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sábado, 21 de janeiro de 2017
O mundo nos oferece muitos ídolos. Já na
infância somos apresentados aos “super-heróis”, os quais iluminam nosso
imaginário e nos fazem acreditar que, apesar dos fortes inimigos, tudo sempre
terminará bem. Na adolescência conhecemos os cantores e bandas, e almejamos o
sucesso por eles alcançado; veneramos
esportistas milionários que, com muito carisma, tentam nos ensinar que
possuímos em nós mesmos a capacidade de conseguir tudo que desejamos; e não
podemos nos esquecer também dos artistas famosos, tão admiráveis aos nossos
olhos; dentre outras personalidades que passam a ser referência de glória e
felicidade. Com o passar dos anos esses “mestres” vão mudando, nos apresentando
sempre novas ilusões que nos apontam qual o caminho seguir. Mas será que eles caminham de acordo com os
ensinamentos de Jesus ou são meras tentativas do inimigo de desviar nosso olhar
do Mestre dos mestres?
A pós-modernidade, com suas muitas
“verdades”, coloca em nossa mente a ideia de que precisamos adotar a verdade que
nos faz mais feliz, ou seja, é a nossa conveniência que determina no que
acreditamos. Não é à toa que o mundo gospel tem vendido diferentes “pacotes de
Jesus” no mercado da Fé. Existe o “Jesus paz e amor”, que deseja que você creia
nele e, até mesmo, demonstre que lembra dele postando algo religioso nas suas
redes sociais, mas que não interfere na sua vida e deixa você ser feliz do
jeito que você quer, afinal, esse “Jesus” é todo “amor”. Tem também o “Jesus
Coach”, aquele que trabalha com Programação NeuroLinguística e que é
especialista em fazer você ganhar dinheiro. Com esse “Jesus”, pecado é ser
pobre e graça é usar um iPhone de última geração.
Enfim, em um mundo de tantas mentiras
fantasiadas de verdade, em que mestre devemos acreditar? E mais: o que
significa ser discípulo?
Para nossa aula, usaremos a seguinte
definição:
“Discípulo é a pessoa que aprende com um mestre, procurando não apenas
conhecer seus ensinamentos, mas vivê-los.”
Portanto, discípulos de Cristo são aqueles
que:
a)
Creem Nele como salvador
do mundo.
b) Procuram conhecer sempre
mais sobre seus ensinamentos (contidos exclusivamente na Bíblia)
c)
Aplicam esses ensinamentos
em sua vida.
Em Colossenses 1.28, Paulo diz: “A quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e
ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o
homem perfeito em Jesus Cristo”. A expressão “perfeito” não
significa, aqui, sem defeitos, mas dá a ideia de maturidade, ou seja, o
objetivo do ministério de Paulo era formar discípulos maduros, que se
submetessem a Cristo em tudo. Assim, a vida de um discípulo deve apresentar as
marcas de um seguidor do Mestre dos mestres. Mas que marcas são essas?
Marcas
do Discípulo:
A Bíblia contém
muitas passagens que enumeram as marcas definidoras do caráter do discípulo (1
Reis 2.2-3; Mateus 5.3-16, entre outras). Porém, para fins didáticos, iremos
explorar somente a passagem de Colossenses 1.9-12:
Por esta razão,
nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de
pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do
Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no
conhecimento de Deus; corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da sua
glória, em toda a paciência e longanimidade, com gozo, dando graças ao Pai,
que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz.
a)
“sejais cheios do conhecimento da sua
vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” – a primeira marca apresentada diz respeito ao conhecimento e sabedoria.
É interessante notar que Paulo une os dois conceitos. Conhecimento da verdade
de Deus é obtido EXCLUSIVAMENTE por meio da revelação infalível e única de
Deus, a Bíblia. Paulo, em 2 Tm 3.16, nos diz que “toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar,
para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”. Vale salientar que a bíblia não nos ordena um estudo “seco” da Palavra
de Deus, pois conhecimento “morto” não edifica, ou seja, precisamos conhecer
para viver. O salmista deixa isso bem claro no Salmo 1.2: “Antes, tem
o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” O termo usando aqui é “meditar”. O conhecimento da verdade precisa ser
acompanhado pela sabedoria e inteligência espiritual. Caso contrário, conheceremos
a Palavra de Deus, mas não conheceremos o Deus da Palavra.
b) “andar dignamente diante do Senhor” – Cristo não é somente nosso Salvador, mas também nosso Senhor. Assim, precisamos
estar debaixo do Senhorio de Cristo. Paulo demonstra isso quando escreveu em
Gálatas 2.19,20: “Porque eu, pela lei, estou
morto para a lei, para viver para Deus. Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim.” Portanto, devemos
imitar o “padrão Cristo” (1 Co 11.1), pois somente assim vamos agradá-lo em
tudo.
c) “frutificando
em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus; corroborados em toda a
fortaleza, segundo a força da sua glória, em toda a paciência e longanimidade,
com gozo, dando graças ao Pai” – a vida cristã é
radicalmente dinâmica. Alguém, acertadamente, disse que ser cristão é como
andar de bicicleta...se pararmos, caímos. Isso é posto em Filipenses 3.2-14,
onde a ênfase está em verbos do tipo: “prossigo”, “alcançar” e “avançar”. Ser
cristão é sentir uma profunda inquietação na alma por não ser igual a Cristo e
buscar essa semelhança completa enquanto viver. Crescer é um imperativo (1 Pe
2.2). No verso 11 do texto que estamos analisando, Paulo especifica um pouco
mais das características que evidenciam esse crescimento usando, inclusive,
muitos termos presentes na famosa passagem do fruto do Espírito (Gálatas 5.22).
d) “herança dos santos na luz” – aqui temos o caráter escatológico do discipulado. Discípulo é aquele
que sabe que aqui nesta terra ele é peregrino. C.S Lewis diz: “Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta
Terra pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para
outro mundo.” Como igreja,
temos uma herança nos aguardando na eternidade e esse tesouro é indestrutível e
não se pode roubá-lo (Mc 6.19,20). Assim, o discípulo vive na terra enquanto
olha para o céu!
Conclusão:
Para finalizar, precisamos ser realistas e entender que ser discípulo
de Cristo não é nada fácil. O próprio Jesus deixa isso bem claro em Marcos
8.34: “Se alguém
quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” Dietrich Bonhoeffer diz: “A
salvação é de graça, mas o discipulado nos custará tudo.” Portanto, andemos na
contramão do mundo e sigamos a direção que Cristo nos deixou, balizando todas
as nossas ações e palavras pela Palavra de Deus, lembrando que ser discípulo
não nos fará populares, ricos ou mesmo pessoas de sucesso, mas nos levará aos
braços do Pai, onde desfrutaremos uma eternidade de felicidade indescritível.
Observação final: ser evangélico não é o mesmo que ser discípulo.
Muitos frequentam a igreja por anos sem nunca ter experimentado o novo
nascimento. Caso você, na leitura desse texto, tenha percebido que Cristo não é
o Salvador e Senhor da sua vida, arrependa-se dos seus pecados e
ore para que Deus o salve. Cristo é rico em misericórdia e está sempre disposto
a nos perdoar por nossas falhas. Ore, em sinceridade, pedindo para que a graça
te alcance!
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Quando a Teologia entra na cabeça, mas não no coração.
11:01:00 Thiago Holanda
No último domingo o Brasil tomou um susto: “apóstolo”
Valdemiro Santiago foi esfaqueado enquanto realizava um culto na sede de sua
igreja, no Brás (São Paulo). Aparentemente não foi nada grave, visto que filmagens
divulgadas mostram o mesmo indo embora andando, sem muita dificuldade, de sua
igreja (acompanhado por um batalhão de seguranças). Mas não é sobre esse episódio
que quero tratar, mas das reações ao fato.
Todo mundo sabe que Valdemiro (e seus semelhantes) não são
muito bem quistos pela parte mais esclarecida da população (inclusive
evangélica), e não foi surpresa nenhuma quando ouvi muitos amigos lamentarem o
fato do agressor não conseguir sucesso em sua empreitada. Contudo, me causou
surpresa ver cristãos dizerem o mesmo, especialmente uma página do Facebook.
Vejam:
Reações como essas, vinda de cristãos, me causam grande
estranheza. Essa página, em especial, é conhecida por outras declarações igualmente
polêmicas e para nossa tristeza maior: existem muitos outros perfis iguais.
Confesso que refleti muito nisso tudo e fico preocupado com
essa nova geração de jovens que se levanta em nossas igrejas ansiosos por defender
a verdade. Expor posicionamentos tão cruéis e radicais de forma escancarada
numa rede social repleta de neófitos e inimigos do evangelho é, no mínimo, um
desserviço ao reino de Deus. Ah, mais um detalhe: não interessa o que o
Valdemiro fez/faz, não estamos aqui falando do seu falso evangelho, muito menos
de sua manipulação barata de gente ignorante para benefício próprio. Não se
trata dele, mas de nós. Isso mesmo, estou falando do NOSSO coração.
Sou de berço assembleiano e sempre ouvi críticas aos que se
dedicavam um pouco mais ao estudo bíblico. O alerta era sempre o mesmo: “cuidado,
Teologia esfria o crente!”. Não precisa dizer o quanto acho essa ideia ridícula
e que, na verdade, está mais para uma desculpa esfarrapada de crentes com
preguiça de ler e que preferem confiar cegamente no que dizem seus pregadores
dominicais. Porém, não vou mentir: existe um grupinho de estudiosos que faz jus
a isso.
Richard Baxter, pastor inglês do Século XVII, notando um
esfriamento espiritual muito danoso em seus colegas de ministério, lamentou: “não
é triste que nosso coração não seja tão ortodoxo quanto nossa mente?”[1].
Isso nos revela o quão antigo é esse problema: estudar a verdade não nos faz,
necessariamente, adotá-la como um estilo de vida. Jovens que tiveram a graça de
conhecer um pouco mais de teologia , começaram a se afastar dessa mesma verdade tão ardorosamente
defendida. Na sincera luta em defesa da verdade, esqueceram de manter o fervor.
Lembremo-nos do conselho de Spurgeon aos seus alunos: “não somos passivos
transmissores de infalibilidade. Somos sinceros instruidores de coisas que
aprendemos, na medida em que podemos captá-las”[2].
Meu conselho aos jovens que estão calorosamente a procura de
debates virtuais a fim de mostrarem todo seu recém-adquirido conhecimento
teológico é: “antes de tudo, lembrem-se da sua nova identidade!” E para
completar meu conselho, peço ajuda a Paul Tripp: “ou você obtém sua identidade
verticalmente, de quem você é em Cristo, ou você procurará por ela
horizontalmente, nas situações, experiências e relacionamentos da vida diária.”[3]
Que possamos abandonar todo nosso sentimento de superioridade
e transformá-lo em gratidão por receber a graça de conhecer um pouco mais, e
não somente isso, mas usar todo nosso vigor da juventude para ensinar essa
verdade aos irmãos menos instruídos. Minha oração é: que a verdade e o amor
possam andar de mãos dadas!
Um último aviso:
“Qualquer pessoa que deixe de ser espiritual estará
automaticamente desenvolvendo uma teologia falsa, mesmo que seu pensamento seja
puro, ortodoxo e afinado com sua tradição confessional. Nesse caso, “a morte
está à espreita”. A teologia pode ser uma fria camisa de ferro que nos
aprisiona e sufoca até a morte[4].”
(Helmute Thielicke)
Em Cristo,
Thiago Holanda.
[1] Richar
Baxter, MANUAL PASTORAL DE DISCIPULADO. Editora Cultura Cristã, 2015.
[2]
Charles Spurgeon, LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS – Volume 1. Publicações Evangélicas Selecionadas, 2014.
[3]
Paul Tripp. VOCAÇÃO PERIGOSA: os tremendos desafios do ministério pastoral.
Editora Cultura Cristã, 2014.
[4]
Hemut Thielicke. RECOMENDAÇÕES AOS JOVENS TEÓLOGOS E PASTORES. Editora Vida
Nova, 2014.
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Caminhando com os mortos
14:33:00 Thiago Holanda
Gosto muito de ler, especialmente autores cristãos. Livros
são companhias agradáveis para qualquer momento, pois oferecem novas ideias e
alargam nossas percepções. Confesso que já chorei e ri sozinho inúmeras vezes
na minha sala enquanto me deliciava com páginas cujas narrativas invadiam meu
imaginário de tal forma que eu ansiava poder estar junto aos personagens da
cena, ou mesmo com o autor (a fim de sugar-lhe mais algumas ideias). Paul Tripp,
Jonathan Edwars, Spurgeon, Ravenhill e C.S Lewis já me fizeram sentir saudades
deles inúmeras vezes. Estranho, não? Sentir saudades de quem nunca
conhecemos...mas se, de fato, os livros são um pedaço de nós que persistem para
sempre, então esse sentimento perde sua estranheza.
Luto comigo mesmo em relação a ideia de ter um autor
favorito. Por um lado, não quero ser ingrato com as muitas benesses recebidas
por tantos homens que povoam minha estante. Por outro lado, não posso negar o
fato de que um autor, em especial, é o responsável por consumir horas do meu
tempo em um único parágrafo. Esse homem é C.S Lewis. Não! Eu não gasto tanto
tempo num parágrafo por conta do vocabulário arcaico. Pelo contrário, Lewis
consegue usar uma linguagem simples, mas com uma profundidade constrangedora.
Não pense que já li toda bibliografia de Lewis ou que sou um expert na sua biografia. Nada mais longe
da verdade. Li somente 4 dos seus ‘não sei quantos’ livros (são muitos) e sei
muito pouco sobre sua trajetória. Contudo, suas reflexões sobre Deus e nossa existência me
fazem entender como o Altíssimo é gracioso ao conceder a alguns homens o dom de
traduzir em belas palavras o que há de mais complexo no viver.
O que estou prestes a falar é mais estranho ainda: já me
peguei pensando em situações engraçadas: “se eu pudesse ter conhecido Lewis,
como seria?”...Louco, hein? Mas se você tem um autor favorito vai me entender
bem, imaginar uma conversa sobre seus trechos favoritos, uns questionamentos
sobre como surgiram as ideias pro livro A, B, C...ou quem sabe dar umas caminhadas
na cidade onde ele vive/viveu e tomar um café ao fim da tarde com direito a
opiniões sobre outros autores.
Sei que para alguns isso pode soar tietagem, mas palavras
vindas de um homem cheio da inspiração divina me impactam de
tal maneira que sou capaz de escapar um pouco da realidade sacal e dar uns
pulinhos no imaginário que a criança em nós nunca permitirá morrer.
Que esses prazeres nunca morram!
Em Cristo,
Thiago Holanda.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Meditação em João 7.30: soberania de Deus.
05:18:00 Thiago Holanda
A cada página das escrituras percebemos os sinais da maravilhosa
soberania de Deus. Em João 7.14-34, encontramos nosso Senhor em conflito com os
religiosos da sua época, pois estes se escandalizaram com a reivindicação de
Cristo de ser o enviado do Pai. Por conta dessa dissensão, os Judeus queriam
prender Jesus, mas não podiam “...porque
ainda não era chegada a sua hora” (Jo 7.30).
Você consegue enxergar a maravilhosa verdade por trás desse
verso? Entenda: não era a falta de recursos, coragem ou mesmo tempo hábil que
impedia a prisão de Cristo, mas foi a providência do Pai que impediu, afinal,
não era a hora de acontecer!
Continuamente somos tentados a duvidar dos planos do Senhor
com respeito ao que acontece conosco e gostamos de questioná-lo: “porque justo agora?
”. Lendo esse verso aprendemos que Deus faz tudo no tempo determinado, que é o
tempo certo.
Não duvidemos da soberania de Deus, pois foi ela quem comandou
a vida de homens como Abraão, Moisés, Daniel e o próprio Cristo, e essa mesma
soberania trabalha também em nosso favor. Peçamos sabedoria e humildade para
reconhecer a bondosa mão do Pai agindo em nosso por nós!
Que essa seja a nossa oração:
“Pai, está muito difícil compreender
teus planos. Não consigo ver o teu agir na minha vida em meio a tantas coisas
que estão acontecendo, e por isso perdão por minha incredulidade e sabedoria
para vencer o meu “eu”. Faz-me entender que és soberano e NADA escapa do teu
poder. Amém!”
Em Cristo,
Thiago Holanda.
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