Lições em Habacuque
Porém, a mensagem de Habacuque é tanto atual quanto relevante, por possuir questionamentos e revelações que respondem, de forma objetiva, muitas dúvidas que ainda hoje assombram a mente de cristãos. Por isso, devemos estudar e meditar nesse livro extraordinário, procurando mensagens que possam fortalecer o nosso coração e iluminar nossa mente.
Separei, neste breve artigo, algumas reflexões feitas através de uma leitura que fiz no livro. Compartilho com todos:
Habacuque é um profeto desconhecido. Pouco se sabe sobre ele e não há registros detalhados a respeito de sua biografia. Seu nome tem relação com o significado de “abraçar” e pelos cálculos feitos por meio da análise da sua profecia, parece ter sido contemporâneo de Jeremias, profetizando entre o final do reinado de Josias até o domínio de Judá pelos caldeus.
O profeta viveu em um tempo em que a nação de Judá estava mergulhada na corrupção e imoralidade. Não havia temor a Deus e os injustos prosperavam por meio da opressão do povo. O profeta vê toda essa situação e sente indignação diante desse quadro, e passa a questionar a Deus a respeito disso. Como podem os ímpios prosperarem se não temem ao Senhor?
A atitude de Habacuque nos ensina lições importantes. A primeira reflexão é a respeito da capacidade de se indignar diante do mal. O profeta era um homem temente a Deus e, possivelmente, vivia em obediência ao Senhor. Por isso, ele se indignava diante da corrupção generalizada em Judá. Ele sabia que o povo estava distante de Deus e isso despertava nele uma santa revolta contra essa situação. Será que nós agimos da mesma forma? Será que o pecado ainda nos causa indignação ou ele se normalizou tanto diante de nossos olhos que não mais nos causa espanto? Somos o povo escolhido do Senhor e, diante disso, precisamos entender que o pecado JAMAIS pode ser aceito ou visto como “normal”. Precisamos de uma santa indignação que nos motive a orar e pedir intervenção de Deus diante das circunstâncias.
A segunda reflexão diz respeito ao Habacuque ter questionado a Deus a respeito de toda essa situação. Note bem: questionar não é murmurar. Habacuque não conseguia entender como Deus permitia que homens ímpios prosperassem através da exploração do povo pobre e humilde. Era uma dúvida sincera do profeta, mas essa dúvida não dizia respeito ao caráter de Deus, mas tão somente ao seu modus operandi. Ou seja, o profeta não colocou o caráter de Deus em questão, mas somente o seu modo de agir, pois, sabendo que Deus era infinitamente superior, ele não conseguiu enxergar como isso poderia fazer sentido. O murmurador faz diferente, ele dúvida do próprio caráter de Deus, colocando à prova quem nosso Senhor é. Questionar a Deus não é pecado. Inúmeros personagens bíblicos fizeram isso. Porém, nossa atitude de questionar o agir de Deus não se confunde com a desconfiança sobre a própria pessoa de Deus.
Diante desses questionamentos, Deus responde a Habacuque informando que povo pagará pelos seus pecados, e que o “instrumento” desse castigo serão os caldeus, que exercerão domínio e opressão sobre o povo de Judá. Porém, essa resposta de Deus causou ainda mais dúvidas na mente do profeta: “como Deus usará um povo ainda mais ímpio e pecador para castigar Judá?” Não fazia sentido.
Deus trabalha de forma soberana e os seus planos, por serem frutos de uma mente eterna e infinitamente sábia, nem sempre são facilmente digeríveis por nós. De fato, não faz sentido castigar o ímpio por meio de um povo ainda mais ímpio. Mas Deus não pretendia poupar os caldeus. Pelo contrário, a hora deles também iria chegar, mas até lá, Deus os usaria para fazer o povo de Judá pagar pela sua impiedade. Deus é tão poderoso que usa até mesmo os povos pagãos para cumprir seus propósitos gloriosos na história.
O maior desafio de Habacuque, diante de todo esse contexto, foi render glória a Deus, mesmo quando a lógica humana é incapaz de entender a lógica divina. Aparentemente, o profeta entendeu a soberania de Deus, pois no capítulo 3, versos 17 e 18, uma linda canção é entoada:
“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3:17,18)
Nós não precisamos de uma lógica, nem de explicações daqueles que não nos deve satisfação...nós precisamos de Deus. O Senhor é eterno, soberano, sábio e rico em misericórdia, e nossa alma precisa Dele. É Nele que deve habitar nossa confiança.
Nosso maior desafio é render honra ao nosso Senhor, independente das circunstâncias. Nossa mentalidade limitada tem dificuldade de enxergar Deus quando tudo está mal, mas devemos confiar e saber que seu caráter não falha. Ele JAMAIS abandonará o seu povo.
Habacuque entendeu isso. Eu e você também precisamos entender.
Em Cristo,
Thiago Holanda
03 de novembro de 2022.