2022

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Lições em Habacuque


 


O Livro do profeta Habacuque costuma passar despercebido por nós, leitores bíblicos. Tanto por ser um profeta menor (categoria de livro bíblico que costuma ser esquecida nas igrejas), quanto por possuir um contexto desconhecido por vários leitores contemporâneos. 

Porém, a mensagem de Habacuque é tanto atual quanto relevante, por possuir questionamentos e revelações que respondem, de forma objetiva, muitas dúvidas que ainda hoje assombram a mente de cristãos. Por isso, devemos estudar e meditar nesse livro extraordinário, procurando mensagens que possam fortalecer o nosso coração e iluminar nossa mente.

Separei, neste breve artigo, algumas reflexões feitas através de uma leitura que fiz no livro. Compartilho com todos:

Habacuque é um profeto desconhecido. Pouco se sabe sobre ele e não há registros detalhados a respeito de sua biografia. Seu nome tem relação com o significado de “abraçar” e pelos cálculos feitos por meio da análise da sua profecia, parece ter sido contemporâneo de Jeremias, profetizando entre o final do reinado de Josias até o domínio de Judá pelos caldeus.

O profeta viveu em um tempo em que a nação de Judá estava mergulhada na corrupção e imoralidade. Não havia temor a Deus e os injustos prosperavam por meio da opressão do povo. O profeta vê toda essa situação e sente indignação diante desse quadro, e passa a questionar a Deus a respeito disso. Como podem os ímpios prosperarem se não temem ao Senhor?

A atitude de Habacuque nos ensina lições importantes. A primeira reflexão é a respeito da capacidade de se indignar diante do mal. O profeta era um homem temente a Deus e, possivelmente, vivia em obediência ao Senhor. Por isso, ele se indignava diante da corrupção generalizada em Judá. Ele sabia que o povo estava distante de Deus e isso despertava nele uma santa revolta contra essa situação. Será que nós agimos da mesma forma? Será que o pecado ainda nos causa indignação ou ele se normalizou tanto diante de nossos olhos que não mais nos causa espanto? Somos o povo escolhido do Senhor e, diante disso, precisamos entender que o pecado JAMAIS pode ser aceito ou visto como “normal”. Precisamos de uma santa indignação que nos motive a orar e pedir intervenção de Deus diante das circunstâncias.

A segunda reflexão diz respeito ao Habacuque ter questionado a Deus a respeito de toda essa situação. Note bem: questionar não é murmurar. Habacuque não conseguia entender como Deus permitia que homens ímpios prosperassem através da exploração do povo pobre e humilde. Era uma dúvida sincera do profeta, mas essa dúvida não dizia respeito ao caráter de Deus, mas tão somente ao seu modus operandi. Ou seja, o profeta não colocou o caráter de Deus em questão, mas somente o seu modo de agir, pois, sabendo que Deus era infinitamente superior, ele não conseguiu enxergar como isso poderia fazer sentido. O murmurador faz diferente, ele dúvida do próprio caráter de Deus, colocando à prova quem nosso Senhor é. Questionar a Deus não é pecado. Inúmeros personagens bíblicos fizeram isso. Porém, nossa atitude de questionar o agir de Deus não se confunde com a desconfiança sobre a própria pessoa de Deus.

Diante desses questionamentos, Deus responde a Habacuque informando que povo pagará pelos seus pecados, e que o “instrumento” desse castigo serão os caldeus, que exercerão domínio e opressão sobre o povo de Judá. Porém, essa resposta de Deus causou ainda mais dúvidas na mente do profeta: “como Deus usará um povo ainda mais ímpio e pecador para castigar Judá?” Não fazia sentido.

Deus trabalha de forma soberana e os seus planos, por serem frutos de uma mente eterna e infinitamente sábia, nem sempre são facilmente digeríveis por nós. De fato, não faz sentido castigar o ímpio por meio de um povo ainda mais ímpio. Mas Deus não pretendia poupar os caldeus. Pelo contrário, a hora deles também iria chegar, mas até lá, Deus os usaria para fazer o povo de Judá pagar pela sua impiedade. Deus é tão poderoso que usa até mesmo os povos pagãos para cumprir seus propósitos gloriosos na história. 

O maior desafio de Habacuque, diante de todo esse contexto, foi render glória a Deus, mesmo quando a lógica humana é incapaz de entender a lógica divina. Aparentemente, o profeta entendeu a soberania de Deus, pois no capítulo 3, versos 17 e 18, uma linda canção é entoada: 

“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3:17,18)

Nós não precisamos de uma lógica, nem de explicações daqueles que não nos deve satisfação...nós precisamos de Deus. O Senhor é eterno, soberano, sábio e rico em misericórdia, e nossa alma precisa Dele. É Nele que deve habitar nossa confiança. 

Nosso maior desafio é render honra ao nosso Senhor, independente das circunstâncias. Nossa mentalidade limitada tem dificuldade de enxergar Deus quando tudo está mal, mas devemos confiar e saber que seu caráter não falha. Ele JAMAIS abandonará o seu povo.

Habacuque entendeu isso. Eu e você também precisamos entender.

Em Cristo,

Thiago Holanda

03 de novembro de 2022.


sábado, 24 de setembro de 2022

Aprendendo a valorizar o agora.


 

Ansiedade é um mal que tem afetado quase todas as pessoas. Se tornou normal ver alguém dizer “eu sofro de ansiedade” e, em seguida, quase automaticamente, alguém replicar: “eu também”.

Um dos grandes problemas da ansiedade, além dos males físicos que causa, é o de nos “arrancar” do hoje e jogar nossa mente para um momento que ainda não se concretizou. Um amigo, de forma muito sábia, me deu essa definição: “a depressão é o excesso de passado, enquanto a ansiedade é o excesso de futuro”. A ansiedade nos rouba do presente, removendo o brilho que o “agora” tem em nossas vidas, fazendo nossa mente navegar por correntezas que ainda não chegaram.

Essa semana eu estava muito preocupado com alguns compromissos e, em determinado momento, precisei ficar cuidando da minha filha mais velha por algumas horas. Porém, eu liguei o ‘automático’ e fiquei com ela apenas no corpo presente, minha mente estava mesmo conectada nos meus compromissos. Eu não estava verdadeiramente ali com ela, pois não havia conexão real, eu estava preocupado com o que eu precisaria fazer depois dali.

Em determinado momento, minha mente despertou do automático e eu percebi a besteira que estava fazendo: ficar pensando no compromisso, vai me dar a capacidade de resolvê-lo? NÃO...ele continuará existindo, independente do quão preocupado eu esteja! Porém, o tempo de qualidade que eu deveria estar dedicando à minha filha é limitado, iria durar apenas alguns momentos. A maioria de nós, pais (me incluo nisso), não consegue perceber que o tempo com nossos filhos é extremamente escasso. Eles viverão alguns anos conosco, mas depois crescerão, ganharão o mundo, e o tempo de “brincar” será apenas uma saudade na memória (ou uma dor na consciência de que não participou disso).

Em meio aos milhares de compromissos da vida, eu também venho lutando contra a ansiedade, porém, é sempre muito difícil desligar. São muitas atividades, pendências, tarefas, reuniões, projetos, leituras, compromissos, aulas, cursos...a gente se perde em meio a um oceano de afazeres e, com isso, passamos a não mais viver nossa vida, mas sermos apenas expectadores do que os outros estão fazendo com ela.

Viver sem ansiedade é dar uma chance para o AGORA, para aquilo (ou quem) está diante dos seus olhos nesse exato momento. É saborear a vida dando uma “colherada” de cada vez, sem ficar pensando o tempo todo no próximo prato a ser servido.

É difícil demais colocar isso em prática, mas Deus nos diz em sua palavra: “Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês.” (1 Pedro 5:7)

Sim, Deus cuida de nós. E entender isso pode ser a chave para que TODAS as nossas ansiedades, medos e preocupações possam ir embora de uma vez por todas!

Jamais esqueça: Deus cuida de você!

domingo, 13 de março de 2022

"Amigos"



Todos ficamos em choque quando, na semana passada, o deputado estadual de São Paulo Arthur do Val voltou de uma viagem na Ucrânia e disse coisas terríveis e lamentáveis a respeito das mulheres ucranianas, tais como “ela são fáceis por que são pobres”. De imediato, todos sentimos um nojo por essa atitude e o tribunal do Cancelamento, mais uma vez, colocou outro influencer no banco dos réus, e a sentença de CULPADO foi rápida.

Dias depois, o deputado postou um vídeo explicando o que tinha acontecido e afirmando que o real propósito da viagem não tinha nada a ver com a fala do áudio, mas sim o de fazer uma cobertura da guerra e levantar fundos para o povo sofrido de lá. Particularmente, eu acreditei nele quanto a isso (acho também que tinha um propósito de marketing político).

Porém, o que mais me chamou a atenção no vídeo de explicação do deputado, foi o contexto em que a fala foi proferida. Segundo o próprio, ele tinha terminado a missão de entregar suprimentos doados e já estava se preparando para voltar quando decidiu mandar vários áudios para familiares e amigos contanto que estava bem e narrando como a experiência tinha sido boa. Em um desses grupos de “amigos”, uma pessoa perguntou como eram as mulheres ucranianas e, foi então, que o terrível áudio saiu.

O deputado sabia que o áudio era uma molecagem e muito desrespeitoso. Porém, ele ainda assim gravou provavelmente por que acreditou estar em uma ambiente seguro. Ou seja, ele se sentia entre “amigos”.

O grande problema foi que um desses “amigos” vazou o áudio e o resto da história nós já sabemos.

Essa horrível experiência vivida por ele nos serve de alerta para algo muito importante: quem são nossos “amigos” de verdade?

Arthur do Val confiava nas pessoas com quem ele falava. Porém, essa confiança foi completamente frustrada e hoje ele paga pelo que disse.

Eu e você temos de lidar com muitas pessoas ao longo na vida, seja no trabalho, família, vizinhança ou igreja. Somos desafiados a nos relacionar e, nessa caminhada, acabamos amando várias dessas pessoas, a quem chamamos AMIGOS.

Porém, amigos podem ser mal escolhidos. Se não possuirmos os critérios corretos, vamos nos cercar de pessoas que trairão nossa confiança e nos decepcionarão além da conta.

Quais critérios devo utilizar para escolher bons amigos?

A Bíblia nos ensina alguns e acho que são válidos para qualquer época:

1.  -  Amigos de verdade dão conselhos bons e verdadeiros (isso envolve as vezes dizer algo que não queremos ouvir) – Provérbios 27.9

2.  - Amigos são nossos companheiros para todos os momentos, especialmente os mais difíceis – Provérbios 17.17

3.  -  O verdadeiro amigo preocupa-se com o nosso amadurecimento – Provérbios 27.17

4.  -  Amigos perdoam nossas ofensas e demonstram amor – Provérbios 17.9

Esse preciosos conselhos bíblicos são úteis para que você possa entender que o critério para a escolha de um bom amigo deve ser levado muito a sério. Tenha muito cuidado com quem você decide caminhar e compartilhar os momentos bons da vida.

O mundo está repleto de pessoas que se fazem de amigos, mas que puxam nosso tapete na primeira oportunidade.

Deus te abençoe.