março 2017

sábado, 11 de março de 2017

O que os ídolos do coração fazem comigo? (aprendendo com o exemplo de Amnon)


Ídolo é tudo que rouba o lugar de Deus em nosso coração. Sim, é uma definição bem simplória, mas completa. Como Cristãos, devemos amar ao Senhor acima de todas as coisas (Lc 1.27) e tudo que assume essa posição se torna um ídolo, ainda que seja intrinsecamente inofensivo.

Existem ídolos bem diferentes: bens materiais, amigos, namorados(as), fama em redes sociais e há, até mesmo, quem idolatre a igreja e seus respectivos líderes. Enfim, não preciso me alongar para convencê-lo(a) da pecaminosidade dos ídolos, mas quero mostrar biblicamente como eles nos afetam de maneira profunda. Para tanto, usarei o exemplo de Amnon, filho de Davi.

2 Samuel 13 nos conta essa trágica história: Amnon estava completamente obcecado por sua meia-irmã Tamar, moça muito bela e pura (v.2), mas ele não via chances de possuí-la. Seu primo, Jonadabe, deu um conselho bem maligno: fingir de doente para que ela venha cuidar dele e, assim, ter a chance de abusá-la sexualmente (sei que você, assim como eu, não consegue deixar de sentir nojo desses sujeitos toda vez que lê essa trama). 

Aprendemos muito sobre ídolos no coração a partir desse episódio e podemos extrair lições valiosas sobre como somos afetados, veja:

1. Você manipula pessoas para conseguir o que quer: note como o grande Rei Davi se tornou um fantoche nas mãos de seu filho mimado (v.6). Amnon não teve medo de usar o seu próprio pai para conseguir o que queria. Quem está obcecado por seu ídolo manipula, até mesmo, pessoas que ama para conquistar aquilo que se idolatra.

2. Faz você perder completamente a razão: note que essa ‘paixão’ não era um caso perdido para Amnon. Tamar sugere que ele não a abuse, mas a peça ao Rei em casamento, que não a negaria. Se Amnon estivesse raciocinando bem, perceberia que não custaria nada esperar um pouco mais para casar e ser feliz pelo resto da sua vida com Tamar. Mas, entenda: nossa relação com os ídolos nunca será de amor, mas de abuso. Queremos os ídolos para que beneficiem e satisfaçam os desejos pecaminosos do nosso coração. Amnon estava pouso se importando com as súplicas de Tamar sobre o escândalo que aquilo causaria (v.13), mas ele queria somente satisfação, ainda que momentânea.

3. O prazer dos ídolos é passageiro: o prazer de ter sua irmã era tudo que Amnon queria, mas descobriu que a satisfação de sua obsessão era passageira. Logo que praticou o abuso, desprezou Tamar (v.15)

4. Ídolos cobram um alto preço: as vezes é a própria vida e Amnon é um exemplo disso. Com o ato praticado, Absalão, irmão de Tamar, ficou furioso e jurou que mataria o abusador por isso. Dito e feito. Note que demorou 2 anos para que Absalão se vingasse, mas ele o fez. Um homem tolo e inconsequente comete seus desvios e acha que nunca será cobrado por aquilo. Ledo engano. A lei da Semeadura não é uma lei brasileira, cuja existência e aplicabilidade se restringe aos papéis, mas é uma lei divina e seu executor não tarda nem falha. Amnon pagou com a própria vida pelo erro cometido.

5. Alimentar ídolos prejudica também o meu próximo: a história acabou com a morte de Amnon? Não! As consequências da briga com Absalão e sua morte iniciaram uma segunda trama que vai findar na deposição temporária do seu próprio pai Davi (2 Sm 15). Acreditar que alimentar ídolos não vai prejudicar as pessoas que estão próximas a você é inocência ou cinismo. O marido que busca pornografia, o filho viciado no Instagram, o líder obcecado por poder e reputação...todos esses ídolos prejudicam inocentes.

Nenhum de nós está livre dos ídolos, por isso espero que esse artigo o ajude a entender sobre os malefícios de mantê-los em nossos corações. Não pense que é fácil livrar-se deles, mas quem faz essa limpeza é o próprio Espírito Santo. Oremos sempre como o salmista: “...vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.24).

Em Cristo, 
Thiago Holanda.

quarta-feira, 1 de março de 2017

O que aprendo com o Consciência Cristã (e outros eventos da mesma natureza)?



Hoje cheguei da minha segunda participação na 19ª edição do Consciência Cristã, que é um evento interdenominacional e ocorre anualmente em Campina Grande (PB), sempre durante o feriado do Carnaval. Confesso que estou bem cansado, porém satisfeitíssimo, pois foram dias de muito aprendizado, confronto e consolo mediante exposições bíblicas e palestras muito bem elaboradas. Difícil até de dizer o que foi mais precioso! Mas, enfim, não é sobre minha experiência durante o evento que quero falar, mas o que aprendo e levo comigo no pós-evento.
Nós, evangélicos, gostamos muito de movimentos desse tipo. Conferências, congressos, seminários, etc. E que bom! É uma felicidade o povo de Deus ainda se reunir em eventos para receber aprendizado bíblico e fortalecer a comunhão de irmãos que, sem esses momentos, jamais se conheceriam! São oportunidades únicas...o problema nisso tudo (e quero deixar claro que isso não é culpa das organizações desses eventos) é a bagagem que trazemos para casa em nosso imaginário. Disso, vejo 3 erros muito cometidos pelos crentes:

1.    Participações superficiais: são aqueles que vão “na onda” de outros e, até mesmo, se deixam empolgar pelas ministrações, contudo, o que é dito não é absorvido. Não há uma reflexão e aplicação das verdades de Deus expostas no evento na vida daquele crente. Ele ouve, acha bonito, mas não pratica nada!

2.    Participações idólatras: são um pouco parecidos com os primeiros, a diferença é que estes costumam “puxar o bonde”[1], ou seja, se planejam com muitíssimos meses de antecedência, poupam dinheiro, perdem noites de sono com ansiedade, vibram, anotam tudo, choram, mas acaba tudo ali. O evento é o pico alto da vida espiritual daquelas pessoas e depois que retornam para suas igrejas locais tornam-se, novamente, os mesmos crentes medíocres de antes, até o dia de injetarem essa dose de adrenalina outra vez. 

3.    Soberbos e amostrados: voltam “arrotando” santidade. Sentem-se parte de uma casta superior da igreja por participarem de eventos assim e são agora membros de um clube V.I.P do céu que, aparentemente, terá espaço reservado nas cadeiras mais próximas de Jeová durante as bodas do cordeiro! Tudo porque? Porque foram agraciados por Deus com a oportunidade de participar de um momento de aprendizado que muitos irmãos, por motivos de trabalho e/ou financeiro, não puderam estar presentes. Em vez de usarem o aprendizado para abençoar outras vidas, usam-no para humilhar irmãos na fé! Lembro de uma moça da minha igreja que participou de uma escola de missões durante alguns dias e voltou para a igreja e reuniu os jovens para dizer em alto e bom som: “antes eu não sabia o que era ser uma cristã de verdade, pois nunca me ensinaram e agora eu aprendi tudo e vi o quão fútil eu era”, detalhe: essa moça sempre fez parte de uma igreja bíblica e sadia.

Bem, citei alguns erros comuns que cristãos cometem nesse contexto, mas quero responder a seguinte pergunta: o que EU procuro fazer quando retorno de eventos assim?

1.    Recapitular todo conhecimento adquirido: procuro, ao longo do evento, anotar tudo que é dito, desde ideias centrais dos preletores até dicas de livros e citações de outros autores. Sempre que posso, passo a limpo para meu computador todos os rabiscos feitos.

2.    Reaplicar e meditar esse conhecimento: é a continuação natural do passo 1. Não posso permitir que tudo fique na mente, é necessário que essas verdades desçam ao meu coração. Medito novamente nos sermões, vou em busca das passagens bíblicas de suporte e, até mesmo, procuro escrever compromissos pessoais com Deus a partir dessas verdades.

3.    Usar o aprendizado em minha igreja local: aqui é algo que acontece de forma mais dissipada. Com o passo 2, as verdades entram no meu coração e me levam para mais perto do Senhor e, a partir disso, me torno mais habilitado para ajudar meus irmãos na igreja local em momentos de pregação e/ou aconselhamento. De que adiantaria “engordar” com tantas ministrações sem usar essas “calorias” para ajudar irmãos em Cristo a correrem junto comigo?

Assim, vocês que frequentam esses eventos, procurem direcionar essa participação para glória de Deus. Contudo, isso só vai acontecer quando as verdades ali ministradas os fizerem mais humildes ao ponto de reconhecerem que precisam mais e mais da graça do Senhor, bem como entenderem que outros ao seu lado também precisam disto, e tiverem a coragem de ajuda-los nesse sentido.
Vocês que ainda não costumam frequentar esses eventos, não o deixem de fazê-lo por conta de testemunhos impróprios de pessoas que cometeram alguns dos deslizes citados! Não! Participem, aprendam, ouçam! Deus tem muito a compartilhar conosco por meio de irmãos que dedicaram, às vezes, décadas de profundo estudo e meditação nas escrituras. Ao negligenciar isso, vocês poderão perder uma grande chance de amadurecer na fé.
Para finalizar: precisamos reconhecer que a caminhada com Cristo é longa e dinâmica, não podemos parar! Alguém já disse que andar com o Senhor é como pedalar uma bicicleta: se parar, cai.

“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12 )

 Em Cristo,
Thiago Holanda.






[1] Influenciar outros para que também participem, caso você não seja familiarizado com essa gíria.