Jesus e os conflitos desnecessários.
O encontro com a mulher samaritana é um dos
textos bíblicos mais valiosos e utilizados dentro das nossas igrejas. Costumamos
enfatizar a belíssima história de conversão dessa mulher, e do povo que está em
sua cidade. Porém, a Bíblia é riquíssima e possui lições valiosas que, às
vezes, passam despercebidas. Gostaria de, através desse texto, enfatizar um
precioso ensinamento de Jesus no capítulo 4 de João, antes do encontro de
Cristo com a Samaritana.
Logo
no verso 1, João diz que Jesus decide deixar a Judeia porque ficou sabendo que
os fariseus descobriram que ele batizava mais discípulos que João Batista. Por
que Cristo toma essa decisão? O comentarista bíblico F.F Bruce, no livro “João:introdução e comentário”, afirma que os fariseus não gostavam dos ministérios
de Jesus e João Batista e os viam com maus olhos. Ao saberem que havia um certo
ressentimento mútuo entre os discípulos dos dois grupos (fato comprovado pelo
final do capítulo 3 do mesmo evangelho), os fariseus poderiam se utilizar disso
para fomentar uma desavença e prejudicar a expansão das boas novas. Cristo,
então, reconhecendo esse perigo decide deixar a Judeia para esperar a “poeira
baixar”, evitando uma briga entre os seus seguidores e os de Batista.
Que
lição valiosa! Cristo é o próprio Deus encarnado que desceu do seu trono de
glória para habitar entre os homens, e o próprio João Batista já havia
reconhecido que “Ele deve crescer” (João 3.30). Porém, mesmo assim, Jesus
decide abdicar de sua grandeza para fugir de um conflito.
Em
um mundo repleto de egos inflados, orgulhos distorcidos e vaidades bobas, ter a
capacidade de renunciar uma posição de honra e se retirar em prol da paz é um
dos maiores exemplos de humildade e sabedoria. Quantas vezes não temos nossa
honra atacada ou nosso ego machucado por pessoas que buscam, tão somente, diminuir
nossa importância? O que faremos diante dessas situações?
O
normal, em um mundo contaminado pelo pecado, é o revanchismo, cuja lógica é: “se
fui atacado, vou atacar de volta” e, assim, começam as brigas de egos que são
tão presentes em nossas igrejas, empresas e quaisquer outros tipos de
organizações. Jesus, por outro lado, nos ensina que existe algo que é
infinitamente mais importante do que nosso ego inflamado: o crescimento do
Reino de Deus.
Cristo
poderia ter imposto sua autoridade divina e acabar de vez com essa “competição”?
Sim, com certeza. Porém, Ele sabia que João Batista era um mensageiro
importante dentro do plano de salvação do Pai e que, na verdade, seus
ministérios não eram concorrentes, mas complementares, e isso é uma lição
valiosa.
Dentro
das nossas igrejas encontramos muitas brigas por egos, lutas por cargos/funções...gente
que se intriga apenas pelo bobo privilégio de segurar o microfone por mais
tempo que os outros. Irmãos que enxergam no ministério dos outros uma ameaça,
quando, na verdade, deveriam enxergar como um apoio.
Somos
concorrentes uns dos outros? NÃO, definitivamente não! Somos complementares! Ou
seja, o trabalho desenvolvido por terceiros, dentro do reino de Deus, ajuda nos
resultados que nós desenvolvemos, ainda que esses outros acabem recebendo maior
atenção ou “honrarias”.
Se,
por acaso, você perceber que ciúmes e inveja estão começando a criar ninhos em
você, ore e peça a Deus que tire isso do seu coração. Clame ao senhor e peça a
Ele visão espiritual e sabedoria para entender que as honrarias terrenas nada
valem diante das honras que receberemos das próprias mãos de Jesus no dia que o
encontrarmos na glória celestial.
É
difícil? Sim, bastante. Lutar contra nossa própria natureza pecaminosa é a
maior luta que enfrentamos nessa terra, afinal, nosso maior inimigo nessa
batalha somos nós mesmos (Jeremias 17.9). Porém, o Consolador foi nos dado para
nos ajudar a vencer e por mais que, em algum momento, nos falte visão real do
reino de Deus, o Espírito Santo nos coloca de volta nos eixos e nos faz
entender que o nosso orgulho de nada vale.
Que
Cristo ajude possa nos ajudar a entender isso e, assim, fujamos de conflitos
desnecessários.
Thiago
Holanda,
14
de fevereiro de 2023.
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