outubro 2016

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

II Cr 14.11 – Aprendendo com a oração de Asa



O livro de II Crônicas narra histórias de vários reis que passaram por Judá. Infelizmente, nem todas foram felizes. Os dois primeiros monarcas, Reoboão e Abias, reinaram, respectivamente, 17 e 3 anos e ambos foram idólatras. Rompendo essa herança maldita, surge Asa, homem piedoso, que fez tudo que era bom e reto diante de Deus (14.2), banindo toda a idolatria e enfrentando sua própria mãe para continuar fiel a Deus (1 Rs 15.13).
Por conta dessa lealdade, Asa e o povo de Judá experimentaram 10 anos de repouso e paz (14.6). Entretanto, essa paz foi quebrada por Zerá, o etíope, que vendo o fortalecimento e crescimento de Judá (v.6-8) como uma ameaça, reuniu um milhão de homens e 300 carros de guerra para enfrentar o povo de Deus. Nesse contexto, notamos uma das mais curtas e confiantes orações do Antigo Testamento:
Clamou Asa ao SENHOR, seu Deus, e disse: SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. SENHOR, tu és o nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem. 
A despeito de curta, podemos extrair inúmeras lições dessa oração. Vejamos:
Foi uma oração de dependência: Asa reconhecia que não havia outra possibilidade de socorro além do Senhor. Ele não era uma saída, era a saída. Acreditar em outra solução para nossas lutas, além do refúgio no Senhor, é uma atitude idólatra. O mundo sempre nos diz “confie em si mesmo e vença!”, mas a Bíblia ensina “desconfie de si mesmo e volte-se para o Senhor!”. Deus não premia autossuficiência, mas autodesconfiança piedosa. Além disso, Asa demonstra conhecer um princípio bíblico muito importante: “1 + Deus” é sempre maioria. Note que o exército de Asa contava com apenas 580 mil homens (v.8), pouco mais que a metade da tropa inimiga, mas isso não o intimidou, não o fez voltar atrás e/ou murmurar, pelo contrário, assim que soube da investida de Zerá, “saiu contra” este (v.10).
Não foi uma oração oportunista: note que o povo de Deus estava em paz porque vivia em fidelidade ao Senhor. O repouso até então era uma recompensa declarada de Deus ao zelo do rei e seu povo. Isso nos ensina dois princípios bíblicos: primeiro, fidelidade a Deus não é garantia de repouso eterno. O povo não havia pecado e o Rei era piedoso, mas a tribulação veio mesmo assim. A confiança da nação estava em teste e o nome do Senhor tinha que ser glorificado na guerra da mesma maneira que na paz. O segundo princípio, que deriva do primeiro, é que estar em paz com Deus nos dá mais confiança para orarmos em tempos de luta. Se Judá, anteriormente, estivesse em pecado, a oração seria bem outra, talvez desesperada ao invés de confiante, oportunista ao invés de sincera.  No entando, Asa, em sinceridade, disse: “Ajuda-nos, NOSSO Deus...tu és o nosso Deus”.
Procure se armar, mas nunca deixe de confiar: do verso 6 ao 8 vemos que Judá estava se fortalecendo do ponto de vista bélico. Aproveitando os tempos de paz, Asa mandou construir muitas torres, muros e cidades. Além disso, constituiu para si um exército superior a meio milhão de homens valentes. Contudo, nosso inimigo é sagaz e despertou a ira de um reino muito mais forte. É provável que Asa tenha sido tentado a olhar para o que havia construído ao longo dos 10 anos e pensar: “é, acho que consigo enfrentar essa!”. Mas não! Suas conquistas e planos de outrora não desviaram sua confiança do Deus Todo-Poderoso, pelo contrário, sua oração é que “porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão”. Asa estava colocando seus resultados nas mãos de Deus, ele sabia que seus próprios méritos jamais seriam capazes de conquistar aquela vitória, mas o Deus da paz lutaria por ele em meio à guerra. A lição para nós, crentes, é: desenvolvamos nossa salvação (Fp 2.12) por meio da Palavra, oração, comunhão dos santos, mas sempre colocando nossos resultados espirituais nas mãos de Deus.
O fruto de uma tão poderosa oração não poderia ser outro. Os etíopes foram aniquilados (v.13) e seus tesouros foram apropriados pelo povo de Judá. Como se não bastasse, Deus deu vitória sobre todas as cidades ao redor de Gerar que haviam dado apoio aos inimigos (v.14), fazendo com que o povo de Deus voltasse para casa vitorioso e cheio de riquezas.
Olhemos para o tamanho do nosso Deus e sejamos fiéis a ele, certos de que sua fidelidade é perfeita e sua presença é certa em qualquer batalha! Que nossas orações, sendo curtas ou não, possam demonstrar a mesma confiança de Asa!

Em Cristo,
Thiago Holanda.