta: se parar, cai.

“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12 )

 Em Cristo,
Thiago Holanda.






[1] Influenciar outros para que também participem, caso você não seja familiarizado com essa gíria.

2 comentários :

  1. Boas reflexões e levantamentos! Participei da CC ano passado e esse ano e foram bênçãos na minha vida! Entretanto, a obra do Senhor deve ser constante, não podemos ser "Cristãos Carnavalescos" que a cada programação especial/retiro/congresso se "enchem de unção", mas que, ao término dessa programação voltam a fraqueza espiritual.

    Paz e Graça!

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