Uma voz inconfundível
08:02:00 Thiago Holanda
07:56:00 Thiago Holanda
18:01:00 Thiago Holanda
Para se tornar governador do Egito, Deus precisou reposicionar José e fazê-lo sair da casa de seu pai. Abrão foi reposicionado da sua terra e parentela para um lugar totalmente desconhecido. Antes de se tornar um grande apóstolo, Paulo foi reposicionado para uma posição de esquecimento (dos homens, não de Deus). Os exemplos bíblicos são muitos, mas quase todos possuem um ponto de convergência: antes de começar uma grande história, Deus nos reposiciona.
Esse posicionamento nunca é fácil e talvez por isso seja tão necessário. Somos naturalmente atraídos a uma zona de conforto onde limitamos nosso crescimento e passamos a agir no automático. Qualquer movimento fora dessa zona nos deixa incomodados.
A partir dessa reflexão, quero te deixar uma grande verdade: para te ensinar novas lições e fazer você subir novos degraus de maturidade, Deus precisará te reposicionar. Talvez você precise encerrar uma história que você não gostaria ou se despedir de pessoas que você ama muito, mas algo Deus precisará mudar na sua trajetória.
Quando esse tempo chegar, não lute contra, receba suas novas incumbências e se submeta a vontade de Deus. O seu “eu” do futuro agradecerá.
Substitua suas âncoras por raízes. Âncoras imobilizam. Raízes alimentam.
Em Cristo,
Thiago Holanda.
24/08/2024
18:31:00 Thiago Holanda
Daniel 1.9-14
9 Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e
misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do
meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois por que
veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos outros jovens da vossa
idade? Assim porias em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos
eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que
se nos dêem legumes a comer, e água a beber.
13 Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a
aparência dos jovens que comem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires,
procederás para com os teus servos.
14 E ele consentiu isto, e os experimentou dez dias.
A passagem acima
narra um momento específico da conhecida jornada de Daniel e os seus amigos, uma
história que, provavelmente, você já conhece. Quero, contudo, abordar um
aspecto específico dessa história, que é a importância de manter bons
relacionamentos com todos ou, como costumeiramente usado nos jargões
coorporativos, um bom networking.
Daniel e o seu
povo foram levados ao cativeiro não como escravos comuns condenados a trabalhos
braçais pelo resto da vida. Pelo contrário, a ideia que motivou esse
intercâmbio forçado foi exatamente criar uma elite de jovens hebreus preparados
para difundir a “belíssima” cultura babilônica. Mesmo nesse contexto, é certo
que esses jovens permaneciam como escravos e, em tese, não possuíam direito de
escolha a nada.
Porém, como
você sabe, eles decidiram não se contaminar com as iguarias da corte e optaram
pela purificação, inclusive a alimentar. Porém, havia um obstáculo. A dieta desses
jovens não era um self-service. Eles não tinham direito a mudá-la. O
cardápio já estava definido e ponto final.
Porém, é aqui
que algo interessante acontece. Sem entrar em detalhes, a Bíblia diz que Daniel
conversou com o chefe dos eunucos e pediu que desse um “jeitinho” (não no
sentido culturalmente pecaminoso da palavra) e os liberasse da dieta do rei. E o
chefe dos eunucos aceitou!
Pode parecer
algo simples, mas não é. O cargo de chefe dos eunucos era de confiança e certamente
o homem que o ocupava não iria arriscar, com algo tão “simples”, desobedecer ao
rei e ser condenado a traição e, quem sabe, a morte. Era, simplesmente, perder
tudo por conta do pedido de um jovem desconhecido vindo de uma terra distante. Quem,
em sã consciência, atenderia esse favor?
Aqui entra nossa
reflexão: sei que Deus agiu no coração do chefe dos eunucos inclinando-o a
aceitar o pedido de Daniel. Disso não tenho dúvidas. Mas também acredito
firmemente que esse milagre foi operacionalizado por meio de um bom
relacionamento que Daniel e os seus amigos devem ter nutrido com todos os
membros da corte pagã da Babilônia. Relacionamento esse que abriu as portas para
que o pedido fosse atendido.
Aprendemos
muito com essa lição. Será que, nos ambientes que frequentamos, nós temos um
relacionamento saudável com os não cristãos que nos cercam? Conseguimos manter
esse networking?
Aqui eu
interrompo a reflexão para adicionar dois tipos de comportamento nocivos: o isolacionismo,
que é uma postura muito comum em “crentes” legalistas, que acreditam firmemente
serem parte de uma categoria especial de pessoas santas, e olham com
superioridade para qualquer outra pessoas que não julgam ser parte do mesmo
círculo. Essa postura, além de intoxicar qualquer relacionamento, ainda afasta
as pessoas de Cristo e mancha o evangelho de forma profunda. O outro
comportamento é o mundanismo, que é exatamente o extremo oposto, comumente
praticado por “crentes” que vivem um evangelho frouxo, marcado pela
permissividade e uma incorreta interpretação da graça salvífica.
Nós devemos
buscar um equilíbrio saudável entre esses dois comportamentos: viver no mundo
sem ser parte do mundo e, com isso, manter um bom relacionamento de gentileza e
misericórdia com todos aqueles que ainda não foram alcançados pela graça de
Cristo.
Que tal, na sua
rotina de trabalho, você importar-se mais com as necessidades dos colegas e, eventualmente,
oferecer ajuda? Por que não praticar a escuta ativa e se interessar pelo que as
pessoas conversam?
Existem
inúmeras maneiras, não difíceis, de manter bons relacionamentos com pessoas que
não compartilham a mesma fé que nós e devemos cultivar isso diariamente, não
apenas pensando no interesse de um dia buscar benefício, mas para manter canais
de comunicação e diálogo abertos. Canais esses que, creio eu, serão usados para
compartilhar nossa mensagem mais preciosa: a salvação em Jesus.
Eu encorajo
você a manter relacionamentos agradáveis onde você estiver: faculdade,
trabalho, vizinhança, etc...assim, as
pessoas olharão para você e verão o brilho de Cristo na sua vida.
Deus te
abençoe!
Em Cristo,
Thiago Holanda
26 de Abril de
2024.
19:04:00 Thiago Holanda
Comecei a ler o livro DISCIPLINASESPIRITUAIS PARA A VIDA CRISTÃ, de Donald S. Whitney. Há muito tempo eu
desejava ler esta obra, mas não tinha a disciplina necessária para começar
(irônico, não é mesmo?). Decidi, então, dar início a esse empreendimento e, já
no primeiro capítulo, fui impactado por muitas verdades que me fez desejar tê-lo
lido há muito mais tempo.
Pois bem, deixando esse “spoiler” de
lado, quero compartilhar uma lição muito simples e enriquecedora que encontrei
no capítulo 1, onde os autor fala de 3 catalisadores usados por Deus.
Antes de continuar, o que seria um catalisador?
Dando um “google”, encontrei que se trata
de uma substância que pode ser adicionada a uma reação para aumentar a sua
velocidade sem ser consumida durante esse processo. O autor usa esse termo para
compartilhar a ideia de que Deus possui formas específicas e universais usadas
para trabalhar em nós e mudar nossa essência. São “substâncias” que será usadas
por Ele indefinidamente enquanto habitarmos esse mundo imperfeito e formos
seres também imperfeitos.
Dos 3 catalisadores, dois não podem
ser controlados por nós (não na plenitude), o outro pode. Vamos descobrir quais
são?
O primeiro são as PESSOAS. Sim, Deus
usa pessoas para nos moldar e nos tornar mais semelhantes a Ele. Pode ser
alguém enviado para cuidar especialmente de você e te confortar em momentos de
luta, como também pode ser aquele indivíduo chato que está o tempo todo ao seu
lado testando sua paciência e te fazendo depender do Espírito para não perder a
postura. Provérbios 27.17 diz que um homem afia outro homem. Possivelmente essa
seja uma das maiores graças de ser igreja, afinal, estamos em um ambiente
repleto de pecadores, como nós, tentando viver de forma semelhante a Jesus.
Nesse processo, temos de lidar com imperfeições e, assim, somos afiados!
O segundo catalisador são as
CIRCUNSTÂNCIAS. As muitas experiências da vida nos levam, se vivermos em
dependência, para mais perto de Cristo, sejam elas boas ou ruins. Essa lição é
fácil de explicar, mas muito difícil de viver. É muito bom aprender a agradecer
quando uma porta se abre e as coisas dão certo (ainda assim tem gente que falha
nisso). Difícil, é aprender a CONFIAR quando a porta se fecha e precisamos
assistir, de camarote, nossas expectativas e sonhos afundarem no mar da
desilusão. Porém, a Bíblia deixa bem claro, Deus usa os momentos bons e os
ruins com o propósito de nos moldar. Romanos 8.28 nos ensina que “...todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito”. Que Deus nos encha de graça e sabedoria
para enxergarmos isso.
O terceiro catalisador são as
DISCIPLINAS ESPIRITUAIS. Aqui, nós temos uma maior autonomia. Não posso acordar de manhã e
escolher todas as circunstâncias a qual serei exposto e nem todas as pessoas
que cruzarão o meu caminho, mas posso ter autonomia para dizer a mim mesmo: “hoje
vou meditar na Bíblia”; ou “hoje usarei o meu dia para jejuar”. Inclusive, foi
pensando nesse terceiro catalisador que o autor decidiu escrever o livro.
Esses três catalisadores são continuamente
inseridos na história que Deus está construindo em nossas vidas. Porém, nem
sempre temos a oportunidade de enxergá-los ou entende-los. Mesmo assim, estão
diante de nós!
Que possamos aprender a viver confiando
plenamente no que Deus está fazendo em nós!
Em Cristo,
Thiago Holanda,
25 de Março de 2024.
18:10:00 Thiago Holanda
Recentemente
encontrei uma colega cujo pai trabalhou como pastor de uma igreja local por
muitos anos. A igreja dele era vinculada a uma denominação muito grande, com
diversas outras igrejas coirmãs, todas vinculadas a uma igreja sede. Ao
questionar como estava seu pai, fiquei surpreso com a resposta: “papai está
afastado há anos, deixou o pastorado e hoje já não frequenta mais nenhuma igreja”.
Constrangido
pela resposta, tentei mudar o foco da conversa, mas ela continuou: “fico triste
pelo papai, mas também fico triste pela denominação. Nenhum dos outros
pastores, nem mesmo os que exerciam liderança sobre ele, jamais se importaram
de saber como ele estava. Nem mesmo uma ligação telefônica”.
Histórias
como essa se repetem em inúmeras outras comunidades cristãs ao redor do mundo. Pessoas
que passam pelas nossas igrejas, às vezes vivem intensamente a comunhão dos
santos (as vezes não), trabalham arduamente em prol do reino, mas, em
determinado momento, por circunstâncias diversas, se afastam da igreja e parece
que ninguém se importa com isso. São os esquecidos pelo caminho. Essa
indiferença, além de grotesca e completamente distante do amor de Cristo, tem
criado um exército de ressentidos com a igreja.
Não
estou aqui tentando atenuar a responsabilidade dessas pessoas de deixar a
igreja ou virar as costas para a fé. Não é isso. Cada um deve vigiar e permanecer
de pé (1 Coríntios 10.12). Todos prestaremos contas de nossos atos e
responderemos diante de Deus, sem ter o “privilégio” de apontar dedos para
ninguém.
Contudo,
como igreja, precisamos fazer uma “mea culpa” e entender que falhamos muito no
papel de dar atenção aos que estão fraquejando. Convido você a refletir: “quantas
vezes você já reparou que determinado(a) irmão(ã) tem faltado os últimos cultos
e decidiu ligar para saber como a pessoa estava?” ou “quantas vezes você se
juntou a um grupo de irmãos para visitar alguém que deixou de ir à igreja?”.
Parece
que hoje é muito mais fácil envolver-se com a organização do reino do que propriamente
com o reino em si. De que adianta sermos uma igreja repleta de programações,
com um louvor impecável, um lindo ministério de teatro, e um culto festivo, se,
quando um de nós se perde, não há ninguém suficientemente sensível para se
importar?
Inúmeros
pastores e líderes vivem cegos pelo desejo de ver suas igrejas crescerem,
renderem mais dízimos, se tornarem mais dinâmicas, etc...mas eles enxergam a
igreja como mera coletividade, esquecendo-se que ela é formada por indivíduos
que enfrentam, cada um, suas próprias guerras e, por isso, precisam do apoio
pastoral para sobreviverem.
Conheço
um amigo que passou muitos anos ocupando um cargo de liderança em sua igreja
local. Tentou dar o melhor de si e cuidar do rebanho que lhe foi confiado.
Devido a alguns problemas de convivência, se viu obrigado a deixar a liderança
e mudar de igreja. Durante o processo de transição, nenhum dos seus pastores
jamais o telefonou para saber: “está tudo bem”? Esse amigo ficou ressentido e
desabafou: “Poxa, passei tanto tempo cuidando dos outros, mas quando chegou a
minha vez, cadê minha ajuda?”. Pela graça de Deus, esse amigo permanece firme
na fé e a indiferença da igreja não o matou espiritualmente.
Porém,
nem sempre os finais são felizes assim, e não são poucos os ressentidos com uma
igreja local que demonstrou não se importar. Em Colossenses 3.13, Paulo diz: “suportando-vos
uns aos outros”. O termo usado por Paulo faz referência ao ato de “ser um
suporte” para outras pessoas. Ou seja, se estou fraco alguém será meu suporte
no momento de dificuldade. Um dia, chegará o momento em que eu “devolverei o
favor” e serei o suporte de outra pessoa. E assim caminha o povo de Deus.
A
igreja é o único hospital onde todos somos médicos e pacientes o tempo inteiro.
Em
Cristo,
Thiago
Holanda
27/02/2024
14:42:00 Thiago Holanda
Prezado 2023,
Você está terminando e dando seus
últimos suspiros. Permita-me ser muito sincero e te dizer: que bom que você
está acabando! Sei que isso pode parecer meio cruel, mas é sincero. Você não
foi um ano fácil. Se eu precisasse te resumir em poucas palavras, diria que
você foi o ano que testou meus limites físicos, emocionais, psicológicos e até
espirituais. Você doeu muito também, trouxe muitas perdas e algumas derrotas.
Mas como minha sábia mãe sempre me ensinou: “Jesus nos ensina com amor, mas as
vezes também com a dor”. E se tem algo
que você fez bem, meu querido 2023, foi ensinar.
E para ter certeza de que não
esquecerei tudo que aconteceu, fiz questão de te escrever essa carta
recapitulando as suas principais lições.
Você, 2023, me ensinou que é
preciso entender que eu tenho limites que precisam ser obedecidos. Precisei
aprender que meu dia, assim como de todas as outras pessoas, tem apenas 24
horas, e que não posso tentar fazer tudo que quero dentro desse período de
tempo, pois nem meu corpo, nem minha mente suportarão carregar todos os fardos que
eu acho que consigo. Aprendi que não posso me dar ao luxo de bancar o salvador
da pátria e resolver todos os problemas que aparecem diante de mim e, se eu
tentar fazer isso, estarei apenas buscando agradar e me tornar aceitável diante
das pessoas. Mas eu não preciso disso, pois, em Cristo, já me tornei aceitável
diante daquele que verdadeiramente importa: DEUS.
Você também me ensinou que nem
sempre o meu caráter vai encaixar na dentro da minha reputação, pois eu sempre
corro o risco de me tornar vilão dentro de uma história mal contada, e que não
importa tanto o que terceiros (que só me conhecem superficialmente) pensam a
respeito de mim, pois o julgamento deles sempre será marcado pela ignorância ou
preconceito, mas o que de fato vale é o que Deus pensa a meu respeito. Assim,
eu devo cuidar apenas das minhas responsabilidades e deixar que Deus se
preocupe com minha reputação.
Por fim, querido 2023, você me
ensinou que eu preciso encerrar alguns ciclos, antes que eles encerrem comigo,
e que nem sempre a felicidade estará no mesmo lugar onde eu a perdi. Sim,
ciclos chegam ao fim e, por mais que a gente não queira, alguns capítulos devem
se encerrar, para que novas histórias possam ter início. Isso nunca é fácil,
pois sair da zona de conforto é um desafio e nem sempre estamos prontos para o
que virá. Porém, como disse C.S Lewis: “existem coisas melhores diante de nós
do que qualquer outra que deixamos para trás”.
Portanto, 2023, mesmo tendo sido
um pouco duro com você, sei que Deus te usou muito para me moldar e que,
através dos seus ensinamentos, me tornarei um ser humano melhor. Hoje posso
estar sendo chato com você, mas sei que em um futuro não muito distante,
olharei para você e agradecerei a Deus por você ter existido.
18:19:00 Thiago Holanda
Nos
últimos anos tenho percebido um acontecimento que, infelizmente, tem se tornado
cada vez mais comum: crentes saindo das igrejas feridos por lideranças
emocionalmente doentes. Líderes que, por ciúmes, incredulidade, amor ao poder
ou qualquer outra razão fútil, têm machucado o rebanho do Senhor e ajudado a
criar um exército de ressentidos com a igreja.
Já
ouvi muitos relatos de amigos que viveram, ou conhecem quem viveu, uma situação
de abuso emocional oriunda de uma liderança religiosa. Esse tipo de ferida é
uma das mais difíceis de cicatrizar, já que ela nasce dentro de um ambiente que
supostamente deveria nutrir amor e cuidado. Um líder cristão é um agente
comissionado por Deus para cuidar do rebanho aqui na terra enquanto o Supremo
Pastor não retorna, e quando esse cuidado dá lugar ao abuso, dores muito
profundas são criadas.
Por
que isso acontece? É difícil responder essa pergunta, e talvez sejam necessárias
outras opiniões de pessoas mais experientes e maduras que eu. Contudo,
recentemente ouvi um pequeno trecho de uma entrevista com um pastor americano
(infelizmente, não memorizei o nome e nem o link para recomendar) que afirmava
algo muito interessante:
“Liderar”,
dizia ele, “é um verbo e não um substantivo. Isso significa que liderar é algo
que você faz, mas que não quem você é. Então quem você é? Você é FILHO, e isso
sim é um substantivo. Talvez o substantivo mais importante de todos.”
Achei
essa abordagem fenomenal. Liderar é algo que fazemos para Deus, mas não é quem
SOMOS em Deus. Somos filhos do seu amor. Salvos pela sua eterna graça e perdoados
pela sua santa misericórdia. Essa é nossa real identidade.
Contudo,
me parece que inúmeros líderes, esqueceram-se disso e hoje incorporam dentro de
si um verbo que não tem função de definir quem eles são. “Deus está mais
interessado em quem você é, do que no que você faz”, é o que diz Hernandes Dias
Lopes. Quando, então, assumimos uma falsa identidade, perdemos o padrão de Deus
para nossas vidas e, inevitavelmente, erraremos o alvo.
Não
é fácil rastrear a origem disso, mas suspeito que tem a ver com uma falta de
prestação de contas. É comum encontrarmos líderes que “reinam” absolutos em
suas congregações, sem prestar contas de suas vidas espirituais a ninguém,
colocando a si próprios em um pedestal inatingível. Não aceitam confrontação e
nem mesmo nenhum tipo de questionamento a respeito da sua “super-santidade”. Supostamente
cuidam do rebanho, mas não se permitem ser cuidados.
Essa
falta de prestação de contas é extremamente perigosa para a igreja, pois todos
nós, independente de nossas posições no reino, somos sujeitos a falha. Em todo
o tempo somos desafiados e corrigir a nossa vida diante de Deus.
Um
exemplo bíblico válido é o de Saul. Note que o primeiro rei de Israel foi
escolhido pelo próprio Deus! É fato que Deus aconselhara o povo a não escolher
um rei, mas diante da teimosia de Israel, Deus escolhe Saul. O início da
jornada do primeiro rei de Israel foi muito linda. Ele foi escolhido por meio
do profeta Samuel. Foi ungido e recebeu um novo coração. Profetizou diante do
povo. Ele não começou com o pé esquerdo, pelo contrário, a sua jornada começou
muito bem!
Então,
o que aconteceu para que tudo desse errado?
Entendo
que em algum momento Saul perdeu a noção da sua identidade e isso se destaca em
1 Samuel 13:8-14, quando ele, ao enfrentar os filisteus, “avança o sinal” e faz
algo que jamais poderia ter feito: ofereceu holocausto, contrariando diretamente
a lei de Deus. A história nos conta que a motivação de Saul era infantil: ele viu
o povo se dispersando em meio a uma batalha difícil e, sem paciência para
esperar Samuel, oferece sacrifícios como forma de manter o povo unido.
Note
que o grande pecado de Saul aqui foi a incredulidade. Ele havia sido escolhido
sobrenaturalmente por Deus. Foi miraculosamente transformado em um novo homem e
já havia vencido outras batalhas anteriormente. Porém, ele não se lembrou de
nada disso no momento da ansiedade e esqueceu-se completamente de Deus. Decidiu
basear-se em seus próprios méritos e assumir um papel que a lei de Deus não
permitia.
Acredito
que em algum momento Saul pode ter pensado: “Poxa, mas eu sou O REI. Qual o
problema nisso? Se eu sou o Rei, eu posso o que eu quiser, para que tanta cerimônia?”.
Saul tornou-se um líder cego e embriagado pela sua própria soberba. Acreditou
que, por conta da sua posição, poderia submeter a lei do Senhor aos seus
caprichos e pecou. Ele esqueceu que REINAR era o que Ele fazia, mas que de fato
ele não era o rei. Israel tinha outro Rei. Na verdade, Saul era apenas um
servo.
Esquecer-se
da sua real identidade foi a maior falha já cometida por Saul e ele pagou um
preço caro por isso. Nos versículos 13 e 14, Samuel diz:
“Procedeste
nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou;
porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre;
Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um
homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão
sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.”
Um
líder jamais pode esquecer sua real identidade de filho. Se esquecermos, cairemos
em pecado e causaremos desgraça não apenas a nós mesmos, mas ao povo santo do
Senhor.
Se
você é um líder e está lendo esse texto, CUIDADO! Não permita que a liderança o
deixe cego e sem rumo. Lembre-se que, acima de qualquer outra coisa, você é
filho(a) do verdadeiro Rei. Você pode até estar pastoreando o povo de Deus, mas
existe um verdadeiro pastor que cuida do seu rebanho, e Ele é Jesus.
Se,
por acaso, você é alguém que foi ferido por uma liderança tóxica, saiba que
Cristo viu o que você passou e sofreu essa injustiça junto a você. Se doeu em
você, doeu muito mais Nele. Há cura para o seu coração ressentido e você não
deve culpar a igreja do Senhor por causa de alguns maus representantes. Ore e
peça a Deus que envie alguém para sua vida que seja capaz de transmitir, com muito
cuidado, o verdadeiro amor de Cristo.
Oro
para que esse texto encontre morada em corações que precisam entender que
apenas em Cristo temos a nossa verdadeira identidade.
Deus
te abençoe.
Em
Cristo,
Thiago
Holanda – 08/10/2023.