Por que é tão difícil perdoar?

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Por que é tão difícil perdoar?


Poucos mandamentos de Cristo são tão difíceis de se colocar em prática quanto o de perdoar. Não somos naturalmente perdoadores. Até aqueles que se gabam por não tratar mal seus ofensores são também mal perdoadores, e o único motivo para essas pessoas se gabarem é, na verdade, o de serem ótimos em enterrar e disfarçar mágoas.

Cristo falou muito de perdão. Ele foi o maior exempo de perdão. Por que, então, somos tão mal perdoadores? Com minha experiência pessoal de um péssimo perdoador, gostaria de citar três razões:

i) Perdoar me tira o direito de ser uma eterna vítima: manter a mágoa viva em meu coração me trás a mente o quanto aquela pessoa foi má comigo, violando meus direitos e, por isso, posso me sentir ferido. Ser vítima é bom e confortável. Todos olham pra vítima como a “coitadinha” da história e isso nos põe numa situação muito cômoda. Perdoar nos lembra que sempre temos uma parcela de culpa na história, ainda que mínima e, consequentemente, não somos tão vítimas como supomos.

ii) Perdoar confronta minha sede por vingança: além de vítimas, gostamos de assumir o papel de justiçeiros e provocar nos outros uma dor semelhante, ou ainda maior, do que a que estamos sentido. Citei anteriormente que não somos naturalmente perdoadores, mas somos fácilmente vingadores e não precisamos de muito esforço pra assumir esse papel.  Perdoar me obriga a jogar essa sede de vingança no mar do esquecimento.

iii) Perdoar me obriga a exercer uma das mais difíceis habilidades, a empatia: ou seja, se colocar no lugar do outro. Empatia é lembrar que eu já errei e ofendi os outros da mesma maneira ou, então, ainda mais gravemente e, assim como eu quis ser perdoado, o outro provavelmente também o quer. Perdoar é lembrar que o senhor Jesus, na cruz do calvário, perdoou os meus pecados, mesmo que eu ainda não tivesse me arrependido de nenhum deles. Ele nos concedeu perdão mesmo sabendo de todos os erros que cometemos e os que vamos cometer pelo resto da vida. Contudo, ainda assim ele nos perdoou, pois “conhece nossa estrutura e lembra-se que somos pó” (Salmo 103.14). As nossas fraquezas e falhas não surpreendem a Deus, mas o fazem derramar graça sobre graça em cada um de nós.

Não escrevi esse texto por ser o “Sr. Perdoador”, pelo contrário: Deus ainda vai me “quebrar” muito nessa área, e Ele é tão “didático” que os momentos em que mais nos ensina a perdoar é quando buscamos o perdão de alguém e isso nos é negado. Contudo, o Senhor tem uma história com cada um de nós e temos de entender que o outro está vivendo a história dele. Então, o que nos resta? Uma única coisa: esperança.


Em Cristo,

Thiago Holanda.

20/11/2017.

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