maio 2016

domingo, 29 de maio de 2016

A vontade de Jesus: uma meditação sobre João 17. 24.




Uma meditação sobre João 17. 24

“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.”

Vontade. Essa é uma palavra que expressa muito bem um sentimento – se assim posso dizer – que está arraigado constantemente em nosso coração. Em todo o tempo, hora, minuto e segundo temos vontade. Muitas delas boas, outras, porém, ruins, senão dizer, malignas. Acredito que a melhor forma de expressar uma vontade é falando dela a outra pessoa, ou seja, externando-a. Queremos compartilhá-la com outra pessoa, em especial com nossos amigos mais íntimos. Não foi diferente com Jesus. Ele expressou sua vontade da melhor forma a seu Pai, o Deus do céu. E o fazia muito bem. O texto acima refere-se a um momento da vida de Jesus quando conversava com seu Pai na presença de seus discípulos, momentos antes de ser crucificado. Ele expressa sua vontade numa oração, numa conversa sincera e profunda com Deus. Ele diz, parafraseando: “Pai, se desejo algo, é que aqueles que tu me deste, estejam sempre comigo para que vejam a minha glória, que me deste desde a fundação do mundo por conta de nosso amor um pelo outro”. Que oração! Que palavras! Jesus sabia muito bem como orar. Não orava de forma fraca e com palavras vazias como muitos de nós fazemos. Ele sabia que Deus estava ali o escutando.

Os que me deste
Jesus se refere, primeiramente, na oração, a indivíduos, os quais Deus havia dado a ele. Podemos traduzir isso num nome: Eleição. Essa doutrina do cristianismo diz que Deus, na eternidade, escolheu pessoas que seriam salvos por Ele e pelos quais Cristo derramaria seu sangue. Não deve haver, de nossa parte, nenhuma resistência a essa doutrina, já que ela está espalhada por toda a Bíblia.[1] Jesus Cristo, na mesma oração, pediu a Deus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim...” (verso 20). É nítido que Jesus orou não somente pelos Dozes, mas por todos os crentes em todo o mundo, antes mesmo de eles existirem. Em uma das primeiras vezes que parei para meditar nesta passagem pensei: “Fomos alvos de uma oração.”. Deus escolheu seus filhos, sua própria família e Jesus, seu Filho, orou pelos mesmos. Então, se você é um crente hoje, entenda: “Você foi alvo de uma oração, a oração da pessoa mais importante do Universo e essa é uma das maiores razões de sua fé estar em Deus”. Portanto, Deus determinou os que seriam salvos e os deu a seu Filho para que este não os perdesse, mas os guardasse. A palavra-chave aqui seria “preservação.” Eis o começo do que seria o “céu”: “estar com Cristo”. Vale acrescentar que Deus não somente deu seus filhos a Jesus, mas a glória também. “...os que me deste... a glória que me deste”. Há uma incrível relação nesse texto entre o Pai e o Filho, o Pai presenteando o filho: com os eleitos e com glória (eterna), tudo isso porque “me amaste antes”. Esse texto informa-nos de que forma o Pai honra seu Filho.

Estejam comigo onde estou

Jesus não estará sozinho no céu, mas com todos os filhos de Deus (Heb. 2. 13). Acredite, haverá uma multidão nos céus. Nem todos serão salvos, mas não serão poucos os salvos. Essa cena é incrível se você se esforçar por imaginá-la: Deus, na eternidade, dando seus filhos – que zombariam dele, o ultrajariam, blasfemariam contra ele – a Jesus Cristo. Ele os transforma e eles são novas criaturas, agora glorificando-O onde Jesus está. Isso é realmente incrível! Quem ousaria tirá-los de suas mãos? Eles estão nas mãos de Deus também. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai.” (Jo 10. 27 – 29). Se você está nas mãos do Filho, está nas mãos do Pai e nada nem ninguém poderá tirá-lo delas, pois elas são fortes o suficiente para não somente suportá-lo, mas segurá-lo para sempre. E nada poderá separá-lo do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, nem mesmo o pecado (Rom. 8. 39).

Para que vejam a minha glória

Agora, chegamos, no que eu chamaria, o clímax da oração. A parte mais importante e exultante das palavras de Jesus. A tradução de Bíblia que pus acima é a NVI, mas prefiro a Almeida Revista e Atualizada (ARA) que trará “para que vejam em vez de “e vejam(NVI). Isso mexe em algo? Sim. Há certa diferença em eu dizer que quero beber leite e ficar forte, do que dizer que quero beber leite para que fique forte. Há um objetivo na segunda frase. Então, Jesus ora por seus discípulos e pede a Deus que eles estejam sempre com Ele para que vejam sua glória. Que oração mais ousada! Ao ler isso, pensei: “o propósito máximo de eu estar com Cristo é para ver a sua glória?!”. Que supremo! Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos Senhores, de fato. Ele me quer para que eu veja sua glória. “Isso não seria egoísmo de sua parte? Me querer somente para ver sua glória?” Não, não é egoísmo, mas felicidade: “Bem-aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus.” (Mt 5. 8) (itálico meu). Aqueles que são puros de coração são extremamente felizes, pois verão a Deus. Portanto, eis o que é o céu: “estar com Cristo para ver sua glória”. O livro de João está repleto da glória de Deus. João gostava disso.
·         Jesus fez seus milagres para manifestar sua glória: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. (2. 11)
·         Jesus buscou a glória de seu Pai: “... o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça”. (7. 18)
·         Doenças e até a morte existem para a glória de Deus e de seu Filho: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. (11. 4)
·         Devemos amar a glória de Deus, não a dos homens: “...porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” (12. 43)
·         Jesus disse que Deus responderia orações para sua glória: “Tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (14. 13)
·         Damos muito fruto para a glória de Deus: “Nisto é glorificado o meu Pai, em que deis muito fruto”. (15. 8)
·         O Espírito Santo glorifica o Filho de Deus: “Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. (16. 14)
·         Jesus suportou sofrimentos para a glória de Deus: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a Ti.” (17. 1)

Portanto, está claro como água que o Pai quer ser glorificado no Filho e o Filho, no Pai, para a glória mútua e máxima deles. Essa mesma glória veremos no céu. Veremos, contemplaremos e admiraremos a glória de Deus. Esse deve ser nosso propósito de vida. Nesse mundo somos tentados a fixar nosso olhar no que é visível e temporário. Vemos problemas, distrações, violência e morte que esse mundo, a cada segundo, traz. Mas se tivéssemos um alvo de vida maior, contemplar a glória de Deus e vive-la, seríamos mais felizes e menos dependentes deste mundo caído. Um dos versículos mais fortes sobre a glória de Deus em sua vinda, tanto na destruição dos ímpios como na glória dos filhos de Deus é 2Tessalonicenses 1. 9, 10: “Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho.” (itálico meu). Assim, eu argumento que visão é o que nos falta, a nós, cristãos. Podemos orar nessa terra e o faremos no céu; Deus pode falar conosco e o fará no céu; podemos trabalhar para Deus e o faremos no céu; podemos glorificar a Deus na terra e o faremos lá, porém, ainda não podemos ver Jesus. Isso é o que nos falta e será cumprido lá, somente. Todos teremos uma visão de Deus, a qual será o combustível de nossa adoração, aquilo de que mais necessitamos.

Me amaste antes da criação do mundo

Há uma relação da glória de Jesus e o amor de seu Pai. Isso é notório por suas palavras. Ele diz que o Pai deu glória a ele por causa do eterno amor entre eles: “porque me amaste antes da criação do mundo.” Se considerarmos que é verdade que o amor entre eles nunca teve começo ou fim, a glória, que depende desse amor, também não. Portanto, eles sempre tiveram glória, porque sempre houve amor. A glória conferida por Deus a Jesus sempre foi eterna e plena. Tudo depende desse amor. Nossa alegria também. Aliás, lá no lugar celestial o admiraremos para todo o sempre. Lá mesmo ele estará em seu trono e dirá: “Me adore! Me admire! Me veja! Me contemple! Me ame! Me glorifique!” Sim, seremos capazes de atender a essas condições por todo o sempre. Ele está conosco para sempre e não quebrará sua aliança: “estarei sempre com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28. 20).
Agora, poderíamos responder completamente a pergunta “O que é o céu?”. “O céu é estar com Jesus para ver sua glória por causa do pleno e eterno amor entre o Pai e o Filho.” Que a vontade de Jesus também seja a minha e a sua. Amém.

Victor Hugo Roque
Fortaleza, CE
03 de Outubro de 2015




[1] Veja João 6. 37, 39; Rom 8. 29, 30; 9. 11 – 13; 1Co 1. 23, 24; Ef 1. 4, 5, 11; 2Tes 2. 13.

sábado, 7 de maio de 2016

Eduardo Cunha e a corrupção evangélica.



Na última quinta-feira o Brasil foi surpreendido por uma excelente notícia: Deputado Eduardo Cunha será afastado do seu cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Que alegria, hein?

É, pra mim, a alegria não é tão grande assim não! E não pense que estou defendendo o charlatão ou alegando que seja inocente, de forma alguma! Minha tristeza se deve ao fato do dito parlamentar professar publicamente a fé evangélica.

Pois é, esse fato lamentável leva as pessoas a criticarem os evangélicos com discursos do tipo: “igreja só quer nosso dinheiro”; “todo pastor é ladrão”, etc, etc, etc.

Por conta disso eu decidi escrever esse texto, e dedico a você, que não é evangélico, e acha um absurdo um homem como Eduardo Cunha se dizer ‘crente’ e ser tão corrupto. Queria que você soubesse o que os cristãos evangélicos pensam sobre esse assunto. Não fiz nenhuma pesquisa, nem coletei dados que pudessem assegurar que o esse texto será unanimidade entre meus irmãos, mas tenho confiança de que a maioria dos evangélicos pensam de forma semelhante.


Vejamos alguns pontos:

1.  A Bíblia está repleta de condenações contra o pecado da corrução (Isaías 33.15-15, Eclesiastes 7.7, Êxodo 23.8, Provérbios 17.23, Provérbios 29.4, Levítico 19.19, Provérbios 16.11, entre muitos outros). Quem pratica tal pecado desobedece mandamentos divinos e precisa arrepender-se.

2. Jesus foi o maior exemplo de honestidade que já vivei. Quando indagado a respeito dos tributos, se era lícito entrega-los a Roma, respondeu: “dai a césar o que é de César” (Mateus 22.21). Ele não ludibriou ou enganou seus seguidores, não lhes prometeu vida fácil (Mateus 16.24), como alguns pastores da prosperidade afirmam. Jesus, na verdade, era tão despreocupado com dinheiro que colocou Judas Iscariodes para administrar suas finanças (João 12.6).

3. Qualquer um pode professar a fé cristã e se autodenominar evangélico, inclusive, quem não é, de fato, um seguidor de Cristo. Quem impede? Não existe órgãos reguladores na igreja evangélica que penalizam quem proclama o cristianismo falsamente. A própria Bíblia fala sobre isso quando narra a parábola do Joio e do Trigo (Mateus 13.24-30).

Assim, um homem como Cunha é, certamente, um falso cristão, que subiu nas escadarias do poder político através de inúmeros desfalques e se utilizou da fé evangélica para ‘pagar de bonzinho’. Cristãos evangélicos verdadeiros acreditam que a corrupção é inadmissível, seja na igreja ou no poder público. Cidadãos como Eduardo Cunha não só fazem um desserviço ao povo brasileiro, mas também o faz ao Reino de Deus.

Isso vale para toda a tal ‘bancada evangélica’ também...

Em Cristo,
Thiago Holanda.