segunda-feira, 25 de março de 2024

Os 3 catalisadores de Deus


 

Comecei a ler o livro DISCIPLINASESPIRITUAIS PARA A VIDA CRISTÃ, de Donald S. Whitney. Há muito tempo eu desejava ler esta obra, mas não tinha a disciplina necessária para começar (irônico, não é mesmo?). Decidi, então, dar início a esse empreendimento e, já no primeiro capítulo, fui impactado por muitas verdades que me fez desejar tê-lo lido há muito mais tempo.

Pois bem, deixando esse “spoiler” de lado, quero compartilhar uma lição muito simples e enriquecedora que encontrei no capítulo 1, onde os autor fala de 3 catalisadores usados por Deus.

Antes de continuar, o que seria um catalisador?

Dando um “google”, encontrei que se trata de uma substância que pode ser adicionada a uma reação para aumentar a sua velocidade sem ser consumida durante esse processo. O autor usa esse termo para compartilhar a ideia de que Deus possui formas específicas e universais usadas para trabalhar em nós e mudar nossa essência. São “substâncias” que será usadas por Ele indefinidamente enquanto habitarmos esse mundo imperfeito e formos seres também imperfeitos.

Dos 3 catalisadores, dois não podem ser controlados por nós (não na plenitude), o outro pode. Vamos descobrir quais são?

O primeiro são as PESSOAS. Sim, Deus usa pessoas para nos moldar e nos tornar mais semelhantes a Ele. Pode ser alguém enviado para cuidar especialmente de você e te confortar em momentos de luta, como também pode ser aquele indivíduo chato que está o tempo todo ao seu lado testando sua paciência e te fazendo depender do Espírito para não perder a postura. Provérbios 27.17 diz que um homem afia outro homem. Possivelmente essa seja uma das maiores graças de ser igreja, afinal, estamos em um ambiente repleto de pecadores, como nós, tentando viver de forma semelhante a Jesus. Nesse processo, temos de lidar com imperfeições e, assim, somos afiados!

O segundo catalisador são as CIRCUNSTÂNCIAS. As muitas experiências da vida nos levam, se vivermos em dependência, para mais perto de Cristo, sejam elas boas ou ruins. Essa lição é fácil de explicar, mas muito difícil de viver. É muito bom aprender a agradecer quando uma porta se abre e as coisas dão certo (ainda assim tem gente que falha nisso). Difícil, é aprender a CONFIAR quando a porta se fecha e precisamos assistir, de camarote, nossas expectativas e sonhos afundarem no mar da desilusão. Porém, a Bíblia deixa bem claro, Deus usa os momentos bons e os ruins com o propósito de nos moldar. Romanos 8.28 nos ensina que “...todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Que Deus nos encha de graça e sabedoria para enxergarmos isso.

O terceiro catalisador são as DISCIPLINAS ESPIRITUAIS. Aqui, nós temos uma maior autonomia. Não posso acordar de manhã e escolher todas as circunstâncias a qual serei exposto e nem todas as pessoas que cruzarão o meu caminho, mas posso ter autonomia para dizer a mim mesmo: “hoje vou meditar na Bíblia”; ou “hoje usarei o meu dia para jejuar”. Inclusive, foi pensando nesse terceiro catalisador que o autor decidiu escrever o livro.

Esses três catalisadores são continuamente inseridos na história que Deus está construindo em nossas vidas. Porém, nem sempre temos a oportunidade de enxergá-los ou entende-los. Mesmo assim, estão diante de nós!

Que possamos aprender a viver confiando plenamente no que Deus está fazendo em nós!

Em Cristo,

Thiago Holanda,

25 de Março de 2024.


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Os esquecidos pelo caminho



 

Recentemente encontrei uma colega cujo pai trabalhou como pastor de uma igreja local por muitos anos. A igreja dele era vinculada a uma denominação muito grande, com diversas outras igrejas coirmãs, todas vinculadas a uma igreja sede. Ao questionar como estava seu pai, fiquei surpreso com a resposta: “papai está afastado há anos, deixou o pastorado e hoje já não frequenta mais nenhuma igreja”.

Constrangido pela resposta, tentei mudar o foco da conversa, mas ela continuou: “fico triste pelo papai, mas também fico triste pela denominação. Nenhum dos outros pastores, nem mesmo os que exerciam liderança sobre ele, jamais se importaram de saber como ele estava. Nem mesmo uma ligação telefônica”.

Histórias como essa se repetem em inúmeras outras comunidades cristãs ao redor do mundo. Pessoas que passam pelas nossas igrejas, às vezes vivem intensamente a comunhão dos santos (as vezes não), trabalham arduamente em prol do reino, mas, em determinado momento, por circunstâncias diversas, se afastam da igreja e parece que ninguém se importa com isso. São os esquecidos pelo caminho. Essa indiferença, além de grotesca e completamente distante do amor de Cristo, tem criado um exército de ressentidos com a igreja.

Não estou aqui tentando atenuar a responsabilidade dessas pessoas de deixar a igreja ou virar as costas para a fé. Não é isso. Cada um deve vigiar e permanecer de pé (1 Coríntios 10.12). Todos prestaremos contas de nossos atos e responderemos diante de Deus, sem ter o “privilégio” de apontar dedos para ninguém.

Contudo, como igreja, precisamos fazer uma “mea culpa” e entender que falhamos muito no papel de dar atenção aos que estão fraquejando. Convido você a refletir: “quantas vezes você já reparou que determinado(a) irmão(ã) tem faltado os últimos cultos e decidiu ligar para saber como a pessoa estava?” ou “quantas vezes você se juntou a um grupo de irmãos para visitar alguém que deixou de ir à igreja?”.

Parece que hoje é muito mais fácil envolver-se com a organização do reino do que propriamente com o reino em si. De que adianta sermos uma igreja repleta de programações, com um louvor impecável, um lindo ministério de teatro, e um culto festivo, se, quando um de nós se perde, não há ninguém suficientemente sensível para se importar?

Inúmeros pastores e líderes vivem cegos pelo desejo de ver suas igrejas crescerem, renderem mais dízimos, se tornarem mais dinâmicas, etc...mas eles enxergam a igreja como mera coletividade, esquecendo-se que ela é formada por indivíduos que enfrentam, cada um, suas próprias guerras e, por isso, precisam do apoio pastoral para sobreviverem.

Conheço um amigo que passou muitos anos ocupando um cargo de liderança em sua igreja local. Tentou dar o melhor de si e cuidar do rebanho que lhe foi confiado. Devido a alguns problemas de convivência, se viu obrigado a deixar a liderança e mudar de igreja. Durante o processo de transição, nenhum dos seus pastores jamais o telefonou para saber: “está tudo bem”? Esse amigo ficou ressentido e desabafou: “Poxa, passei tanto tempo cuidando dos outros, mas quando chegou a minha vez, cadê minha ajuda?”. Pela graça de Deus, esse amigo permanece firme na fé e a indiferença da igreja não o matou espiritualmente.

Porém, nem sempre os finais são felizes assim, e não são poucos os ressentidos com uma igreja local que demonstrou não se importar. Em Colossenses 3.13, Paulo diz: “suportando-vos uns aos outros”. O termo usado por Paulo faz referência ao ato de “ser um suporte” para outras pessoas. Ou seja, se estou fraco alguém será meu suporte no momento de dificuldade. Um dia, chegará o momento em que eu “devolverei o favor” e serei o suporte de outra pessoa. E assim caminha o povo de Deus.

A igreja é o único hospital onde todos somos médicos e pacientes o tempo inteiro.

 

Em Cristo,

Thiago Holanda

27/02/2024

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Uma carta para 2023


 


Prezado 2023,

Você está terminando e dando seus últimos suspiros. Permita-me ser muito sincero e te dizer: que bom que você está acabando! Sei que isso pode parecer meio cruel, mas é sincero. Você não foi um ano fácil. Se eu precisasse te resumir em poucas palavras, diria que você foi o ano que testou meus limites físicos, emocionais, psicológicos e até espirituais. Você doeu muito também, trouxe muitas perdas e algumas derrotas. Mas como minha sábia mãe sempre me ensinou: “Jesus nos ensina com amor, mas as vezes também com a dor”.  E se tem algo que você fez bem, meu querido 2023, foi ensinar.

E para ter certeza de que não esquecerei tudo que aconteceu, fiz questão de te escrever essa carta recapitulando as suas principais lições.

Você, 2023, me ensinou que é preciso entender que eu tenho limites que precisam ser obedecidos. Precisei aprender que meu dia, assim como de todas as outras pessoas, tem apenas 24 horas, e que não posso tentar fazer tudo que quero dentro desse período de tempo, pois nem meu corpo, nem minha mente suportarão carregar todos os fardos que eu acho que consigo. Aprendi que não posso me dar ao luxo de bancar o salvador da pátria e resolver todos os problemas que aparecem diante de mim e, se eu tentar fazer isso, estarei apenas buscando agradar e me tornar aceitável diante das pessoas. Mas eu não preciso disso, pois, em Cristo, já me tornei aceitável diante daquele que verdadeiramente importa: DEUS.

Você também me ensinou que nem sempre o meu caráter vai encaixar na dentro da minha reputação, pois eu sempre corro o risco de me tornar vilão dentro de uma história mal contada, e que não importa tanto o que terceiros (que só me conhecem superficialmente) pensam a respeito de mim, pois o julgamento deles sempre será marcado pela ignorância ou preconceito, mas o que de fato vale é o que Deus pensa a meu respeito. Assim, eu devo cuidar apenas das minhas responsabilidades e deixar que Deus se preocupe com minha reputação.

Por fim, querido 2023, você me ensinou que eu preciso encerrar alguns ciclos, antes que eles encerrem comigo, e que nem sempre a felicidade estará no mesmo lugar onde eu a perdi. Sim, ciclos chegam ao fim e, por mais que a gente não queira, alguns capítulos devem se encerrar, para que novas histórias possam ter início. Isso nunca é fácil, pois sair da zona de conforto é um desafio e nem sempre estamos prontos para o que virá. Porém, como disse C.S Lewis: “existem coisas melhores diante de nós do que qualquer outra que deixamos para trás”.

Portanto, 2023, mesmo tendo sido um pouco duro com você, sei que Deus te usou muito para me moldar e que, através dos seus ensinamentos, me tornarei um ser humano melhor. Hoje posso estar sendo chato com você, mas sei que em um futuro não muito distante, olharei para você e agradecerei a Deus por você ter existido.


domingo, 8 de outubro de 2023

Por que tantas lideranças cristãs estão emocionalmente doentes?


 

Nos últimos anos tenho percebido um acontecimento que, infelizmente, tem se tornado cada vez mais comum: crentes saindo das igrejas feridos por lideranças emocionalmente doentes. Líderes que, por ciúmes, incredulidade, amor ao poder ou qualquer outra razão fútil, têm machucado o rebanho do Senhor e ajudado a criar um exército de ressentidos com a igreja.

Já ouvi muitos relatos de amigos que viveram, ou conhecem quem viveu, uma situação de abuso emocional oriunda de uma liderança religiosa. Esse tipo de ferida é uma das mais difíceis de cicatrizar, já que ela nasce dentro de um ambiente que supostamente deveria nutrir amor e cuidado. Um líder cristão é um agente comissionado por Deus para cuidar do rebanho aqui na terra enquanto o Supremo Pastor não retorna, e quando esse cuidado dá lugar ao abuso, dores muito profundas são criadas.

Por que isso acontece? É difícil responder essa pergunta, e talvez sejam necessárias outras opiniões de pessoas mais experientes e maduras que eu. Contudo, recentemente ouvi um pequeno trecho de uma entrevista com um pastor americano (infelizmente, não memorizei o nome e nem o link para recomendar) que afirmava algo muito interessante:

“Liderar”, dizia ele, “é um verbo e não um substantivo. Isso significa que liderar é algo que você faz, mas que não quem você é. Então quem você é? Você é FILHO, e isso sim é um substantivo. Talvez o substantivo mais importante de todos.”

Achei essa abordagem fenomenal. Liderar é algo que fazemos para Deus, mas não é quem SOMOS em Deus. Somos filhos do seu amor. Salvos pela sua eterna graça e perdoados pela sua santa misericórdia. Essa é nossa real identidade.

Contudo, me parece que inúmeros líderes, esqueceram-se disso e hoje incorporam dentro de si um verbo que não tem função de definir quem eles são. “Deus está mais interessado em quem você é, do que no que você faz”, é o que diz Hernandes Dias Lopes. Quando, então, assumimos uma falsa identidade, perdemos o padrão de Deus para nossas vidas e, inevitavelmente, erraremos o alvo.

Não é fácil rastrear a origem disso, mas suspeito que tem a ver com uma falta de prestação de contas. É comum encontrarmos líderes que “reinam” absolutos em suas congregações, sem prestar contas de suas vidas espirituais a ninguém, colocando a si próprios em um pedestal inatingível. Não aceitam confrontação e nem mesmo nenhum tipo de questionamento a respeito da sua “super-santidade”. Supostamente cuidam do rebanho, mas não se permitem ser cuidados.

Essa falta de prestação de contas é extremamente perigosa para a igreja, pois todos nós, independente de nossas posições no reino, somos sujeitos a falha. Em todo o tempo somos desafiados e corrigir a nossa vida diante de Deus.

Um exemplo bíblico válido é o de Saul. Note que o primeiro rei de Israel foi escolhido pelo próprio Deus! É fato que Deus aconselhara o povo a não escolher um rei, mas diante da teimosia de Israel, Deus escolhe Saul. O início da jornada do primeiro rei de Israel foi muito linda. Ele foi escolhido por meio do profeta Samuel. Foi ungido e recebeu um novo coração. Profetizou diante do povo. Ele não começou com o pé esquerdo, pelo contrário, a sua jornada começou muito bem!

Então, o que aconteceu para que tudo desse errado?

Entendo que em algum momento Saul perdeu a noção da sua identidade e isso se destaca em 1 Samuel 13:8-14, quando ele, ao enfrentar os filisteus, “avança o sinal” e faz algo que jamais poderia ter feito: ofereceu holocausto, contrariando diretamente a lei de Deus. A história nos conta que a motivação de Saul era infantil: ele viu o povo se dispersando em meio a uma batalha difícil e, sem paciência para esperar Samuel, oferece sacrifícios como forma de manter o povo unido.

Note que o grande pecado de Saul aqui foi a incredulidade. Ele havia sido escolhido sobrenaturalmente por Deus. Foi miraculosamente transformado em um novo homem e já havia vencido outras batalhas anteriormente. Porém, ele não se lembrou de nada disso no momento da ansiedade e esqueceu-se completamente de Deus. Decidiu basear-se em seus próprios méritos e assumir um papel que a lei de Deus não permitia.

Acredito que em algum momento Saul pode ter pensado: “Poxa, mas eu sou O REI. Qual o problema nisso? Se eu sou o Rei, eu posso o que eu quiser, para que tanta cerimônia?”. Saul tornou-se um líder cego e embriagado pela sua própria soberba. Acreditou que, por conta da sua posição, poderia submeter a lei do Senhor aos seus caprichos e pecou. Ele esqueceu que REINAR era o que Ele fazia, mas que de fato ele não era o rei. Israel tinha outro Rei. Na verdade, Saul era apenas um servo.

Esquecer-se da sua real identidade foi a maior falha já cometida por Saul e ele pagou um preço caro por isso. Nos versículos 13 e 14, Samuel diz:

“Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre; Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.”

Um líder jamais pode esquecer sua real identidade de filho. Se esquecermos, cairemos em pecado e causaremos desgraça não apenas a nós mesmos, mas ao povo santo do Senhor.

Se você é um líder e está lendo esse texto, CUIDADO! Não permita que a liderança o deixe cego e sem rumo. Lembre-se que, acima de qualquer outra coisa, você é filho(a) do verdadeiro Rei. Você pode até estar pastoreando o povo de Deus, mas existe um verdadeiro pastor que cuida do seu rebanho, e Ele é Jesus.

Se, por acaso, você é alguém que foi ferido por uma liderança tóxica, saiba que Cristo viu o que você passou e sofreu essa injustiça junto a você. Se doeu em você, doeu muito mais Nele. Há cura para o seu coração ressentido e você não deve culpar a igreja do Senhor por causa de alguns maus representantes. Ore e peça a Deus que envie alguém para sua vida que seja capaz de transmitir, com muito cuidado, o verdadeiro amor de Cristo.

Oro para que esse texto encontre morada em corações que precisam entender que apenas em Cristo temos a nossa verdadeira identidade.

 

Deus te abençoe.

 

Em Cristo,

Thiago Holanda – 08/10/2023.


sábado, 7 de outubro de 2023

Tristes diante dos reis e do Rei



 “¹ e eu peguei o vinho e o dei ao rei; porém eu nunca estivera triste diante dele.” (Neemias 2:1)

Esse pequeno trecho bíblico, logo no início da bela história de Neemias, traz lições preciosas para nós a respeito da tristeza de um crente. Se você conhece a história de Neemias, sabe do homem ousado que ele foi, assumindo, para si, um encargo que certamente estava muito além das suas capacidade, mas que a fé em Deus tornou possível realizar.

A história começa com Neemias desempenhando sua função diante de Artaxerxes. Porém, aquele dia estava diferente dos outros, pois Neemias não foi capaz de esconder a tristeza que havia em seu coração diante da lamentável situação do seu povo (Mateus 12:34), e essa tristeza deve ter sido tanta que ele não foi capaz de escondê-la do rei. Ao ser questionado sobre o porquê desse semblante, Neemias se encheu de temor.

O comentário de John MacArthur a respeito desse versículo diz que os reis de antigamente não aceitavam semblantes triste diante de si, e tomavam isso como uma ofensa. Neemias temeu, pois tinha receio de uma punição por parte do rei. Felizmente, Artaxerxes reagiu de maneira compassiva e ouviu atentamente o clamor de Neemias...e, não apenas ouviu, mas, movido pelo poder de Deus, foi levado a intervir em favor do povo escolhido.

Aqui residem três belas lições. A primeira é saber que não importa se nós não pudermos demonstrar nossa tristeza e angústias diante dos “reis” humanos. Os reis humanos, cheios de si próprios, podem não aceitar a manifestação de um coração dolorido, mas o Rei perfeito e celestial jamais rejeitará a oração sincera de um coração em prantos. Podemos ser julgados ou punidos por aqueles que recusam a condição do nosso coração, mas jamais seremos rejeitados pelo Rei de toda terra. Pelo contrário, é na tristeza que Ele se faz ainda mais presente em nossa história.

A segunda lição nos ensina algo muito precioso: Deus move o coração de quem Ele quiser para tornar real seu desígnio nessa terra. Artaxerxes não era um rei temente ao Senhor, mas isso não impediu que o Rei celestial movesse o seu coração como um ribeiro de águas (Provérbios 21.1).

A terceira lição nos ensina que a tristeza é parte da vida cristã, mas não deveria ser a rotina de um servo fiel. Sim, nós sempre teremos motivos para lamentar nesta vida. Seja a perda de um ente querido, a demissão de um emprego, uma doença grave ou até mesmo a distância do Senhor...tudo isso podem e até devem ser motivo para o lamento. Porém, a vida do cristão é, acima de tudo, marcada pela alegria da presença de Deus. Neemias não estava na sua terra, fazia parte de um povo em cativeiro. Ele estava longe do seu povo e dos seus parentes. Porém, a vida dele, certamente, era marcada pela alegria, afinal, no dia que ele não demonstrou estar bem, isso logo chamou a atenção de ninguém mais, ninguém menos, do que o próprio rei.

Como está sua vida em Jesus? Você é marcado pela contínua alegria ou tristeza em sua vida? Será que, a despeito das difíceis circunstâncias, você mantém a esperança no Deus de Israel?

Mesmo que as injustiças desse mundo atinjam você, e destrocem seu coração, saiba que você tem a liberdade de chegar diante do Rei celestial e abrir o seu coração em sinceridade diante Dele. O Senhor ouvirá o seu clamor e moverá, se necessário, até o coração dos incrédulos para intervir na sua história.

Creia!

Em Cristo,

Thiago Holanda – 07 de outubro de 2023.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Sobre caixas e realidades



Ao longo da vida, a opinião das pessoas nos coloca dentro de “caixas” onde, na realidade, não pertencemos. Somos julgados injusta ou apressadamente por pessoas que, se olhassem melhor, teriam uma percepção diferente da gente. 

As vezes somos forçados a entrar em caixas do tipo “nossa, como ele é chato”, “eita, como ela é antipática”, “olha, como ele é mecânico”, “caramba, ela é se acha demais”, “eita, como ele é problemático”…e assim vai. 

As pessoas formam opiniões superficiais e injustas ao nosso respeito e colocam um ponto final, sem nos dar chance para provar nossa real essência.

Para alguns, isso não chega a ser um problema, pois simplesmente não se importam. Contudo, para a maioria esmagadora das pessoas, isso dói. A opinião injusta e as vezes maldosa que os outros formam a nosso respeito nos deixam tristes, pois muitas vezes não corresponde ao que de fato somos. 

Entendo que preocupar-se com isso é normal, e até bom em certa medida. O problema surge quando nós começamos a acreditar que realmente pertencemos àquela caixa errada que uma outra pessoa nos colocou…quando começamos a acreditar que realmente somos aquilo que os outros estão caricaturando ao nosso respeito. Ou seja, ao invés de me esforçar para ser e parecer algo diferente, eu me resigno e passo a aceitar essa falsa indenidade.

Esse é um problema difícil de lidar. Como sair dessas caixas? Ou então, como não me tornar prisioneiro delas? 

Penso que firmar-se em Cristo é a melhor maneira de entender minha real indenidade e propósitos. Cristo não nos aprisiona em caixas. Pelo contrário. Na cruz, ele rasgou todo falso julgamento ao nosso respeito, nos tirando de dentro da pior caixa de todas, aquela que estava escrito: PECADOR(A).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Jesus e os conflitos desnecessários.


 

O encontro com a mulher samaritana é um dos textos bíblicos mais valiosos e utilizados dentro das nossas igrejas. Costumamos enfatizar a belíssima história de conversão dessa mulher, e do povo que está em sua cidade. Porém, a Bíblia é riquíssima e possui lições valiosas que, às vezes, passam despercebidas. Gostaria de, através desse texto, enfatizar um precioso ensinamento de Jesus no capítulo 4 de João, antes do encontro de Cristo com a Samaritana.

Logo no verso 1, João diz que Jesus decide deixar a Judeia porque ficou sabendo que os fariseus descobriram que ele batizava mais discípulos que João Batista. Por que Cristo toma essa decisão? O comentarista bíblico F.F Bruce, no livro “João:introdução e comentário”, afirma que os fariseus não gostavam dos ministérios de Jesus e João Batista e os viam com maus olhos. Ao saberem que havia um certo ressentimento mútuo entre os discípulos dos dois grupos (fato comprovado pelo final do capítulo 3 do mesmo evangelho), os fariseus poderiam se utilizar disso para fomentar uma desavença e prejudicar a expansão das boas novas. Cristo, então, reconhecendo esse perigo decide deixar a Judeia para esperar a “poeira baixar”, evitando uma briga entre os seus seguidores e os de Batista.

Que lição valiosa! Cristo é o próprio Deus encarnado que desceu do seu trono de glória para habitar entre os homens, e o próprio João Batista já havia reconhecido que “Ele deve crescer” (João 3.30). Porém, mesmo assim, Jesus decide abdicar de sua grandeza para fugir de um conflito.

Em um mundo repleto de egos inflados, orgulhos distorcidos e vaidades bobas, ter a capacidade de renunciar uma posição de honra e se retirar em prol da paz é um dos maiores exemplos de humildade e sabedoria. Quantas vezes não temos nossa honra atacada ou nosso ego machucado por pessoas que buscam, tão somente, diminuir nossa importância? O que faremos diante dessas situações?

O normal, em um mundo contaminado pelo pecado, é o revanchismo, cuja lógica é: “se fui atacado, vou atacar de volta” e, assim, começam as brigas de egos que são tão presentes em nossas igrejas, empresas e quaisquer outros tipos de organizações. Jesus, por outro lado, nos ensina que existe algo que é infinitamente mais importante do que nosso ego inflamado: o crescimento do Reino de Deus.

Cristo poderia ter imposto sua autoridade divina e acabar de vez com essa “competição”? Sim, com certeza. Porém, Ele sabia que João Batista era um mensageiro importante dentro do plano de salvação do Pai e que, na verdade, seus ministérios não eram concorrentes, mas complementares, e isso é uma lição valiosa.

Dentro das nossas igrejas encontramos muitas brigas por egos, lutas por cargos/funções...gente que se intriga apenas pelo bobo privilégio de segurar o microfone por mais tempo que os outros. Irmãos que enxergam no ministério dos outros uma ameaça, quando, na verdade, deveriam enxergar como um apoio.

Somos concorrentes uns dos outros? NÃO, definitivamente não! Somos complementares! Ou seja, o trabalho desenvolvido por terceiros, dentro do reino de Deus, ajuda nos resultados que nós desenvolvemos, ainda que esses outros acabem recebendo maior atenção ou “honrarias”.

Se, por acaso, você perceber que ciúmes e inveja estão começando a criar ninhos em você, ore e peça a Deus que tire isso do seu coração. Clame ao senhor e peça a Ele visão espiritual e sabedoria para entender que as honrarias terrenas nada valem diante das honras que receberemos das próprias mãos de Jesus no dia que o encontrarmos na glória celestial.

É difícil? Sim, bastante. Lutar contra nossa própria natureza pecaminosa é a maior luta que enfrentamos nessa terra, afinal, nosso maior inimigo nessa batalha somos nós mesmos (Jeremias 17.9). Porém, o Consolador foi nos dado para nos ajudar a vencer e por mais que, em algum momento, nos falte visão real do reino de Deus, o Espírito Santo nos coloca de volta nos eixos e nos faz entender que o nosso orgulho de nada vale.

Que Cristo ajude possa nos ajudar a entender isso e, assim, fujamos de conflitos desnecessários.

 

Thiago Holanda,

14 de fevereiro de 2023.


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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Lições em Habacuque


 


O Livro do profeta Habacuque costuma passar despercebido por nós, leitores bíblicos. Tanto por ser um profeta menor (categoria de livro bíblico que costuma ser esquecida nas igrejas), quanto por possuir um contexto desconhecido por vários leitores contemporâneos. 

Porém, a mensagem de Habacuque é tanto atual quanto relevante, por possuir questionamentos e revelações que respondem, de forma objetiva, muitas dúvidas que ainda hoje assombram a mente de cristãos. Por isso, devemos estudar e meditar nesse livro extraordinário, procurando mensagens que possam fortalecer o nosso coração e iluminar nossa mente.

Separei, neste breve artigo, algumas reflexões feitas através de uma leitura que fiz no livro. Compartilho com todos:

Habacuque é um profeto desconhecido. Pouco se sabe sobre ele e não há registros detalhados a respeito de sua biografia. Seu nome tem relação com o significado de “abraçar” e pelos cálculos feitos por meio da análise da sua profecia, parece ter sido contemporâneo de Jeremias, profetizando entre o final do reinado de Josias até o domínio de Judá pelos caldeus.

O profeta viveu em um tempo em que a nação de Judá estava mergulhada na corrupção e imoralidade. Não havia temor a Deus e os injustos prosperavam por meio da opressão do povo. O profeta vê toda essa situação e sente indignação diante desse quadro, e passa a questionar a Deus a respeito disso. Como podem os ímpios prosperarem se não temem ao Senhor?

A atitude de Habacuque nos ensina lições importantes. A primeira reflexão é a respeito da capacidade de se indignar diante do mal. O profeta era um homem temente a Deus e, possivelmente, vivia em obediência ao Senhor. Por isso, ele se indignava diante da corrupção generalizada em Judá. Ele sabia que o povo estava distante de Deus e isso despertava nele uma santa revolta contra essa situação. Será que nós agimos da mesma forma? Será que o pecado ainda nos causa indignação ou ele se normalizou tanto diante de nossos olhos que não mais nos causa espanto? Somos o povo escolhido do Senhor e, diante disso, precisamos entender que o pecado JAMAIS pode ser aceito ou visto como “normal”. Precisamos de uma santa indignação que nos motive a orar e pedir intervenção de Deus diante das circunstâncias.

A segunda reflexão diz respeito ao Habacuque ter questionado a Deus a respeito de toda essa situação. Note bem: questionar não é murmurar. Habacuque não conseguia entender como Deus permitia que homens ímpios prosperassem através da exploração do povo pobre e humilde. Era uma dúvida sincera do profeta, mas essa dúvida não dizia respeito ao caráter de Deus, mas tão somente ao seu modus operandi. Ou seja, o profeta não colocou o caráter de Deus em questão, mas somente o seu modo de agir, pois, sabendo que Deus era infinitamente superior, ele não conseguiu enxergar como isso poderia fazer sentido. O murmurador faz diferente, ele dúvida do próprio caráter de Deus, colocando à prova quem nosso Senhor é. Questionar a Deus não é pecado. Inúmeros personagens bíblicos fizeram isso. Porém, nossa atitude de questionar o agir de Deus não se confunde com a desconfiança sobre a própria pessoa de Deus.

Diante desses questionamentos, Deus responde a Habacuque informando que povo pagará pelos seus pecados, e que o “instrumento” desse castigo serão os caldeus, que exercerão domínio e opressão sobre o povo de Judá. Porém, essa resposta de Deus causou ainda mais dúvidas na mente do profeta: “como Deus usará um povo ainda mais ímpio e pecador para castigar Judá?” Não fazia sentido.

Deus trabalha de forma soberana e os seus planos, por serem frutos de uma mente eterna e infinitamente sábia, nem sempre são facilmente digeríveis por nós. De fato, não faz sentido castigar o ímpio por meio de um povo ainda mais ímpio. Mas Deus não pretendia poupar os caldeus. Pelo contrário, a hora deles também iria chegar, mas até lá, Deus os usaria para fazer o povo de Judá pagar pela sua impiedade. Deus é tão poderoso que usa até mesmo os povos pagãos para cumprir seus propósitos gloriosos na história. 

O maior desafio de Habacuque, diante de todo esse contexto, foi render glória a Deus, mesmo quando a lógica humana é incapaz de entender a lógica divina. Aparentemente, o profeta entendeu a soberania de Deus, pois no capítulo 3, versos 17 e 18, uma linda canção é entoada: 

“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3:17,18)

Nós não precisamos de uma lógica, nem de explicações daqueles que não nos deve satisfação...nós precisamos de Deus. O Senhor é eterno, soberano, sábio e rico em misericórdia, e nossa alma precisa Dele. É Nele que deve habitar nossa confiança. 

Nosso maior desafio é render honra ao nosso Senhor, independente das circunstâncias. Nossa mentalidade limitada tem dificuldade de enxergar Deus quando tudo está mal, mas devemos confiar e saber que seu caráter não falha. Ele JAMAIS abandonará o seu povo.

Habacuque entendeu isso. Eu e você também precisamos entender.

Em Cristo,

Thiago Holanda

03 de novembro de 2022.