II Cr 14.11 – Aprendendo com a oração de Asa
O livro de II Crônicas narra histórias de vários reis que passaram por
Judá. Infelizmente, nem todas foram felizes. Os dois primeiros monarcas,
Reoboão e Abias, reinaram, respectivamente, 17 e 3 anos e ambos foram
idólatras. Rompendo essa herança maldita, surge Asa, homem piedoso, que fez
tudo que era bom e reto diante de Deus (14.2), banindo toda a idolatria e enfrentando
sua própria mãe para continuar fiel a Deus (1 Rs 15.13).
Por conta dessa lealdade, Asa e o povo de Judá experimentaram 10 anos
de repouso e paz (14.6). Entretanto, essa paz foi quebrada por Zerá, o etíope,
que vendo o fortalecimento e crescimento de Judá (v.6-8) como uma ameaça,
reuniu um milhão de homens e 300 carros de guerra para enfrentar o povo de
Deus. Nesse contexto, notamos uma das mais curtas e confiantes orações do
Antigo Testamento:
Clamou Asa ao SENHOR, seu Deus, e disse: SENHOR, além de ti
não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque
em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. SENHOR, tu és o
nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem.
A despeito de curta, podemos extrair inúmeras lições dessa oração.
Vejamos:
Foi uma oração de
dependência: Asa reconhecia que não havia outra possibilidade de socorro além do
Senhor. Ele não era uma saída, era a saída. Acreditar em outra solução para
nossas lutas, além do refúgio no Senhor, é uma atitude idólatra. O mundo sempre
nos diz “confie em si mesmo e vença!”, mas a Bíblia ensina “desconfie de si
mesmo e volte-se para o Senhor!”. Deus não premia autossuficiência, mas
autodesconfiança piedosa. Além disso, Asa demonstra conhecer um princípio
bíblico muito importante: “1 + Deus” é sempre maioria. Note que o exército de
Asa contava com apenas 580 mil homens (v.8), pouco mais que a metade da tropa
inimiga, mas isso não o intimidou, não o fez voltar atrás e/ou murmurar, pelo
contrário, assim que soube da investida de Zerá, “saiu contra” este (v.10).
Não foi uma oração
oportunista: note que o povo de Deus estava em paz porque vivia em fidelidade ao
Senhor. O repouso até então era uma recompensa declarada de Deus ao zelo do rei
e seu povo. Isso nos ensina dois princípios bíblicos: primeiro, fidelidade a
Deus não é garantia de repouso eterno. O povo não havia pecado e o Rei era
piedoso, mas a tribulação veio mesmo assim. A confiança da nação estava em
teste e o nome do Senhor tinha que ser glorificado na guerra da mesma maneira
que na paz. O segundo princípio, que deriva do primeiro, é que estar em paz com
Deus nos dá mais confiança para orarmos em tempos de luta. Se Judá,
anteriormente, estivesse em pecado, a oração seria bem outra, talvez desesperada
ao invés de confiante, oportunista ao invés de sincera. No entando, Asa, em sinceridade, disse:
“Ajuda-nos, NOSSO Deus...tu és o nosso Deus”.
Procure se armar, mas
nunca deixe de confiar: do verso 6 ao 8 vemos que Judá estava se fortalecendo do ponto de vista
bélico. Aproveitando os tempos de paz, Asa mandou construir muitas torres,
muros e cidades. Além disso, constituiu para si um exército superior a meio
milhão de homens valentes. Contudo, nosso inimigo é sagaz e despertou a ira de
um reino muito mais forte. É provável que Asa tenha sido tentado a olhar para o
que havia construído ao longo dos 10 anos e pensar: “é, acho que consigo
enfrentar essa!”. Mas não! Suas conquistas e planos de outrora não desviaram
sua confiança do Deus Todo-Poderoso, pelo contrário, sua oração é que “porque
em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão”. Asa estava colocando seus resultados nas mãos de Deus, ele sabia que
seus próprios méritos jamais seriam capazes de conquistar aquela vitória, mas o
Deus da paz lutaria por ele em meio à guerra. A lição para nós, crentes, é:
desenvolvamos nossa salvação (Fp 2.12) por meio da Palavra, oração, comunhão
dos santos, mas sempre colocando nossos resultados espirituais nas mãos de
Deus.
O fruto de uma tão
poderosa oração não poderia ser outro. Os etíopes foram aniquilados (v.13) e
seus tesouros foram apropriados pelo povo de Judá. Como se não bastasse, Deus
deu vitória sobre todas as cidades ao redor de Gerar que haviam dado apoio aos
inimigos (v.14), fazendo com que o povo de Deus voltasse para casa vitorioso e
cheio de riquezas.
Olhemos para o tamanho do
nosso Deus e sejamos fiéis a ele, certos de que sua fidelidade é perfeita e sua
presença é certa em qualquer batalha! Que nossas orações, sendo curtas ou não,
possam demonstrar a mesma confiança de Asa!
Em Cristo,
Thiago Holanda.